E aí vai a reportagem da Carta Capital que deu origem à história do Homer... :)
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From: Uirá <
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Date: Dec 7, 2005 5:44 PM
Subject: [.s] Fwd: [recicladigital] Revista CartaCapital - DE BONNER PARA HOMER
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From: Diego C. Chaves <
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Date: Dec 5, 2005 3:44 PM
Subject: [recicladigital] Revista CartaCapital - DE BONNER PARA HOMER
To: diego caldas chaves <diego2...@yahoo.com.br
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Para quem assiste o Jornal Nacional :)
DE BONNER PARA HOMER
O editor-chefe considera o obtuso pai dos Simpsons como o espectador padrão do Jornal Nacional
Por Laurindo Lalo Leal Filho*
Perplexidade
no ar. Um grupo de professores da USP está reunido em torno da mesa
onde o apresentador de tevê William Bonner realiza a reunião de pauta
matutina do Jornal Nacional, na quarta-feira, 23 de novembro.
Alguns
custam a acreditar no que vêem e ouvem. A escolha dos principais
assuntos a serem transmitidos para milhões de pessoas em todo o Brasil,
dali a algumas horas, é feita superficialmente, quase sem discussão.
Os
professores estão lá a convite da Rede Globo para conhecer um pouco do
funcionamento do Jornal Nacional e algumas das instalações da empresa
no Rio de Janeiro. São nove, de diferentes faculdades e foram
convidados por terem dado palestras num curso de telejornalismo
promovido pela emissora juntamente com a Escola de Comunicações e Artes
da USP. Chegaram ao Rio no meio da manhã e do Santos Dumont uma van os
levou ao Jardim Botânico.
A
conversa com o apresentador, que é também editor-chefe do jornal,
começa um pouco antes da reunião de pauta, ainda de pé numa ante-sala
bem suprida de doces, salgados, sucos e café. E sua primeira informação
viria a se tornar referência para todas as conversas seguintes. Depois
de um simpático "bom-dia", Bonner informa sobre uma pesquisa realizada
pela Globo que identificou o perfil do telespectador médio do Jornal
Nacional. Constatou-se que ele tem muita dificuldade para entender
notícias complexas e pouca familiaridade com siglas como BNDES, por
exemplo. Na redação, foi apelidado de Homer Simpson. Trata-se do
simpático mas obtuso personagem dos Simpsons, uma das séries
estadunidenses de maior sucesso na televisão em todo o mundo. Pai da
família Simpson, Homer adora ficar no sofá, comendo rosquinhas e
bebendo cerveja. É preguiçoso e tem o raciocínio lento.
A
explicação inicial seria mais do que necessária. Daí para a frente o
nome mais citado pelo editor-chefe do Jornal Nacional é o do senhor
Simpson. "Essa o Homer não vai entender", diz Bonner, com convicção,
antes de rifar uma reportagem que, segundo ele, o telespectador
brasileiro médio não compreenderia.
Mal-estar
entre alguns professores. Dada a linha condutora dos trabalhos –
atender ao Homer –, passa-se à reunião para discutir a pauta do dia. Na
cabeceira, o editor-chefe; nas laterais, alguns jornalistas
responsáveis por determinadas editorias e pela produção do jornal; e na
tela instalada numa das paredes, imagens das redações de Nova York,
Brasília, São Paulo e Belo Horizonte, com os seus representantes.
Outras cidades também suprem o JN de notícias (Pequim, Porto Alegre,
Roma), mas elas não entram nessa conversa eletrônica. E, num círculo
maior, ainda ao redor da mesa, os professores convidados. É a
teleconferência diária, acompanhada de perto pelos visitantes.
Todos
recebem, por escrito, uma breve descrição dos temas oferecidos pelas
"praças" (cidades onde se produzem reportagens para o jornal) que são
analisados pelo editor-chefe. Esse resumo é transmitido logo cedo para
o Rio e depois, na reunião, cada editor tenta explicar e defender as
ofertas, mas eles não vão muito além do que está no papel. Ninguém
contraria o chefe.
A primeira
reportagem oferecida pela "praça" de Nova York trata da venda de óleo
para calefação a baixo custo feita por uma empresa de petróleo da
Venezuela para famílias pobres do estado de Massachusetts. O resumo da
"oferta" jornalística informa que a empresa venezuelana, "que tem 14
mil postos de gasolina nos Estados Unidos, separou 45 milhões de litros
de combustível" para serem "vendidos em parcerias com ONGs locais a
preços 40% mais baixos do que os praticados no mercado americano". Uma
notícia de impacto social e político.
O
editor-chefe do Jornal Nacional apenas pergunta se os jornalistas têm a
posição do governo dos Estados Unidos antes de, rapidamente, dizer que
considera a notícia imprópria para o jornal. E segue em frente.
Na
seqüência, entre uma imitação do presidente Lula e da fala de um
argentino, passa a defender com grande empolgação uma matéria oferecida
pela "praça" de Belo Horizonte. Em Contagem, um juiz estava
determinando a soltura de presos por falta de condições carcerárias. A
argumentação do editor-chefe é sobre o perigo de criminosos voltarem às
ruas. "Esse juiz é um louco", chega a dizer, indignado. Nenhuma palavra
sobre os motivos que levaram o magistrado a tomar essa medida e, muito
menos, sobre a situação dos presídios no Brasil. A defesa da matéria é
em cima do medo, sentimento que se espalha pelo País e rende preciosos
pontos de audiência.
Sobre
a greve dos peritos do INSS, que completava um mês – matéria oferecida
por São Paulo –, o comentário gira em torno dos prejuízos causados ao
órgão. "Quantos segurados já poderiam ter voltado ao trabalho e, sem
perícia, continuam onerando o INSS", ouve-se. E sobre os grevistas?
Nada.
De Brasília é oferecida uma
reportagem sobre "a importância do superávit fiscal para reduzir a
dívida pública". Um dos visitantes, o professor Gilson Schwartz,
observou como a argumentação da proponente obedecia aos cânones
econômicos ortodoxos e ressaltou a falta de visões alternativas no
noticiário global.
Encerrada a reunião
segue-se um tour pelas áreas técnica e jornalística, com a inevitável
parada em torno da bancada onde o editor-chefe senta-se diariamente ao
lado da esposa para falar ao Brasil. A visita inclui a passagem diante
da tela do computador em que os índices de audiência chegam em tempo
real. Líder eterna, a Globo pela manhã é assediada pelo Chaves
mexicano, transmitido pelo SBT. Pelo menos é o que dizem os números do
Ibope.
E
no almoço, antes da sobremesa, chega o espelho do Jornal Nacional
daquela noite (no jargão, espelho é a previsão das reportagens a serem
transmitidas, relacionadas pela ordem de entrada e com a respectiva
duração). Nenhuma grande novidade. A matéria dos presos libertados pelo
juiz de Contagem abriria o jornal. E o óleo barato do Chávez
venezuelano foi para o limbo.
Diante
de saborosas tortas e antes de seguirem para o Projac – o centro de
produções de novelas, seriados e programas de auditório da Globo em
Jacarepaguá – os professores continuam ouvindo inúmeras referências ao
Homer. A mesa é comprida e em torno dela notam-se alguns olhares
constrangidos.
* Sociólogo e jornalista, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP
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