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Os candidatos ao Concurso de Bolsas Individuais de Doutoramento,
Doutoramento em Empresas e Pós Doutoramento da FCT receberam ontem
informação dos resultados do concurso. Respondendo ao apelo da
ABIC, em poucas horas, centenas de candidatos enviaram informação sobre
estes resultados. A partir das informações assim recolhidas, estamos
agora em posse de números que nos permitem afirmar que , de 3433
candidatos a BD e ~2100 candidatos a BPD, somente 298 (9%) e ~210 (~10%)
respectivamente, foram aprovados. As vagas para bolsas em programas
doutorais ou no âmbito do QREN, não são ao contrário do que a FCT e o
Governo afirmam, uma alternativa ao concurso de bolsas individuais nem
compensam a redução destas. Estes resultados do concurso individual
traduzem-se numa dramática redução do número de bolsas atribuídas e da
percentagem de aprovações, comparando com os valores do ano passado:
ambos os indicadores são reduzidos a menos de metade dos valores do
concurso de 2012. Esta verdadeira razia surge depois de
sucessivos atrasos no início do concurso, problemas informáticos, e a
introdução de regras de exclusão, factores que impediram que muitos
sequer se candidatassem, conseguindo assim a FCT subir artificialmente
as percentagens de aprovações, à custa da sua própria credibilidade.
Depois de tantos problemas processuais, neste e noutros concursos deste ano, a
ABIC estará atenta e avaliará os sinais de incumprimento de regras ou
mesmo ilegalidades que possam ter ocorrido e possam ser denunciadas e
corrigidas. Exigiremos
não só, que a FCT e a tutela assumam responsabilidades, como também,
garantias de que os candidatos aprovados não sejam prejudicados pelos
atrasos recorrentes de todo este processo. A ABIC condena veementemente os cortes brutais que os resultados ontem divulgados significam. Estes
revelam uma política de desinvestimento e de abdicação de defesa dos
interesses nacionais em detrimento das opções ditadas em esferas
internacionais. Revelam também o desaproveitamento de dinheiros
públicos, pois com a falta de uma política para a fixação dos recursos
humanos mais qualificados em Portugal, muitos destes investigadores são
empurrados para o estrangeiro. Muitas
instituições somam assim às dificuldades financeiras uma insustentável
redução dos recursos humanos por via dos cortes nos projectos, nos
contratos para doutorados, e agora nas bolsas individuais. Está em causa a continuidade de linhas de investigação. É
inaceitável admitir-se simplesmente que milhares de candidatos se vejam
agora sem emprego e sem forma de sustento, sendo muitos obrigados a
desistir de trabalhar na investigação ou forçados a emigrar. A
ABIC assume o seu papel e afirmará a luta contra a política científica
que os números deste concurso corporizam e a exigência de soluções de
emprego científico. Assim, decidimos marcar para os próximos dias uma campanha
de protesto onde apelamos a que bolseiros, investigadores e outro
pessoal em instituições de I&D possa marcar o seu descontentamento
com a afixação de faixas pretas nas suas instituições. Decidimos também marcar uma Concentração Nacional de candidatos e bolseiros para a próxima terça-feira, dia 21 de Janeiro, pelas 15h, junto à sede da FCT.
Esta grande acção de luta tem como objectivos a exigência de soluções
para os milhares não colocados e a condenação dos cortes no SCTN e nos
seus recursos humanos e terá como lema: “Contra os cortes na Ciência e no Emprego Científico, Exigimos soluções!”.
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