Carina ou carena traqueal?
Ambos são nomes existentes na literatura, o que significa serem de uso legítimo, pois fazem parte do nosso idioma.
No entanto, carina é preferencial, por ser o mais usado em nosso país e estar de acordo com sua origem do latim carina, quilha (de navio, fundo de navio).
Na Nomina Anatomica, do Federative Committee on Anatomical Terminology.consta em latim carina tracheae, termo traduzido e adotado na Terminologia Anatômica da Sociedade Brasileira de Anatomia, (edição de 2001, pág. 72), como carina da traquéia, agora traqueia sem o acento agudo por causa da recente reforma ortográfica.
O dicionário Houaiss (2009) traz::
carina, substantivo feminino 1 Rubrica: anatomia geral.denominação dada a várias estruturas existentes no corpo humano (p.ex., traqueia, vagina etc.) que têm forma de quilha ou crista 2 Rubrica: morfologia botânica.o mesmo que carenacarena, substantivo feminino
1 Rubrica: termo de marinha.m.q. obras vivas2 Derivação: por analogia. Rubrica: morfologia botânica.conjunto formado pela concrescência ou conivência das duas pétalas inferiores e internas das flores papilionadas, de forma semelhante à quilha de um navio; quilha 3 Derivação: por analogia. Rubrica: morfologia botânica.linha, nervura ou saliência longitudinal, semelhante a uma quilha de navio 4 Rubrica: morfologia botânica.cada uma das duas pétalas inferiores das flores das cesalpinioídeas e das papilionoídeas 5 Derivação: por analogia (da acp. 1). Rubrica: anatomia zoológica.crista em forma de quilha, observada em certos ossos
O dicionário Aurélio (2009) dá carina como estrutura semelhante a aresta, a crista. Dá carena também (procedente do catalão e do espanhol carena) como quilha e em zoologia, como crista em forma de quilha. Sabe-se que o i tônico latino tem pronúncia de ê: pilus > pelus; sigilus :> siguêlus. (LÉLLIS, Raul M. Português no colégio. 13.a ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1970, p. 80).Talvez seja essa a origem de carena como pronúncia de carina em latim. De fato, o Diccionario de la Lengua Española, da Real Academia Española (Madrid, 1992) dá registro apenas de carena. Nota-se que o Diccionario Terminológico de Ciencias Médicas, de L. Cardenal (1958) traz unicamente carina (com i).Os dicionários médicos consultados dão carina como cartilagem na bifurcação da traqueia em forma de crista divisória (Luis Rey, 2003; R. Paciornik, 1975), o mesmo que carena ou querena (Fortes & Pacheco, 1968).
Existem no léxico carinado e carenado com o mesmo sentido.
O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, consigna carina e carena, o que torna oficiais esses nomes, pois essa publicação é regida de lei federal ( n.o 5.765, de 18-12-1971) que manda a Academia elaborar o publicar essa obra.
O Dicionário Médico da editora portuguesa Climepsi (2012) , dá carena, quilha e esporão. Omite carina.
O Dic. de Termos Médicos de Manuel Freitas e Costa (Porto Editora, Portugal, 2005) traz carina, carena e querena.como estrutura anatômica em forma de quilha.
O Dic. da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa (2001), registra apenas carena, que significa quilha, e traz exemplos em Botânica e Zoologia.
Por essas considerações, os nomes carina, carena e querena fazem parte do léxico português e podem ser assim legitimamente usados. No entanto, em relatos formais e científicos no Brasil, recomenda-se acolher preferencialmente a grafia carina, única forma constante na Terminologia Anatômica da Sociedade Brasileira de Anatomia, mas sem que as outras formas sejam, de modo algum, desconsideradas, pois pertecem ao patrimônio linguístico de nosso idioma português.
Simônides Bacelar
Brasília, DF
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