Drika
unread,Dec 4, 2009, 2:29:35 PM12/4/09Sign in to reply to author
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to LPIV - Sociolinguística
2. Papel da Sociolingüística
Delimitar o campo de pesquisa da sociolingüística não foi tarefa
fácil, já que muitos teóricos do assunto levantavam questões
envolvendo a linguagem humana e todas as hipóteses possíveis de
formulação para o estudo da Sociolingüística eram rejeitadas. Mas foi
Bright (1966) um dos pioneiros na definição do objeto de estudo da
sociolingüística definiu que a diversidade lingüística era o foco
principal de estudo dessa nova disciplina, a Sociolingüística. Indo
além, delimitando três ângulos fundamentais para esse estudo: a
identidade social do emissor, a identidade social do receptor e as
condições comunicativas. (ApudMONTEIRO. 2000:15)
Dino Pretti (1987), afirma que a Sociolingüística pode desempenhar um
papel de investigadora e fornecer uma excelente metodologia para os
estudos da oralidade em diferentes locais. Com esse método de
investigação é possível registrar diversos tipos de falas em diversas
localidades na mesma região, traçando o perfil sociológico, econômico
e cultural desse falante.
Em Gadet (1987:4) consta que a Sociolingüística estuda as relações
entre as variações lingüísticas e sociológicas e o sociolingüística
tenta mostrar a variação da linguagem de um falante para outro, como e
porque esta assim determinada.Desde então, estudos foram avançando,
novos teóricos descrevem essa ciência nova, Sociolingüística,
conquistando uma visão mais ampla acerca da linguagem.
Para Baylon (2000:26) a Sociolingüística se preocupava essencialmente
em descrever as diferentes variedades coexistentes dentro de uma
comunidade de fala, hoje ela engloba praticamente tudo o que diz
respeito ao estudo da linguagem em seu contexto sociocultural.
"Se se entende por sociolingüística o estudo sistemático do uso da
língua na vida social, não há como deixar de considerar a etnografia
da comunicação como uma sub disciplina da sociolingüística" (Apud
MONTEIRO. 2000 p. 29).
Delineando e revelando a língua viva capaz de sofrer todas as
modificações possíveis, indo da política ao campo educacional,
envolvendo todas as ciências pré-existentes, descrevendo
minuciosamente cada palavra gesticulada, expondo os pormenores por
mais imperceptível possa parecer.
3. A Pesquisa Sociolingüística
O homem é um ser social. Essa afirmação já bastante comentada desde
Aristóteles, não há nada mais verdadeiro do que ela. Afirmar-se que o
homem é um ser social, conseqüentemente ele necessita se comunicar, e
isso vêm de forma espontânea, através da fala individual do usuário da
língua.
"E toda a nossa vida em sociedade supõe um problema de intercâmbio e
comunicação que se realiza fundamentalmente pela língua, o meio mais
comum de que dispomos para tal" (Apud Ulisses INFANTE. 1995: 17).
Portanto, essa língua passa por várias modificações em sua trajetória,
e esta não chega intacta até o seu receptador ou vice-versa, daí
provoca a tão estudada e comentada variação lingüística, e desse vem o
desconfortante , preconceito lingüístico, que mede a "capacidade
intelectual" do falante nato da língua materna.
A variação lingüística, segundo alguns teóricos, acontece em todos os
níveis de elaboração da linguagem, e ocorre em função do emissor e do
receptor, sempre levando em conta região em que encontra (emissor ou
receptor), faixa-etária, classe social e profissão, sendo eles
responsáveis por essa variação. No caso do Brasil, pelo fato de ser um
país extenso e com uma população diversificada, utilizando a mesma
língua materna, sempre haverá a heterogeneidade lingüística, dentro do
mesmo estado ou comunidade lingüística.
Por isso, o campo da pesquisa sociolingüística está delimitado ao
estudo dos problemas que envolvem a relação língua/sociedade. Sua
principal tarefa é mostrar a variação sistemática lingüística da
estrutura social e o relacionamento causal em uma direção ou outra.
Deste modo, tanto a Sociolingüística como a Pesquisa Sociolingüística
trabalham com o mesmo objeto: a diversidade lingüística, descrevendo o
falar em sua magnitude, levando em conta a origem, idade, sexo,
escolaridade o aspecto financeiro, não para demarcar os limites dos
desníveis sociais, mas, para demonstrar que o homem é um ser sociável
e em qualquer situação é capaz de se fazer entender e compreender a
mensagem proposta.
Assim, na área dos estudos lingüísticos ela se articula com outras
correntes que da Lingüística Aplicada: a Psicolingüística e a Etino
lingüística.
Fernando Tarallo (1994) em Pesquisa Sociolingüística mostra que os
falares regionais podem ser descritos e mapeados com base em uma
metodologia da linguagem que subsidie o trabalho do lingüista. Assim,
a Sociolingüística estudaria as relações entre as variações
lingüísticas e as variações sociológicas. Descrevendo o falante em
toda sua essência, não desprezando o contexto em que se encontra, mas,
levando em consideração todo aspecto em que se encontra no momento em
que emite uma mensagem. Nesse mesmo contexto, ele afirma que a língua
por ser um marcador que identifica usuários ou grupos a qual
pertence , pode também ser o delimitador das diferenças sociais no
seio de uma comunidade.
4. Fontes e Experiências de Pesquisas Sociolingüísticas
A pesquisa de Labov distingue os seguintes tipos de estilo: casual, de
leitura, de lista de palavras, de pares mínimos.
Nos discursos proferidos pelo falante há uma pré-elaboração por mais
simples que seja, sendo que: o casual, a linguagem utilizada é aquela
do dia-a-dia, sem previa elaboração. Já no discurso cuidado, o falante
se limita a responder as perguntas utilizando uma linguagem mais
elaborada. No estilo de leitura envolve mais atenção. O pesquisador
solicita do pesquisado a leitura de textos, e é quando ele, o
pesquisador depara com a variação fonológica, no sentido de perceber a
pronuncia de certas palavras levando sempre em consideração o
ambiente em que se encontra o informante.
"O ambiente e a ocasião em que a linguagem é usada, acarretará algumas
conseqüências. Em palestras acadêmicas e ocasiões cerimoniosas, por
exemplo, é provável que o falante selecione uma linguagem mais formal
do que em festinhas infantis ou almoços em família". (Monteiro.
2000:71).
Labov observou em sua pesquisa, que os falares carregam grandes
variações, principalmente o urbano e o rural que sofre influência um
sobre o outro. O exemplo exposto pelo autor é o falar rural,
ridicularizado por alguns, que em contanto com o falar urbano, sofre
influência acarretando mudança no seu contexto natural.
Jesperson (Apud Dino PRETI. 1987:12) considera que a fala de um
individuo que esteja isolado dentro de um grupo, nem sempre é a mesma.
"Seu tom na conversação e, com ele, a escolha de palavras muda segundo
a cada meio social em que se encontra no momento".O autor vai além
dessa explicação, colocando também as diversas formas e estilos de
linguagem utilizada pelo falante em ocasiões diferentes. "A isto se
acrescente que a linguagem toma diferente colorido segundo o tema da
conversação: há um estilo para declaração de amor, outro para a
declaração oficial, outro para a negativa ou reprimenda"
Segundo Dino Pretti embora essas teorias sejam bastante relevantes nem
sempre é possível relacionar com exatidão que um indivíduo de uma
determinada região, cultura, posição social, raça, idade, sexo, etc.,
optaria antemão por uma ou outra estrutura. Coloca ainda, que, "nem
sempre é possível estabelecer padrões de linguagem individual, de
acordo com uma variedade muito grande de situação que pudesse servir
de ponto de referência para uma classificação mais perfeita dos níveis
de fala". Pretti, conclui que as pesquisas sociolingüísticas voltadas
para a diversidade lingüística devem ser realizadas com muito êxito,
principalmente se o pesquisador delimitar seu campo de pesquisa e seus
reais objetivos. Valendo desses parâmetros o pesquisador obterá os
resultados que tanto requer para validar sua pesquisa.
Marcos Bagno em sua obra Sociolingüística publicada em 1997, "A língua
de Eulália", procura mostrar que o uso de uma linguagem "diferente",
nem sempre pode ser considerado um "erro de português". Esse modo
diferente das pessoas falarem pode ser explicado por algumas ciências
como a Lingüística, a História, a Sociologia e até mesmo a
Psicologia.
Embora a nossa tradição educacional negue a existência de uma
pluralidade dentro do universo da Língua Portuguesa e não aceite que a
norma culta seja uma das muitas variedades possíveis no uso do
português, a "Língua Portuguesa" está em constante modificação e
recebe notadamente, a influência de palavras pertencentes a outros
idiomas, principalmente dos imigrantes que chegam a todo o momento ao
Brasil, entre eles, portugueses, americanos, japoneses, alemães e
italianos.
Entre outras coisas, o Livro "A Língua de Eulália" (2003) mostra
que,na comparação entre o português-padrão e o português–não-padrão o
maior preconceito apontado não são exatamente as diferentes
lingüísticas que prevalecem, mas sim, as diferenças sociais, mostrando
que esses preconceitos são comuns, como por exemplo, o étnico: o índio
"preguiçoso", o negro "malandro", o japonês "trabalhador", o judeu
"mesquinho",o português "burro"; o sexual: a valorização do "macho"; o
cultural: o desprezo pelas praticas medicinais caseiras, além dos
socioeconômicos como a valorização do rico e o desprezo pelo pobre;
entre outros.
Conclusão
Todos esses preconceitos é um grande equivoco, nenhum ser humano é
igual, seja na aparência física, moral ou intelectual, cada um tem sua
essência própria. Colocar que o índio é preguiçoso, o negro é
malandro, etc., vem de encontro com a maneira de viver de cada um,
como pode alguém saber se alguém é mais "preguiçoso" do que outro pela
etnia, ou que alguém é "malandro" só pela quantidade de melanina em
seu organismo.
A questão cultural é ainda maior, baseado que a medicina dos séculos
anteriores andava a passos lentos e a medicina caseira salvou muitas
vidas utilizando seus chazinhos milagrosos ou até mesmo as rezas das
benzedeiras.