Ex-senador italiano prevê mais protestos e não exclui guerra civil no Brasil

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andre luiz

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Sep 10, 2016, 7:24:03 AM9/10/16
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Jornal do Brasil

Ex-senador italiano prevê mais protestos e não exclui guerra civil no Brasil

"Sindicatos vão se unir na luta contra ofensiva de patronato escravocrata", diz José Luiz Del Roio

AutorJornal do Brasil

O ex-senador italiano José Luiz Del Roio, autor de “A história de um dia: 1º de Maio”, destacou, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que as propostas do presidente Michel Temer são anti-histórias, embutem violência social e forçarão a união das centrais sindicais para combatê-las. 

Del Roio destaca que a mobilização contra Temer será muito forte. Ele avalia o grupo no poder tem pouco tempo, não quer eleições e virá como um trator. "Trator que vai se encontrar com as praças, as ruas e as greves", afirma.

Del Roio é um ativista político, e reuniu seis centrais sindicais para a reedição, agora em setembro, de seu livro "Primeiro de Maio, sua Origem, seu Significado, suas Lutas"


Entrevista da 'Folha' com José Luiz Del Roio
Entrevista da 'Folha' com José Luiz Del Roio

>> Veja a entrevista na íntegra

Veja as principais declarações de José Luiz Del Roio na entrevista:

"Aumentou a exploração. A tecnologia tende a isolar os trabalhadores. E agora estamos com uma velha batalha de quando acabou a ditadura: a questão da jornada de trabalho." "A desculpa é sempre a mesma. É a desculpa que já davam em 1886: não pode porque o lucro do patrão cai a um ponto tal que ele fecha tudo. É a mesma desculpa que era usada no Império: acabar com a escravidão seria o fim da lavoura no Brasil."

"Robson Braga de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria, falou em chegar a 80 horas. É a mesma coisa que dizer que tem que voltar a escravidão. Um pouco pior. Porque na escravidão o escravo era um instrumento de trabalho e o patrão tinha que dar de comer para ele, se não perdia o dinheiro."

"Não existe possibilidade que uma central sindical possa aprovar uma PEC 241 ou a destruição da CLT."

"Se se propõe o bloqueio de todo o investimento social, está se propondo o canibalismo. É uma irracionalidade, uma violência social, uma crueldade, um desmanchar a esperança de um povo de forma violenta."

"É demais a violência da oligarquia escravocrata brasileira."

Sobre a unificação das centrais sindicais

"Eles têm um inimigo que é feroz demais. Eles têm que lutar contra. Eles vão se unificar na luta contra essa ofensiva de um patronato escravocrata. Não é um patrão moderno. Nunca rompemos de verdade com o escravismo no Brasil. As relações de trabalho foram escravistas durante 350 anos e não houve uma ruptura como nos EUA. Para a maioria dos descentes dos escravos continua havendo discriminação. Isso marcou sempre as relações de trabalho no Brasil. A chamada hoje Polícia Militar, tão violenta, nasce já na colônia para reprimir escravos, negros. Há uma linha de continuidade, não tem ruptura, ela continua reprimindo negros."

Enfrentamento

"É a questão de sobrevivência. Central que não fizer isso não sobreviverá. Porque a mobilização será muito forte. Esse governo quer ficar 20 anos no poder. É evidente que não quer eleições; fará de tudo para ficar. O tempo legal que ele tem é muito pequeno: dois anos. Não dá para fazer tudo isso. Para fazer tudo, tem que vir com um trator. Trator que vai se encontrar com as praças, as ruas e as greves."

Governo Temer

"Vai ser instável pelo conjunto de forças que deram o golpe, que são contraditórias e ávidas. Querem privatizações, Estado mínimo e aumento da mais valia. Há uma brutal concentração de riqueza no mundo, o tal 1%, que na verdade é 0,1%. O governo Temer vai ajudar o 0,1%, vai dar muito milho para o pato. Muita gente vai querer ganhar algum milhinho, e não tem milho para todo mundo. Haverá divisão. Alguns vão querer a privatização de tudo; outros, não. Surgirão contradições no grupo, que não é estabilizado e que é muito envelhecido."

"Esse governo não tem projeto, a não ser a exploração violenta de seu próprio povo. São muito atrasados na análise mundial. Pensam que estão na época da guerra fria, do pujante desenvolvimento do capitalismo ocidental. Mas esse modelo está com um problema insolúvel e teórico: a taxa de lucro do capitalismo é decrescente há mais de 10 anos. Não adianta ampliar a exploração da mão de obra que isso não se inverte. É preciso mais ciência sem fronteira O inverso do que está sendo feito. Isso vai nos levar à barbárie, pois é o contraposto do que tem que ser feito. É anti-histórico."

"Esse governo não sabe o que é nação. Não sabe onde está no mundo. Está muito preocupado com suas igrejinhas, quanto eu vou ganhar, como eu escapo de ser processado. Onde estão os projetos? A questão nacional é fundamental para todos."

Guerra civil

"Longinquamente, não excluo. No bem ou no mal, com grandes infâmias e grandes lances patrióticos, as Forças Armadas têm um projeto nacional. Podemos discuti-lo, mas está escrito, foi feito no governo Lula. Até quando essa força vai suportar a destruição do Estado brasileiro e da sociedade? Queremos crescer e ser povo feliz, mas a as contradições que essa classe dominante tem abraçado pode levar a esse tipo de coisa."

"Estou preocupado com a crise objetiva econômica do país, resultante da crise internacional e da crise política. Estou preocupado com a falta de visão total desse governo, com a sede de vingança social contra o povo. Como eles estão fora da história e do quadro internacional, eles não têm condições de recolocar esse país minimamente no caminho do desenvolvimento e do equilíbrio social. Suas contradições internas são fortes. Não é um governo com um projeto como o dos militares. Esse governo não tem força nem projeto. É muito a curto prazo e não vai resolver os problemas da energia, da indústria, da tecnologia, das relações internacionais, de como tratar a população, a sociedade civil. Esse governo que não dura."

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