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Clipping Educacional

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May 26, 2010, 9:16:44 AM5/26/10
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Quarta feira, 26 de maio de 2010

Programação Visão Acadêmica

Matérias de Hoje

Editoriais, artigos e opiniões

Matérias

> Folha Dirigida, 25/05/2010 - Rio de Janeiro RJ
Haddad explica "Enem do Magistério"
Renato Deccache
O ministro da Educação, Fernando Haddad, espera que, além de melhorar a qualidade da seleção dos professores para a Educação Básica, em especial nos municípios de pequeno porte, o exame nacional para o magistério tenha impacto nos currículos das instituições que formam educadores. Para ele, o exame criará um sistema de competição saudável dos governos pelos profissionais com melhores notas. "O professor, de posse de seu resultado, vai poder escolher o sistema de ensino que melhor lhe aprouver, do ponto de vista das condições profissionais, do trabalho inicial e de outros fatores", comentou o ministro da Educação.
Folha Dirigida — O MEC lançou um exame nacional para ingresso na carreira docente. Quais as bases desta avaliação?
Fernando Haddad — Aproveitamos o ano de 2009 para estudar as matrizes de avaliações aplicadas em seis países de alto desempenho educacional. Para isto, o MEC enviou missões de especialistas para cada um deles, para interagir com seus dirigentes da área de Educação, com o intuito de nos apropriarmos do modelo de cada um destes países e colocar, em consulta pública, a matriz brasileira. A ideia é, a partir do segundo semestre, elaborar um banco de itens para que o próximo governo, se quiser, possa realizar o exame, ao longo de 2011. Por isto, não há uma previsão de data para a prova. Vai depender muito do que ocorrer na consulta.

A matriz brasileira foi inspirada nas matrizes de quais países?
Nos inspiramos nas matrizes dos Estados Unidos, Cuba, Chile, Inglaterra. O número de avaliações que cada um deles realiza varia de caso a caso. Mas, no caso do Brasil, acredito que teria de ser no mínimo anual, uma vez que as contratações de professores se dão no início do ano. É um exame absoluto e voluntário. O professor recém-formado que quiser faz e o sistema de ensino que quiser, utiliza. Não há qualquer intenção além de contribuir como instrumento adicional.

De que forma o MEC espera que este exame tenha desdobramentos em relação à melhoria da qualidade dos professores?
Será criado, nos sistemas, um ambiente de competição saudável pelos melhores profissionais. Isto tende a valorizar a carreira do magistério. Além disto, acho que haverá impacto nos cursos de formação que, evidentemente, vão adequar seus cursos a esta matriz, para obterem sucesso. E, em segundo lugar, mas tão importante quanto isto, a meu ver, poderemos criar uma situação em que o magistério seja valorizado, pois o professor, de posse de seu resultado, vai poder escolher o sistema de ensino que melhor lhe aprouver, do ponto de vista das condições profissionais, do trabalho inicial e outros fatores.

O Conselho Nacional de Educação (CNE) avalia a implantação da progressão continuada nos três primeiros anos do fundamental, para o processo de alfabetização. Qual a sua posição sobre esta proposta?
O CNE é um órgão de estado. Os conselheiros têm mandato e discutem este assunto e vários outros, de forma rotineira. O mandato dos conselheiros vai para além do mandato do presidente Lula, o que é bom, pois garante a continuidade dos trabalhos. E o que está em discussão não é exatamente um debate sobre aprovação ou repetência e sim, mudanças pedagógicas no ciclo de alfabetização. É um modelo que nem está fechado ainda. Trata-se de uma discussão preliminar. Não há nem uma minuta de resolução sobre a qual eu possa me posicionar.

Mas, o que está exatamente em discussão?
O ciclo de alfabetização escolar. E existe, aí, um problema a ser considerado. Diria que, sem medo de errar, mais de 50% da reprovação no 1º e no 2º anos se dá por frequência e não por questões relativas ao aprendizado. Então, há uma questão a ser melhor avaliada. As condições socioeconômicas das famílias que respondem mais pela reprovação das crianças de 6 e 7 anos do que as condições da própria escola.

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> Folha Dirigida, 25/05/2010 - Rio de Janeiro RJ
Para especialistas, avaliação docente vai além de prova
Renato Deccache
A divulgação das primeiras informações sobre o exame nacional coincidiu com a realização de um seminário internacional sobre avaliação de professores, promovido pela Fundação Cesgranrio e a Academia Brasileira de Educação (ABE). No evento, vários especialistas brasileiros e de outros países ressaltaram justamente que uma avaliação para docentes deve ir além da aplicação de uma prova. O próprio ministro da Educação, Fernando Haddad, no discurso de abertura do evento, disse que a criação do exame busca "chacoalhar com as estruturas arcaicas" de contratação. "É irreal pensar que todas as cidades do país tenham possibilidades de organizar bons concursos para professores. Queremos dar condições aos governantes que, a partir do resultado desta prova, querem contratar os melhores professores", Haddad.  Algumas experiências de avaliação de professores realizadas em outros países foram discutidas no seminário. Entre elas, a implantada por Portugal, que não teve os resultados esperados, segundo o educador Domingos Fernandes, um dos palestrantes da conferência. Segundo ele, a lição do exemplo português foi a falta de debate com setores da sociedade sobre o sistema. "Tem de haver, de fato, uma participação efetiva nas discussões por parte das forças políticas, dos dirigentes, dos pais e outros atores, como representantes de sindicatos e de associações profissionais", destacou Domingos Fernandes.

É preciso capacitar para depois avaliar, diz educadora - Outro aspecto que o educador considera importante, e que faltou no caso português, foi a questão da credibilidade. "Eram vários questionamentos, entre eles, quem avalia quem? Diretores de escola
podem avaliar professores? Não dá para ter avaliação sem credibilidade", afirmou. No encontro, especialistas analisaram dois trabalhos sobre avaliação de professores em outros países. Um deles, o da pesquisadora Denise Vaillant, do Programa de Promoção da Reforma Educativa na América Latina (Preal). A educadora Guiomar Namo de Mello, uma das palestrantes que analisou o estudo, defendeu que, antes de qualquer tipo de sistema para aferir a qualidade do trabalho dos docentes, é essencial cuidar da qualificação destes profissionais. "Com que credibilidade vamos avaliar o professor se nunca conseguimos melhorar a formação dele? Antes de entrarmos nesta etapa, precisamos ter programas de educação continuada. Precisamos investir esforços e muito dinheiro para que possamos ter uma primeira geração de professores avaliáveis", defendeu Guiomar de Mello.

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> Folha Dirigida, 25/05/2010 - Rio de Janeiro RJ
Para sindicatos, seria melhor priorizar formação continuada
Renato Deccache
Sindicatos que representam os profissionais do magistério vêem com reservas a proposta do governo federal de criar uma avaliação nacional para o ingresso dos professores na carreira pública. Os sindicalistas sustentam que o foco está na direção errada e o mais adequado seria melhorar a qualidade dos cursos e ampliar o investimento em formação continuada dos educadores. O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Franklin Leão, criticou a pressa do governo implantar a avaliação. Para ele, por tratar do sistema de contratação de servidores do setor público, a proposta deveria ter sido mais discutida com representantes dos profissionais e dos governos.

"Não vemos razão para tanta pressa por parte do MEC, ainda mais num contexto em que a valorização dos profissionais da educação, instrumento essencial para a atração de novos profissionais qualificados, encontra
forte resistência de implementação por parte dos gestores", disse o presidente da CNTE, que cobrou prioridade para a implantação do piso nacional e as diretrizes para a carreira, na educação básica.

Segundo Roberto Franklin Leão, a CNTE, em tese, não é contra a avaliação nacional, desde que isto não represente o fim do ingresso por concurso na carreira pública. Mas, segundo ele, a visão da entidade sindical é de que não é com uma prova que o problema da falta de qualificação será resolvido. "Cabe às instituições de ensino formar bem os candidatos às vagas de docentes, assim como é dever do Estado valorizar a profissão do educador", salientou Roberto Franklin. A direção do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) tem visão semelhante. Danilo Serafim, um dos coordenadores gerais, também cobra políticas que fortaleçam a formação continuada.
"É necessário que os professores e
funcionários possam ter acesso à universidade, à pós-graduação, mestrado e doutorado e que isto seja subsidiado pelos governos. É importante também que possam tirar licença para fazer cursos no Brasil e no exterior e aplicar os conhecimentos onde trabalha", defende o sindicalista, que critica a implantação da prova em ano eleitoral. "Nos parece mais uma ação de marketing", defendeu Danilo Serafim. O professor Wanderley Quêdo, presidente do Sindicato dos Professores do município do Rio de Janeiro e região (Sinpro-Rio), também vê com preocupação o exame. Um complicador, para o sindicalista, é a possibilidade de avaliações sobre o magistério não serem realizadas diretamente pelo Ministério da Educação e, também de não levarem em consideração as especificidades da carreira docente. "Educação é direito de todos e dever do Estado. Ela não pode ser tratada como um serviço e avaliações têm que ser bem pensadas", frisou.

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> Correio Braziliense, 25/05/2010 - Brasília DF
Piso salarial dos professores do ensino básico poderá ser fixado em R$ 1,2 mil
Agência Senado
A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) aprovou nesta terça-feira (25) substitutivo do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) a projeto de lei do Executivo alterando a forma de reajuste do piso salarial nacional dos professores da educação básica. A matéria ainda será examinada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), antes de ser encaminhada ao Plenário. Pelo texto aprovado, o reajuste do piso profissional nacional do magistério público da educação básica será atualizado anualmente,  no mês de janeiro, a partir de 2011. Tal atualização será calculada usando o somatório da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) dos 12 últimos meses e a variação entre as receitas nominais totais do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Esse cálculo, de acordo com o projeto, inclui a complementação da União no que diz respeito aos dois últimos períodos de 12 meses, descontado o INPC de duas variações aferidas em 30 de junho do ano anterior.

Cristovam Buarque disse que o substitutivo à proposta (PLC 321/09) resultou de negociações e estudos técnicos com o ministro da Educação, Fernando Haddad e com representantes do magistério. A proposta também atualiza para R$ 1.200 o valor do piso nacional da categoria. Na avaliação da presidente da CE, senadora Fátima Cleide (PT-RO), a aprovação da matéria é importante para a valorização do profissional da educação.

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> Folha de São Paulo, 26/05/2010 - São Paulo SP
SP desiste de regra para contratar docente
Com falta de professores, Estado abre possibilidade de admitir temporário que não fez prova de conhecimento. Exame anual foi criado no ano passado para melhorar a seleção de professores para a rede de ensino paulista
FÁBIO TAKAHASHI DE SÃO PAULO
O governo de SP autorizou a contratação de professores que não tenham prestado um exame de seleção. Criado em 2009, o exame, segundo sempre pregou o próprio governo, tem como objetivo melhorar a escolha de docentes para a rede. A resolução já está em vigor. A secretaria diz que a norma, publicada ontem no "Diário Oficial", é só uma garantia caso faltem professores temporários (não concursados). Primeiro, são chamados os concursados e depois, os temporários que passaram pela avaliação. A norma prevê ainda que formados em pedagogia poderão dar aulas, de forma emergencial, de matérias específicas -como física, química e matemática. Não foram divulgados números sobre o deficit de docentes nem sobre o de alunos que estão sem aulas por falta de professor. A secretaria informou apenas que há carência na área de exatas. Os sindicatos do setor afirmam que a falta de docentes é generalizada. O próprio governador Alberto Goldman (PSDB) reconheceu anteontem que há deficit. "A Secretaria da Educação já constatou e está fazendo todo o esforço para que sejam formados professores na área de física. Parece que ninguém quer ser professor de física, não sei por quê."

200 DIAS FORA - Para os sindicatos, o governo enfrenta dificuldades para contratar por ter determinado que os temporários não podem dar aulas por anos consecutivos. Segundo a lei aprovada em 2009, eles precisam ficar 200 dias fora da rede após um ano de trabalho. A ideia do Executivo é evitar que os temporários se transformem em permanentes, sem ter prestado concurso. Sindicalistas dizem que o propósito é evitar a caracterização de vínculo empregatício, que elevaria os gastos. Também não houve tempo de chamar os 10 mil aprovados em concurso, aplicado no início do ano, que poderiam substituir parte dos cerca de 80 mil temporários. Os não concursados representam cerca de 40% de todo o corpo docente da rede. Em nota, a secretaria negou que a "quarentena" para os temporários tenham prejudicado a distribuição de aulas -mas não deu mais detalhes sobre o assunto.

BANCO DE CANDIDATOS - A pasta afirmou ainda que a resolução apenas cria um banco de 
candidatos, que só serão chamados em caso de emergência. Disse ainda que "a norma só foi publicada porque este é um ano eleitoral, quando não poderá ser feito novo concurso de admissão ou nova seleção". A Secretaria da Educação enfrenta dificuldades em preencher os postos nas escolas desde o início do ano. Após a aplicação da prova dos temporários, a pasta verificou que o volume de aprovados seria insuficiente e permitiu que reprovados também fossem chamados. Eles foram classificados segundo a nota do exame. Cerca de 40% dos professores não atingiram o desempenho mínimo necessário (metade das 80 questões). "Agora, poderá dar aula até quem nem fez o concurso. Liberou geral", disse o presidente da Udemo (sindicato dos diretores), Luiz Gonzaga Pinto. "Já é quase meio do ano e várias escolas estão sem todos os professores." "Primeiro o governo avalia e exclui. Aí, vê que falta professor. Não há organização", diz a presidente da Apeoesp (sindicato dos docentes), Maria Izabel Noronha. Segundo ela, os maiores deficit são em química, biologia e física. Colaborou FELIPE LUCHETE

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> Folha de São Paulo, 26/05/2010 - São Paulo SP
Medida é para emergências, diz secretário
DE SÃO PAULO
A Secretaria da Educação afirmou, em nota, que a resolução apenas garante um banco de candidatos, "caso haja falta de professores em alguma disciplina ou localidade". "Eles só serão chamados em caso emergência. Estes professores só poderão ingressar depois que os classificados pela prova para os temporários, realizada em dezembro do ano passado, forem convocados", disse. Segundo a pasta, a medida "só foi publicada porque este é um ano eleitoral, quando não poderá ser feito novo concurso de admissão ou nova seleção". A secretaria negou que a "quarentena" para os temporários tenha prejudicado a distribuição de aulas -mas não deu mais detalhes sobre o assunto.

Sobre o deficit de docentes na rede de ensino, afirmou que as carências são "pontuais, que muitas vezes são solucionadas com professor eventual". Ainda segundo a pasta, os formados em pedagogia só darão aula de matérias 
específicas de forma "emergencial" e por pouco tempo, até que um profissional com licenciatura assuma a classe. Nenhum representante da secretaria concedeu entrevista. Em janeiro, quando anunciou que professores reprovados poderiam dar aulas, o secretário estadual da Educação, Paulo Renato Souza, afirmou: "A nossa prioridade é garantir aulas aos alunos". À época, o secretário classificou como "inovação" classificar docentes com base em seus conhecimentos. (FT)

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> Folha de São Paulo, 26/05/2010 - São Paulo SP
Escolas tops dizem que prática é diferencial
Responsáveis por cursos atribuem qualidade a seus hospitais-escola. Também foram citadas boa proporção entre professores e alunos e dedicação de docentes ao atendimento público
PATRÍCIA GOMES DE SÃO PAULO
O que faz as melhores escolas de medicina do país terem esse posto é, na opinião de quem as coordena, o contato com a rotina médica. Por isso, professores responsáveis por cursos com nota máxima no Enade, o exame que mede a qualidade das graduações, apontaram especificamente seus hospitais-escola e a rede hospitalar que serve de campo de aprendizagem como fatores determinantes para a qualidade do ensino. A USP, que não faz o Enade e é responsável pela escola conhecida como Pinheiros, foi além. Destacou que os médicos que forma têm acesso "ao maior hospital da América Latina", referindo-se ao Hospital das Clínicas. Sem deixar de sublinhar seu complexo hospitalar e recursos tecnológicos, a Unicamp, que também não se submete à avaliação do MEC, se orgulha de mais de 50% de sua carga horária ser cumprida em aulas práticas. A dedicação à prática também é um orgulho na UFRGS (federal do Rio Grande do Sul), onde o estágio ocupa dois terços do curso. Para a UFCSPA (ciências da saúde de Porto Alegre), uma de suas maiores qualidades está na estrutura do curso, que permite ao aluno ser acompanhado de perto ao longo da graduação.

Na Uerj também. O professor Plínio José da Rocha, diretor da Faculdade de Ciências Médicas, ressalta a proporção privilegiada de 300 docentes para 600 alunos. Conhecer as 
principais características das universidades pode ajudar na escolha dos alunos que passam em mais de uma instituição. Felipe Franco da Graça, 18, teve que resolver esse "bom problema" no início do ano. Ele passou em medicina na Unicamp, na USP-Ribeirão, na Unesp e na UFSCar. "Sempre soube que queria estudar na Unicamp", disse o calouro, que escolheu a estadual de Campinas por sua fama de ser "mais forte na parte científica". "Eles têm matéria de incentivo à pesquisa desde o primeiro ano." Os responsáveis pelos cursos de UFSM (federal de Santa Maria, nota 5 no Enade), Unesp (nota 2) e UFSCar (sem nota) não responderam às perguntas da reportagem.

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> Correio Braziliense, 25/05/2010 - Brasília DF
Segundo e quarto anos têm pior alfabetização e mais defasagem
Ascom MEC
O maior número de analfabetos entre alunos do ensino fundamental se encontra no segundo e no quarto anos, enquanto a maior defasagem na relação entre idade e série se verifica no quarto ano. Esse diagnóstico foi realizado pelo Instituto Alfa e Beto, que avaliou níveis de alfabetização de estudantes do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental e graus de defasagem escolar. A maior parte das crianças nessas situações de anormalidade tem entre nove e 11 anos. Participaram da avaliação cerca de 290 mil alunos de escolas públicas de 348 municípios das cinco regiões do país. O estudo também constatou que municípios do Maranhão, da Bahia e do Pará concentram o maior número de estudantes com defasagem escolar. O diagnóstico precedeu o trabalho de correção de fluxo escolar que o Alfa e Beto (instituto com sede em Brasília) começou a desenvolver este ano com alunos desses municípios. As atividades são custeadas pelo Ministério da Educação.

A coordenadora do Programa de Aceleração da 
Aprendizagem do instituto, Rosângela Roncisvalle Gonçalves, explica que o trabalho com as crianças será feito durante todo o ano escolar de 2010. Para dar conta da tarefa, o instituto capacitou 615 professores em cursos de 40 horas. A preparação dos educadores teve duas partes – a pedagógica e a gerencial do programa. Entre as dificuldades que a coordenação do programa verificou nos municípios onde o Instituto Alfa e Beto (IAB) está aplicando a tecnologia estão a falta de experiência em acompanhamento gerencial e pedagógico e a presença irregular dos alunos na sala de aula. “O material e a proposta da tecnologia educacional do IAB prevê que o aluno esteja presente nas aulas todos os dias”, diz a coordenadora.

Parceiros – O Instituto Ayrton Senna, de São Paulo, e o Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação (Geempa), de Porto Alegre, também participam do programa de correção de fluxo escolar em escolas públicas, com tecnologias desenvolvidas por eles e 
certificadas pelo MEC. O Instituto Ayrton Senna atende escolas de 478 municípios e mais de cem mil alunos do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental.

De acordo com Rita Paulon, gerente de educação formal do instituto, a preparação começou em outubro de 2009, com uma série de 50 reuniões de orientação e mobilização das secretarias municipais de educação e coordenações; de novembro de 2009 a abril deste ano, aconteceu a formação dos 5.399 professores que estão aplicando a metodologia. As atividades com os estudantes começaram em março e abril e se estendem até dezembro. O instituto acompanha e avalia o trabalho dos professores e o desempenho dos alunos. O investimento na aplicação de tecnologias na correção do fluxo escolar é uma resposta do Ministério da Educação a pedidos formulados por municípios nos planos de ações articuladas (PAR), em 2007 e 2008. A prioridade no atendimento é das redes municipais com baixos índices de desenvolvimento da educação básica (Ideb), aferidos em 2005 e 2007.

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> Folha de São Paulo, 26/05/2010 - São Paulo SP
Vocação e "aura da profissão" atraem jovens
DE SÃO PAULO
Quando Luiz Arnaldo Szutan, 58, prestou vestibular, a prova para a Santa Casa, que décadas depois ele viria a dirigir, era feita no ginásio do Ibirapuera, onde 3.500 alunos disputavam 100 vagas. Quarenta anos mais tarde, Dennis Marques, 17, não enfrentará um panorama mais alentador. O rapaz quer uma vaga em medicina, "de preferência na USP ou na Unifesp". No último vestibular, essas instituições tiveram, respectivamente, 41,78 e 116,67 candidatos/vaga. Segundo os responsáveis pelos melhores cursos do país, os  pontos que mais atraem os jovens para a medicina são vocação, vontade de ajudar o próximo, a "aura da profissão" e a respeitabilidade da classe na sociedade. Foram citados ainda as boas perspectivas no mercado de trabalho e ter um médico na família.

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> Folha de São Paulo, 26/05/2010 - São Paulo SP
Disputadíssima, UFSCar está sem hospital-escola
Obra não ficou pronta a tempo de receber a primeira turma do curso. Universidade, que não quis falar sobre o caso, procura opções de hospitais pelo Estado para firmar convênio
DE SÃO PAULO
Quando a reportagem perguntou aos coordenadores das medicinas mais cobiçadas do país qual era o determinante para a qualidade da sua graduação, a maioria apontou sua rede hospitalar. É exatamente essa infraestrutura -ou a falta dela- o calcanhar de aquiles do curso de medicina da UFSCar (federal de São Carlos), um dos mais disputados do país. Com 172,58 candidatos disputando cada uma das vagas no último vestibular, o curso não tem um espaço de prática para oferecer aos 33 alunos do quinto  ano, quando começa o internato. Nesse período, que termina no sexto e último ano de graduação, os futuros médicos devem passar pela etapa de estágio hospitalar obrigatório. Com a falta de lugar para estagiar, os alunos da primeira turma de medicina da UFSCar estão sem aula prática desde o início deste mês. No início do curso, em março de 2006, a promessa era que o hospital-escola municipal ficaria pronto para que eles fizessem o internato. Mas a obra atrasou e só deve ficar pronta no fim do ano. Paliativamente, os internos tiveram aula na Santa Casa de São Carlos por um mês, mas o convênio acabou por falta de pagamento. "Foi bastante difícil entrar no curso. O que fica é um sentimento de decepção, tristeza, descaso. Principalmente porque essa situação poderia ter sido evitada", diz Paula Rossi, 24, do quinto ano. Agora, a UFSCar estuda possibilidades de utilização de hospitais espalhados pelo Estado ou a reformulação do convênio com a Santa Casa.

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> Correio Braziliense, 25/05/2010 - Brasília DF
Coleta de dados do Censo Escolar começa na quarta para todas as escolas
Ascom Inep
O Sistema Educacenso, que coleta dados do Censo Escolar da Educação Básica, entrará no ar nesta quarta-feira, 26, e permanecerá disponível até 31 de agosto. Todas as escolas de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, inclusive de educação de jovens e adultos, deverão fornecer dados sobre alunos, professores, turmas e sobre a própria escola. Desde 2007 a coleta do censo da educação básica vem sendo feita pela internet, com o sistema Educacenso, que possibilitou precisão de dados. As informações deixaram de ser agregadas por escola e passaram a ser individualizadas. Dessa forma, ao invés de fornecer apenas o número de alunos matriculados, a escola começou a dar informações detalhadas sobre cada um de seus alunos: nome completo, data de nascimento, sexo, cor e raça, nomes dos pais, naturalidade, endereço residencial, necessidades de atendimento escolar diferenciado, utilização de transporte público, necessidades educacionais especiais e rendimento escolar do ano anterior.

Da mesma forma são solicitadas informações sobre cada professor que esteja em regência de classe, sobre as turmas existentes e, ainda, detalhes sobre a escola, como infraestrutura, equipamentos, participação em programas como livro didático e alimentação escolar, dados educacionais como modalidades (regular, especial ou de jovens e adultos) e etapas (creche, pré-escola, fundamental, médio, profissional) oferecidas. Também são solicitadas
informações sobre utilização de material didático específico para grupo étnico, sala de recursos, atendimento educacional especializado.

Com a riqueza de dados coletados, compõe-se um quadro detalhado da educação básica nacional, que permite aos pesquisadores e órgãos de governo verificar tanto a situação atual quanto sua evolução, bem como os resultados de políticas implementadas. Os dados do censo escolar constituem a mais completa fonte de informações utilizadas pelo Ministério da Educação para a formulação de políticas e para o desenho de programas. É também a base para a definição de critérios para repasse – a escolas, estados e municípios – dos diversos tipos de recursos existentes.

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> Correio Braziliense, 25/05/2010 - Brasília DF
Lei prevê que bibliotecas de escolas sejam administradas por profissionais habilitados
Agência Brasil
A lei publicada hoje (25) no Diário Oficial da União que obriga todas as escolas públicas e privadas a terem uma biblioteca também estabelece que o espaço deverá ser administrado por profissionais da área. Para a presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB), Nêmora Rodrigues, esse detalhe faz toda a diferença porque sem a organização adequada a biblioteca fica subutilizada. Segundo o Censo Escolar de 2009, 28,2% das escolas públicas do país contam com bibliotecas, atendendo a 53% das matrículas da educação básica. “Nós tivemos muito trabalho para aprovar uma lei que deveria ser o óbvio:  todas as bibliotecas deveriam ser aparelhadas e contar com profissionais habilitados”, ressalta Nêmora.

Mesmo que a escola conte com o equipamento, é preciso profissionais capacitados para que o espaço não se transforme em um mero “depósito de livros”. “O profissional da área vai prestar serviços tanto na questão da organização de acervos quanto na promoção das atividades que atraiam os alunos para utilizar a biblioteca para ampliar os conhecimentos de sala de aula. Também é um ponto importante de acesso de informação para professores e a comunidade”, 
defende a presidente da entidade. A lei estabelece que toda escola tenha um acervo de livros de pelo menos um título por aluno matriculado. O prazo para instalar as bibliotecas é de dez anos. Pesquisa divulgada em abril pelo Ministério da Cultura aponta que 445 municípios do país não têm biblioteca, o que representa 8% do total. O estado com o maior número de cidades sem esses espaços para leitura é o Maranhão (61). As bibliotecas municipais brasileiras têm em média 4,2 funcionários e a maioria (84%) é mulher. Entretanto, 52% dos trabalhadores desses estabelecimentos não têm capacitação para a atividade.

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> Estado de Minas, 26/05/2010 - Belo Horizonte MG
Lula exige um livro por aluno
Sancionada lei que obriga escolas a incentivar leitura e montar bibliotecas em 10 anos, com, no mínimo, uma publicação por estudante matriculado, para despertar consciência cultural
Glória Tupinambás
Incentivar a leitura nas escolas brasileiras agora é lei. Texto sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obriga todas as instituições de ensino públicas e privadas a terem bibliotecas, com acervo mínimo de um livro por aluno matriculado. A medida pretende tirar do abismo cultural milhares de estudantes que, hoje, não têm acesso ao conhecimento guardado nas páginas dos livros. Dados do Censo Escolar 2009, feito pelo Ministério da Educação (MEC), revelam uma situação preocupante: mais de 65% das escolas de ensino fundamental do país não contam com bibliotecas próprias. Em Minas, a falta de espaço para literatura é uma realidade em 40% das unidades de ensino.

A lei foi publicada ontem no Diário Oficial da União (DOU) e as escolas terão prazo máximo de 10 anos para instalar os espaços destinados aos livros, material videográfico, documentos para consulta, pesquisa e leitura. A legislação determina acervo mínimo de um livro por aluno, mas permite que o sistema de ensino responsável pela administração da escola adapte as coleções de acordo com as necessidades de cada instituição. Também caberá aos sistemas – federal, estadual, municipal ou privado – promover a divulgação e
preservação do acervo e garantir o bom funcionamento das bibliotecas escolares.

A expectativa do MEC é de que a sanção dessa lei desperte nos educadores a consciência para a importância dos espaços literários dentro das unidades de ensino. “A legislação deixa claro para a sociedade que a biblioteca na escola se constitui como espaço fundamental para desenvolvimento do ensino e aprendizagem, e também no âmbito cultural. Há uma diferença significativa entre as bibliotecas públicas e esses espaços de interação com a leitura dentro do ambiente escolar”, explica o diretor de Políticas de Formação, Material Didático e Tecnologias para a Educação Básica do ministério, Marcelo Soares da Silva.

Em Belo Horizonte, a publicação dessa lei se transforma em esperança para alunos como os da Escola Municipal Alcida Torres, no Bairro Taquaril, na Região Leste. Apesar de contar com um rico acervo de livros e revistas, faltam projetos de incentivo à leitura na biblioteca da instituição. Outro problema é o uso frequente do espaço como um simples depósito de materiais didáticos encaixotados. “Recebemos lançamentos e best-sellers
continuamente, mas falta consciência com relação à importância da biblioteca. Com o espaço tomado por atividades e materiais alheios aos determinados oficialmente, é impossível desenvolver o trabalho de incentivo à leitura e apoio às pesquisas escolares”, lamenta o auxiliar de biblioteca da escola, Alexandre da Costa Campinas.

Já na Escola Estadual Silviano Brandão, no Bairro Lagoinha, na Região Nordeste, o contato com os livros faz parte do cotidiano dos 960 alunos. No currículo da unidade escolar, as disciplinas de geografia, história e ciências dividem espaço com aulas de biblioteca. São atividades lúdicas, como contação de histórias e saraus, e de pesquisa escolar orientada, que estimulam a paixão pela literatura. “Gosto muito de ler. Adoro aprender novas palavras, escrever poemas e ganhar livros de presente”, conta Ester Santos Pereira, de 9 anos, aluna do 4º ano do ensino fundamental. Ao contrário de Ester, Michel Saviotti, também de 9 anos, confessa não ser fã de carteirinha da leitura. Mas ele reconhece a importância do hábito. “Não sou apaixonado, mas faço a minha parte e leio pelo menos um pouco. O que mais gosto são as revistas em quadrinho e as histórias de ficção”.

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> Correio Braziliense, 25/05/2010 - Brasília DF
Lei obriga presídios a instalarem salas de aula para atendimento educacional dos detentos
Agência Brasil
Foi publicada hoje (25) no Diário Oficial da União uma lei que altera a Lei de Execução Penal e obriga a instalação salas de aula nos presídios “destinadas a cursos do ensino básico e profissionalizante”. A legislação, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entra em vigor a partir da sua publicação. Em 2009, a Plataforma Brasileira de Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (Dhesca Brasil) publicou um relatório sobre o tema que apontava que menos de 20% da população carcerária tinham acesso a algum tipo de atividade escolar. O estudo alerta ainda que 70% dos detentos não possuem ensino  fundamental completo e 8% são analfabetos.

Segundo a pesquisa, a principal dificuldade para oferta do ensino em prisões está no fato de que o acesso a esse serviço é visto como “privilégio” e não como direito. No início deste ano, o Conselho Nacional de Educação (CNE) publicou as Diretrizes Nacionais para a Oferta de Educação nos Estabelecimentos Penais, que orienta e torna obrigatório o atendimento escolar a essa população. Sobre a infraestrutura, o documento do colegiado destaca que, com raras exceções, são espaços geralmente “improvisados e precários, sem qualquer 
organização especial”. Na avaliação do conselheiro Adeum Sauer, relator desse parecer, a aprovação da lei é “muito positiva” porque reforça as diretrizes aprovadas pelo CNE. “A Constituição estabelece o acesso à educação como um direito público subjetivo de todo cidadão, ela não diz se ele está na prisão ou em liberdade”, aponta Sauer. O conselheiro ressalta que a oferta desse serviço é de responsabilidade dos estados, já que são eles os responsáveis por administrar as unidades de detenção. “Uma lei como essa ajuda porque sempre tem mais força do que um parecer do conselho”, acredita.

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> O Estado de São Paulo, 25/05/2010 - São Paulo SP
Apenas metade das escolas no Brasil oferece acesso à internet para alunos
Taxa brasileira de conexão é inferior a de países como Omã, Chile, Tunísia e Turquia
Jamil Chade, de O Estado de S. Paulo
GENEBRA - Apenas metade das escolas brasileiras tem acesso à internet. Os dados foram publicados nesta terça-feira, 25, pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), que indica que a taxa brasileira é bem inferior à média dos países ricos. O acesso de escolas brasileira à internet é ainda inferior às taxas de Omã, Chile, Arábia Saudita, Tunísia e Turquia. Na Jordânia, 80% das escolas estão conectadas. Nos países ricos, praticamente 100% das escolas estão conectadas à internet e a maioria à banda larga. Na Croácia, Suécia e Reino Unido, todas as escolas já contam com a internet de alta velocidade. Já em 2004, 97% dos colégios canadenses estavam conectados. No caso do Brasil, a taxa ao final de 2009 seria de 56%. No Chile, a taxa é de mais de 65%. No Uruguai, o governo conseguiu garantir que 100% das escolas tenham acesso à internet de alta velocidade. Outra constatação é de que menos de 10% das bibliotecas brasileiras fornecem acesso à internet aos visitantes. No México, a taxa é de 40%.

Língua - Apesar da baixa presença em escolas brasileiras, a internet vem observando um aumento importante no uso do português na rede. Hoje, a língua de Camões é a 6a mais usada no mundo virtual. No total, 73 milhões de internautas usam o português para se comunicar, um número superior aos usuários em alemão ou árabe. O português já rivaliza com o francês, que tem 74 milhões de usuários na rede. A lingual mais usada na internet é o inglês, com quase 464 milhões de usuários adotando o idioma como ferramenta principal de comunicação. Mas a língua de americanos, britânicos e australianos vem perdendo espaço. Em 1996, 80% dos usuários da internet eram anglófonos. Essa taxa caiu para 30% em 2007 e 
hoje é de apenas 15%. Na prática, isso reflete o fato de que um número cada vez maior de usuários que não falam inglês estão ganhando acesso â rede.

Hoje, a segunda língua mais "falada" na rede é o chinês, diante do tamanho da China e do número crescente de internautas. No total, são 321 milhões de internautas que usam prioritariamente o chinês como língua. O espanhol vem na terceira posição, com 131 milhões de usuários. Outra indicação da proliferação de outras línguas na rede é o número de sites registrados como .in (Índia), .ru (Rússia) e .cn (China). Mais da metade dos usuários de Internet hoje ainda usam alfabetos não-latinos, o que também exigiu a adequação dos caracteres. Hoje, a Google já reconhece 41 línguas e o Windows 7 deve anunciar sua versão 2011 em 160 idiomas, 59 a mais que em 2009.

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> Portal Universia, 25/05/2010
Universidades resistem a adotar certificação de gestão
Potencial de ISO 9.001 não é aproveitado pelo setor
Larissa Leiros Baroni
Apesar de reconhecida eficiência, instituições de Ensino Superior não adotam certificação da ISO 9.001. De um lado, a qualidade do setor é uma das principais metas para o PNE (Plano Nacional de Educação) da próxima década (2011-2020). Do outro, as normas internacionais previstas pela certificação que fornecem a criação de um sistema de gestão de qualidade. Necessidade e ferramenta que se completam, mas que, na realidade, ainda não convivem uma com a outra. A certificação, desde a sua implementação no Brasil, foi bem recebida por empresas dos mais variados setores. Mas segundo Augusto Balbarda, membro do comitê brasileiro da qualidade da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), equivocadamente a norma técnica não era encarada pelas instituições de ensino com um modelo de gestão para seus negócios. "A ISO 9.001 foi criada para ser aplicável a qualquer tipo de negócio. Falta, porém, por parte das universidades se reconhecerem como empresa", diz ele.

Para viabilizar o uso da norma técnica no setor educacional, a ABNT publicou um guia de referências específico, que entrou em vigor no dia 30 de outubro de 2006. "O documento apresenta a aplicabilidade da ISO 9.001 em todos os processos de gestão de uma instituição de ensino, seja ela pública ou privada, grande ou pequena", explica Balbarda. A norma técnica, de acordo com ele, se restringe a gestão do negócio, sem qualquer interferência ao conteúdo pedagógico. Regras que envolvem desde o planejamento até a execução e a análise dos resultados. A criação do guia foi uma reivindicação da própria academia. É o que conta Geraldo Moises Martins, professor e gestor universitário que já atuou em instituições como a UnB (Universidade de Brasília), UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), UFV (Universidade Federal de Viçosa). "Os critérios e indicadores da ISO 9.001 eram bastante generalistas e nem todos se aplicavam aos estabelecimentos educacionais. Portanto, nada melhor do que estabelecer normas específicas para o setor", afirma ele, que na época comandou o comitê organizador do documento à frente do cargo de presidente da Funadesp (Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular). O mesmo procedimento ocorreu com a indústria automobilística e aeronáutica. Áreas que, na opinião de Martins, requerem uma avaliação diferenciada.

Mas mesmo com toda essa adaptação, que já 
completa quase quatro anos de criação, a presença da certificação no setor acadêmico ainda é quase nula. "Se é que não podemos dizer que é nula", arrisca Martins. Os próprios dados da ABNT comprovam o baixo índice de adesão das universidades ao ISO 9.001 como ferramenta de melhora da eficiência de suas gestões. Segundo a assessoria de imprensa da associação, uma das certificadoras da norma técnica, a agência não certificou nenhuma instituição de Ensino Superior. Os motivos que justificam a inexistência de adesão das IES são os mais variados. Enquanto há aquelas que desconhecem a existência das normas técnicas ou até mesmo a aplicabilidade delas no setor educacional, outras não se interessam pela certificação em função da complexidade de sua aplicação. Justificativas que, segundo Martins, só tendem a emperrar o avanço das instituições de Ensino Superior do País, sejam elas públicas ou particulares. "Não existe nada capaz de dar garantia de qualidade - de uma forma tão rigorosa e transparente - como a certificação", garante o gestor. Segundo ele, o processo promove a padronização dos processos, a diminuição de desperdícios, otimização dos recursos e a efetivação de resultados.

Os ganhos a partir da adoção da ISO 9.001, para Martins, são diretos e indiretos. "Com uma gestão de qualidade, ganha a universidade que pode se destacar em meio à alta competitividade do mercado e ganha também a comunidade com a formação de recursos humanos mais capacitados", compare Martins, que procura desmistificar alguns consensos equivocados do próprio setor. "A excessiva preocupação com o retorno financeiro e a qualidade de ensino, muitas vezes, desviam a atenção em relação aos processos de gestão. O que se esquece, porém, é que uma boa gestão também auxilia no alcance desses objetivos", destaca o gestor.

A efetividade da certificação, para Martins, já é comprovada em outros países, tais como Japão e Estados Unidos. "No Brasil, a experiência de algumas empresas também pode ser analisada como exemplo. Há algumas que, com a adoção da ISO 9.001, mudaram da água para o vinho e conquistaram inclusive prêmios por excelência na gestão", cita ele. Ainda que reconheça a viabilidade da implementação da norma técnica no sistema de ensino público, Amaro Lins, reitor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e ex-presidente da Andifes, aponta a necessidade de uma maior preparação do setor para que a norma técnica possa vir a colaborar 
com os processos de gestão da academia. "Todos os programas de melhoria de qualidade são importantes e precisam ser avaliados com mais cuidado. Mas a implementação de qualquer processo, principalmente no setor público, não acontece de uma hora para outra", explica ele. A decisão, segundo Lins, não cabe exclusivamente ao reitor, mas depende da aprovação do conselho acadêmico. "Portanto, exige primeiro a promoção de debates sobre o assunto no campus universitário", resume Lins.

Se de um lado, as universidades públicas enfrentam um dilema burocrático, do outro, as instituições particulares - com maior autonomia para tomar decisões gerenciais - vivenciam questões estruturais. "Em geral, as IES se dedicam a atender as necessidades mais prementes, tais como inadimplência, evasão e a própria certificação do MEC (Ministério da Educação)", relata Custódio Pereira, diretor-geral das Faculdades Integradas Rio Branco. Essas questões, segundo Martins, também podem ser prevenidas ou até mesmo sanadas a partir da adoção de um modelo de gestão mais eficiente. "A adaptação à ISO 9.001 prepara, indiretamente, as instituições para as avaliações governamentais, que são muito mais subjetivas", assegura ele. Mas Pereira aponta ainda a dedicação e o custo envolvidos no processo da certificação como impeditivo à adesão ao ISO 9.001. "Exige uma adaptação organizacional grande, até porque o processo não se restringe apenas a implantação. É necessário ainda investir nas renovações", argumenta ele.

Além do custo, que de acordo com Balbarda varia de acordo com o tamanho da instituição, o selo de qualidade exige disposição para mudanças. "Isso porque o processo envolve todos os setores acadêmicos e todos os funcionários desde o diretor até o faxineiro", diz o membro do comitê brasileiro da qualidade da ABNT, que relaciona a adoção da norma técnica ao custo mínimo de R$ 20 mil. "Valor que naturalmente será recuperado pela eficiência da gestão", garante ele. Para aderir à norma técnica, basta as IES contatarem um dos organismos acreditados pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial). "Para ajudá-las na implantação dos processos, há algumas consultorias especializadas. Ainda sim, o ideal é que a universidade aprenda a fazer o serviço para se tornar mais autônoma", recomenda Balbarda.

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Editoriais, artigos e opiniões

> A Notícia, 26/05/2010 - Joinville SC
A prova dos professores
Editorial
Mal o Ministério da Educação anunciou sua intenção de implantar o Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente e as entidades representativas de professores já manifestam contrariedade com a possibilidade de avaliação qualitativa do magistério. É incompreensível aos cidadãos esta resistência corporativa dos professores a qualquer processo avaliativo, sob o pretexto de que a prova desrespeitaria características regionais e desconsideraria outros aspectos do processo pedagógico que precisam ser melhorados.

Ora, os professores têm mesmo de lutar pela melhora da qualidade de ensino e por melhorias salariais, já que, reconhecidamente, são uma categoria mal remunerada para a importância da atividade que exercem. Mas não agem com sensatez ao se opor a qualquer iniciativa no sentido da implantação de uma meritocracia que 
já se comprovou positiva em outros setores da economia e na educação.

Apesar da oposição das entidades classistas, a ideia de uma prova nacional para professores, semelhante ao Enem, deve ser encarada como um fato positivo. A Constituição, ao estabelecer que a educação de qualidade é um direito do cidadão e um dever do Estado, supõe que tal direito seja exigido e que tal dever seja fiscalizado, cobrado e avaliado em todos os aspectos. É evidente que esta é apenas uma das múltiplas e complexas questões que envolvem a educação. Cada vez mais, o País se conscientiza em relação às carências do ensino e às distorções públicas e privadas na área. Uma delas é a da qualificação dos professores e da necessidade de um processo de formação técnica, didática e humana compatível com a responsabilidade de ensinar.

Estabelecer um processo de avaliação é, além de um avanço, uma necessidade. A qualidade do ensino interessa ao Brasil, às escolas, às famílias, aos alunos, às faculdades e deve ser a óbvia preocupação de cada professor ou das corporações profissionais. Tal qualidade resulta num país que, como revelou uma pesquisa de 2009 sobre alfabetização, feita pelo Instituto Paulo Montenegro, apenas 25% da população adulta são plenamente alfabetizados. Qualquer iniciativa de buscar ensino eficaz e condições a seus agentes deve ser discutida com responsabilidade, sem preconceitos e sem outra motivação que a de encontrar o que interesse ao País. Os professores fazem parte de uma das atividades essenciais para a construção da sociedade. Precisam integrar-se aos esforços no sentido de construir uma profissão respeitada e de crescer por um mérito que precisa ser reconhecido e valorizado.

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> A Notícia, 26/05/2010 - Joinville SC
A escola e a desonestidade
Izaias de Souza Freire
Na condição de professor e de cidadão, causou-me imenso aborrecimento a publicação de um livro do comediante Danilo Gentili lançado ano passado sob o título “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola”. O livro é uma apologia às práticas de desonestidade na escola. O autor ensina como colar nas provas, fingir doenças para faltar às aulas, espalhar fofocas e comportamentos do gênero. No mês de abril, o Ministério Público avaliou que o livro seria inadequado para menores de 18 anos e decidiu colocar um selo de advertência na capa. Tenho sérias dificuldades de lidar com o tema da censura, mas ideias como estas, que contribuem para a naturalização de práticas de corrupção numa cultura sobejamente farta desses vícios como a nossa, precisam ser duramente combatidas. O mesmo se aplica a ideias que incitam o racismo e outras formas de degradação do ser humano. Numa democracia, as ideias só deveriam ter livre circulação quando não conspirassem contra o bem comum ou contra valores tidos como universais.

O livro de Gentilli é uma exaltação ao velho “jeitinho brasileiro”. Um mal que se estende das práticas cotidianas às velhas práticas políticas de suborno, compra de votos, mensalinhos e mensalões que se perpetuam na vida política do País. É sempre bom lembrar em ano de Copa do Mundo que não somos apenas campeões de futebol, mas também de corrupção, e isso não deveria ser nenhum motivo de orgulho. Essas práticas têm longa história entre nós e, de tão arraigadas no dia a dia, chegamos ao ponto de concebê-las como algo pertencente a uma suposta “natureza humana”. É papel do educador combatê-las, desnaturalizá-las. Se nossa polícia é uma das mais corruptas do mundo, é preciso lembrar aos nossos alunos que ela é composta por membros da sociedade da qual fazemos parte e não de um grupo de alienígenas que caíram de paraquedas por aqui – o mesmo se aplica aos políticos.

Tenho estabelecido em minha prática pedagógica um combate a esses vícios que se manifestam no cotidiano escolar, lugar onde eles começam a dar os primeiros sinais nas práticas de plágios, de furar a fila, de colar na prova, pequenos deslizes que acabam se estendendo à vida adulta numa fraqueza de caráter com a qual 
estamos muito bem familiarizados. A sociedade brasileira é corrupta e mudar isso depende de todos nós. Depende do exemplo dos pais dado aos filhos, depende do papel da mídia em continuar denunciando os maus políticos, depende da escola, depende da sociedade civil.

O autor do livro disse em entrevista a uma importante revista de circulação nacional ter sido o pior aluno da sala. Ao ser perguntado sobre sua popularidade na escola, Gentilli responde que sempre foi popular entre os idiotas. Isso é péssimo. Uma publicação como esta endereçada ao público jovem é nociva e, pior, parte de um sujeito capaz de influências, de alguém que está na mídia. Uma atitude que preconiza uma pedagogia da desonestidade, que, no mínimo, se constitui num insulto ao bom senso. A “obra” já vendeu 13 mil exemplares e o autor comemora o selo colocado na capa de seu livro pelo Ministério Público afirmando que “venderá muito mais”, numa clara referência ao poder que tem o antimarketing diante de uma restrição ou censura.

A escola e a desonestidade, por Izaias de Souza Freire* Na condição de professor e de cidadão, causou-me imenso aborrecimento a publicação de um livro do comediante Danilo Gentili lançado ano passado sob o título “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola”. O livro é uma apologia às práticas de desonestidade na escola. O autor ensina como colar nas provas, fingir doenças para faltar às aulas, espalhar fofocas e comportamentos do gênero. No mês de abril, o Ministério Público avaliou que o livro seria inadequado para menores de 18 anos e decidiu colocar um selo de advertência na capa.

Tenho sérias dificuldades de lidar com o tema da censura, mas ideias como estas, que contribuem para a naturalização de práticas de corrupção numa cultura sobejamente farta desses vícios como a nossa, precisam ser duramente combatidas. O mesmo se aplica a ideias que incitam o racismo e outras formas de degradação do ser humano. Numa democracia, as ideias só deveriam ter livre circulação quando não conspirassem contra o bem comum ou contra valores tidos como universais.

O livro de Gentilli é uma exaltação ao velho 
“jeitinho brasileiro”. Um mal que se estende das práticas cotidianas às velhas práticas políticas de suborno, compra de votos, mensalinhos e mensalões que se perpetuam na vida política do País. É sempre bom lembrar em ano de Copa do Mundo que não somos apenas campeões de futebol, mas também de corrupção, e isso não deveria ser nenhum motivo de orgulho. Essas práticas têm longa história entre nós e, de tão arraigadas no dia a dia, chegamos ao ponto de concebê-las como algo pertencente a uma suposta “natureza humana”. É papel do educador combatê-las, desnaturalizá-las. Se nossa polícia é uma das mais corruptas do mundo, é preciso lembrar aos nossos alunos que ela é composta por membros da sociedade da qual fazemos parte e não de um grupo de alienígenas que caíram de paraquedas por aqui – o mesmo se aplica aos políticos.

Tenho estabelecido em minha prática pedagógica um combate a esses vícios que se manifestam no cotidiano escolar, lugar onde eles começam a dar os primeiros sinais nas práticas de plágios, de furar a fila, de colar na prova, pequenos deslizes que acabam se estendendo à vida adulta numa fraqueza de caráter com a qual estamos muito bem familiarizados. A sociedade brasileira é corrupta e mudar isso depende de todos nós. Depende do exemplo dos pais dado aos filhos, depende do papel da mídia em continuar denunciando os maus políticos, depende da escola, depende da sociedade civil.

O autor do livro disse em entrevista a uma importante revista de circulação nacional ter sido o pior aluno da sala. Ao ser perguntado sobre sua popularidade na escola, Gentilli responde que sempre foi popular entre os idiotas. Isso é péssimo. Uma publicação como esta endereçada ao público jovem é nociva e, pior, parte de um sujeito capaz de influências, de alguém que está na mídia. Uma atitude que preconiza uma pedagogia da desonestidade, que, no mínimo, se constitui num insulto ao bom senso. A “obra” já vendeu 13 mil exemplares e o autor comemora o selo colocado na capa de seu livro pelo Ministério Público afirmando que “venderá muito mais”, numa clara referência ao poder que tem o antimarketing diante de uma restrição ou censura.

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