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Quarta feira, 26 de maio de 2010 |
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Folha Dirigida — O MEC lançou um exame nacional para
ingresso na carreira docente. Quais as bases desta avaliação?
Fernando Haddad — Aproveitamos o ano de 2009 para estudar as matrizes de avaliações aplicadas em seis países de alto desempenho educacional. Para isto, o MEC enviou missões de especialistas para cada um deles, para interagir com seus dirigentes da área de Educação, com o intuito de nos apropriarmos do modelo de cada um destes países e colocar, em consulta pública, a matriz brasileira. A ideia é, a partir do segundo semestre, elaborar um banco de itens para que o próximo governo, se quiser, possa realizar o exame, ao longo de 2011. Por isto, não há uma previsão de data para a prova. Vai depender muito do que ocorrer na consulta. A matriz brasileira foi inspirada nas matrizes de quais países? Nos inspiramos nas matrizes dos Estados Unidos, Cuba, Chile, Inglaterra. O número de avaliações que cada um deles realiza varia de caso a caso. Mas, no caso do Brasil, acredito que teria de ser no mínimo anual, uma vez que as contratações de professores se dão no início do ano. É um exame absoluto e voluntário. O professor recém-formado que quiser faz e o sistema de ensino que quiser, utiliza. Não há qualquer intenção além de contribuir como instrumento adicional. De que forma o MEC espera que este exame tenha desdobramentos em relação à melhoria da qualidade dos professores? Será criado, nos sistemas, um ambiente de competição saudável pelos melhores profissionais. Isto tende a valorizar a carreira do magistério. Além disto, acho que haverá impacto nos cursos de formação que, evidentemente, vão adequar seus cursos a esta matriz, para obterem sucesso. E, em segundo lugar, mas tão importante quanto isto, a meu ver, poderemos criar uma situação em que o magistério seja valorizado, pois o professor, de posse de seu resultado, vai poder escolher o sistema de ensino que melhor lhe aprouver, do ponto de vista das condições profissionais, do trabalho inicial e outros fatores. O Conselho Nacional de Educação (CNE) avalia a implantação da progressão continuada nos três primeiros anos do fundamental, para o processo de alfabetização. Qual a sua posição sobre esta proposta? O CNE é um órgão de estado. Os conselheiros têm mandato e discutem este assunto e vários outros, de forma rotineira. O mandato dos conselheiros vai para além do mandato do presidente Lula, o que é bom, pois garante a continuidade dos trabalhos. E o que está em discussão não é exatamente um debate sobre aprovação ou repetência e sim, mudanças pedagógicas no ciclo de alfabetização. É um modelo que nem está fechado ainda. Trata-se de uma discussão preliminar. Não há nem uma minuta de resolução sobre a qual eu possa me posicionar. Mas, o que está exatamente em discussão? O ciclo de alfabetização escolar. E existe, aí, um problema a ser considerado. Diria que, sem medo de errar, mais de 50% da reprovação no 1º e no 2º anos se dá por frequência e não por questões relativas ao aprendizado. Então, há uma questão a ser melhor avaliada. As condições socioeconômicas das famílias que respondem mais pela reprovação das crianças de 6 e 7 anos do que as condições da própria escola. |
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