Em
termos de políticas públicas de inclusão de novas tecnologias na sala
de aula, educadores são unânimes ao salientar a necessidade de
capacitação dos professores. Contudo, especialistas alertam: é preciso
que a capacitação seja em em serviço. Além disso, é importante levar o
viés tecnológico para os cursos de formação de professores e, ainda,
promover a valorização destes profissionais. Com 45 anos de experiência
no magistério, a professora Lia Faria, diretora da Faculdade de
Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), afirma que
se o professor continuar a ser formado como se fosse dar aulas no
século passado, por mais diversos que sejam os produtos tecnológicos,
nada vai mudar no processo de ensino aprendizagem. A educadora partilha
da mesma opinião do professor Pier Cesare Rivoltella, docente da
Università Cattolica del Sacro Cuore, de Milão (Itália), que esteve no
Rio nos últimos dez dias participando de atividades acadêmicas na
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Segundo o
especialista italiano, concentrar os investimentos em equipamentos
tecnológicos sem capacitar os professores pode levar a resultados
insuficientes na aprendizagem dos alunos. Diretor do Centro di Ricerca
per l’Éducazone al Média all´Informazione e alla Tecnologia, ele fez
uma palestra sobre as políticas públicas desenvolvidas na Itália para
levar as novas tecnologias para as salas de aula.
No Brasil, no
entanto, afirma Lia Faria, existem problemas de fundo histórico. Um
deles seria a definição do perfil desejado de professor, que
|
por
sua vez é baseado no perfil de escola e de cidadão desejados para a
nação. "A escola não é uma ilha da fantasia. É uma instituição social e
está a serviço de determinado modelo. Os cursos de formação de
professores têm de ser renovados. Hoje, a imagem tem muito mais força
do que a palavra escrita ou falada em nossa sociedade. E as
licenciaturas ainda têm muito pouco espaço para imagem", argumenta Lia
Faria, destacando a necessidade de melhores salários e de valorização
social do magistério. A diretora da Faculdade de Educação da Uerj
anunciou a aquisição de duas telas interativas, que serão utilizadas no
curso de Pedagogia e nos cursos de Licenciatura da Uerj, a partir de
março. "Conseguimos, com apoio da Faperj, duas telas interativas, que
serão utilizadas por nossos alunos. No dia 10 de março, quando
começaremos o primeiro semestre deste ano, o presidente da Faperj
participará da inauguração de duas salas multimídia, elaboradas com
recursos da Faperj", informa Lia Faria.Formação em sala de aula —
Presidente da Empresa de Multimeios do Rio de Janeiro (Multirio), a
professora Cleide Ramos salienta que os aspecto cultural é decisivo
para a mudança da prática pedagógica. Embora as políticas públicas, no
Rio de Janeiro e em outras cidades brasileiras, tenham caminhado de
forma relativamente rápida nos últimos 15 anos, assinala Cleide Ramos,
a cultura em formação tecnológica dos professores ainda está em
construção.
"Há 15 anos, quando
começamos com o trabalho de Informática na Multirio, a questão da
tecnologia |
não
parecia ser muito necessária e nem estava no hábito dos docentes.
Porém, hoje vivemos num mundo globalizado e a vida nos exige a
interação com a tecnologia. Historicamente, até mesmo por conta dos
recursos, se cometeu um erro na incorporação da tecnologia, que foi,
até por questões operacionais, focada na Administração", observa a
educadora. De acordo com a presidente da Multirio, para levar as
tecnologias para as salas de aula, efetivamente, é preciso
instrumentalizar os professores e também incentivar a produção.
"Incentivamos os
professores a fazerem pequenos projetos que possam levar para a sala de
aula. Os alunos hoje estão conectados na internet podem ajudar os
professores. No ano passado, capacitamos dois mil professores
alfabetizadores apresentado-lhes diferentes meios, como televisão,
internet e outros. E também oferecemos, em parceria com a Planeta
Pontocom, um curso via internet para 500 professores. Nesse grupo,
tivemos 110 trabalhos muito bons e os melhores alunos irão monitorar a
próxima turma", observa Cleide Ramos. Outras iniciativas anunciadas
pela presidente da Multirio são a criação de um novo portal na internet
e o lançamento da série "Por trás da Cena", que tem como objetivo a
educação do olhar de professores e alunos. "Um dos pontos que
pretendemos trabalhar é a questão da gestão da informação na sala de
aula. Os professores são capazes de descobrir com os alunos diferentes
fontes de informação e orientá-los a utilizá-las adequadamente",
completa a educadora. |