Mapa da região do Cerrado. Os limites da ecorregião demarcado dentro da linha amarela: Imagem
NasaO bioma Cerrado é a segunda maior formação vegetacional do Brasil. Sua formação do tipo savana tropical possui fisionomia mais comum composta de árvores e arbustos baixos coexistindo com uma camada graminosa. No entanto, existem várias outras fisionomias, indo desde cerradão arbóreo até campos limpos estendendo-se por uma área de 2.045.064 km2 , o que corresponde a 20% do território nacional abrangendo oito estados do Brasil Central: Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí e o Distrito Federal.
O Cerrado tem duas estações: chuvosa e seca
Face às condições climáticas - clima tropical típico com estações bem definidas,
seca de abril a setembro, e
chuva de outubro a março, e temperaturas médias em torno de
25º C, podendo chegar a máximas de
40ºC no alto verão.
A vegetação exibe árvores de médio porte, retorcidas, de folhas ásperas e casca grossa e rugosa com raízes de até 15 m para a busca de água em regiões profundas do solo, em épocas de seca. Normalmente não formam grupos compactos, e sim entremeados de vegetação baixa como grama e arbustos. Nas regiões onde o Cerrado predomina, o clima é quente e há períodos de chuva e de seca, com incêndios espontâneos esporádicos, com alguns anos de intervalo entre eles, ocorrendo no período da seca.
Fisionomia do Cerrado
A maior ou menor densidade de árvores e arbustos diferencia os tipos de cerrado:
- Campo cerrado - caracteriza-se por vegetação predominante rasteira com ocorrência de árvores e arbustos bastante espaçados entre si.
- Cerrado- Apresenta vegetação retorcida de até 05 metros, revestida de casca espessa, galhos baixos, e copas assimétricas.
- Cerradão - É uma formação florestal constituída por três estratos distintos: Superior, com árvores esparsas que podem atingir de 06 a 12 metros, predominando as de madeira dura; intermediário com árvores e arbustos retorcidos; e inferior constituído por vegetação rasteira.
- Campo sujo - possui cerca de 15% de árvores e arbustos, os quais concentram-se geralmente em "ilhas" de vegetação chamados de campos de murundus . (pequenas elevações circulares com mais ou menos 1 metro de altura e 4 a 6 metros de diâmetro podendo variar em altura e apresentar maior ou menos convexidade) veja os murundusAQUI eAQUI também - TesePrudencioRodrigues.pdf
- Campo limpo - Tipo fitofisionomia herbácea, com poucos arbustos e nenhuma árvore. É comumente encontrada junto às veredas, olhos d'água e em encostas e chapadas.
Campo cerradoCampo-cerrado. Foto daqui. Os troncos tortos podem ser considerados como um efeito do fogo no crescimento dos caules, impedindo-os de se tornarem retilíneos pois pelas mortes de sucessivas gemas terminais e brotamento de gemas laterais, o caule acaba tomando uma aparência tortuosa.
A causa do surgimento deste tipo de vegetação é explicada por vários motivos, conforme os autores: Vão desde a pobreza do solo, normalmente muito ácido com deficiência nutricional e alto teor de alumínio, passando pela irregularidade das chuvas, com longos períodos de seca; até a frequência de queimadas. Realmente no Cerrado as queimadas são comuns em determinada época do ano, e surgem até espontaneamente, devido principalmente a raios (que nesta região são também muito frequentes), sem contar as provocadas pelo homem.
.Cerradão Vegetação densa, na qual podem ser encontradas árvores mais altas, com até quinze metros de altura.
Campo sujoPredominam arbustos espaçados. As árvores aparecem ainda mais distantes uma das outras nos campos cerrados, onde, assim como nos campos limpos, predominam as gramíneas.
Campo limpo Áreas sem mata, cobertas de gramíneas. São terrenos planos, vales e colinas.
Camada de súber das árvores do Cerrado
A espessa camada de súber (tecido formado por células mortas) que envolve troncos e galhos no Cerrado é outra característica interpretada como uma adaptação ao fogo. Agindo como isolante térmico, o súber impediria que as altas temperaturas das labaredas atingissem os tecidos vivos mais internos dos caules. Muitas plantas herbáceas (porte de erva) têm órgãos subterrâneos, onde são armazenados água e nutrientes. Cortiça grossa e estruturas subterrâneas podem ser interpretadas como algumas das muitas adaptações desta vegetação, que lhe permite subsistir às secas e às queimadas periódicas a que é submetida, protegendo as plantas da destruição e capacitando-as para rebrotar após o período de estiagem e/ou após o fogo.
Durante muito tempo se pensou que o fogo, pela sua capacidade destrutiva e pelo resultado estético que ele provocava – uma paisagem coberta de cinzas, com árvores enegrecidas e sem folhas, aparentemente mortas – fosse uma força destrutiva e ruim para o Cerrado. Em meados da década de 1950, os estudos relevantes a respeito do Cerrado começaram a colocar essa idéia em questão. Apesar de ser uma força destrutiva, parecia que a relação entre fogo e Cerrado estava longe de ser compreendida apenas com esse viés catastrófico.
Porém, um dos fatores ecológicos mais importantes dessas regiões é o fogo. Ele pode ser gerado de diversas formas naturais, mas a principal delas são as descargas elétricas. Os incêndios diminuem a densidade do cerrado, prejudicando o incremento do material lenhoso e favorecendo a expansão das plantas herbáceas.
Outra hipótese, de maior aceitação, considera o cerrado uma vegetação clímax, que não se torna uma floresta devido às condições de clima e solo existentes, tendo o fogo um papel secundário. De acordo com a segunda hipótese, a falta de nutrientes essenciais e a grande presença de alumínio são as responsáveis pela fisionomia característica dos cerrados.
A Temperatura do Ar e do Solo nas queimadas
Um dos efeitos mais imediatos é a elevação da temperatura local, seja do ar, seja do solo. Os poucos dados de que dispomos mostram que a temperatura do ar na chama pode atingir
800ºC ou mais. Todavia, esta elevação é de curta duração; o fogo passa rapidamente. No solo a elevação é também momentânea, porém bem menos intensa. Dentro do solo, a 1, 2, 5 cm de profundidade, a temperatura pode elevar-se apenas em alguns poucos graus. Uma pequena camada de terra é suficiente para isolar termicamente todos os sistemas subterrâneos que se encontram sob ela, fazendo com que mal percebam o fogaréu que lhes passa por cima. Graças a isto, estas estruturas conseguem sobreviver e rebrotar poucos dias depois, como se nada houvesse acontecido. Estes órgãos subterrâneos perenes funcionam, assim, como órgãos de resistência ao fogo.
Outro efeito do fogo, de grande importância ecológica para os Cerrados, é a aceleração da remineralização da biomassa e a transferência dos nutrientes minerais nela existentes para a superfície do solo, sob a forma de cinzas. Desta forma, nutrientes que estavam imobilizados na palha seca e morta, inúteis portanto, são devolvidos rapidamente ao solo e colocados à disposição das raízes.
A floração após as queimadas
Plantas Canela-de-Ema (Vellozia squamata) queimadas
Bastam poucas semanas para que o verde reapareça e substitua o tom cinza deixado pelo fogo. Curiosamente, muitas de suas espécies iniciam o rebrotamento com a produção de flores. Pouco tempo após a passagem do fogo, o Cerrado transforma-se num verdadeiro jardim, onde as diferentes espécies vão florescendo em sequência. Este estímulo ou indução floral não é necessariamente provocado pela elevação da temperatura, como se poderia esperar. Em muitos casos é a eliminação total das partes aéreas das plantas que as faz florescer. Além de estimular ou induzir a floração, o fogo sincroniza este processo em todos os indivíduos da população, facilitando assim, a polinização cruzada. Se não houver queima, ou as plantas não florescem ou o fazem com muito menor intensidade e de forma não sincronizada.
Canela-de-ema resistente as queimadas e brota rapidamente após a ação nociva do fogo. É uma
flor comestívelTrecho do Cerrado onde o fogo se alastrou. Em uma semana tudo se renova e voltam as cores.
O rebrotamento vegetativo é de grande importância para aqueles que se alimentam de folhas e brotos tenros, como o veado-campeiro, a ema, etc. Por isto, a densidade destes animais torna-se maior nas áreas queimadas, que funcionam para eles como um oásis em plena estação seca.
Veja também sobre as queimadas na postagem
As queimadas no Cerrado clicando sobre a imagem abaixo
ROSA MARIA