Documentos mostram "lavagem cerebral" em prisões chinesas

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Jorge Mayer

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Nov 26, 2019, 10:27:43 AM11/26/19
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https://observador.pt/2019/11/24/documentos-mostram-lavagem-cerebral-em-prisoes-chinesas/

"Campos de reeducação" que se assemelham a prisões, onde se proíbem
fugas, promovem castigos e se doutrina muçulmanos a abandonarem a sua
religião. São as novas revelações sobre Xinjiang.

Cátia Bruno 24 nov 2019, 19:24 9

Um sistema de “lavagem cerebral” em prisões de alta segurança, de onde
ninguém pode fugir. É isso que é possível comprovar que acontece nos
“campos de reeducação” onde o governo chinês tem colocado os
muçulmanos da minoria Uyghur, na região de Xinjiang, graças a
documentos internos a que teve acesso o Consórcio Internacional de
Jornalismo de Investigação e que alguns dos seus membros, como a BBC e
o Guardian, divulgaram este domingo.

As centenas de documentos a que os órgãos de comunicação tiveram
acesso comprovam um sistema montado de repressão daquela minoria, com
conhecimento e ordens diretas e específicas para tentar forçar os
Uyghurs a abandonarem a sua religião e a reforçarem a sua fidelidade
ao Partido Comunista Chinês. A documentação é divulgada menos de uma
semana depois de o New York Times ter revelado outras centenas de
páginas que comprovam ter havido ordens diretas do Presidente chinês,
Xi Jinping, e de outros responsáveis intermédios nesta matéria. A
China começou por negar a existência dos campos e atualmente defende
que não é exercida qualquer violência nos mesmos e que são apenas
campos de “reeducação” — algo que estes documentos negam totalmente.

Segundo a BBC, cerca de um milhão de pessoas já terão sido detidas
nestes campos sem ter passado por qualquer julgamento, na sua grande
maioria muçulmanos da minoria Uyghur. Um dos documentos mais
importantes a que os media tiveram acesso é um documento onde há
ordens concretas para o que os guardas devem fazer nos campos, aqui
resumidas pela televisão britânica:

Nunca permitir fugas;
Aumentar a disciplina e os castigos para os que violem ordens;
Promover o arrependimento e a confissão;
Tornar o estudo do Mandarim a principal prioridade;
Encorajar os estudantes à verdadeira transformação;
“[Garantir] que as câmaras de vigilância nos dormitórios e salas de
aula não têm ângulos mortos

Não é a primeira vez que surgem relatos credíveis que sugerem que a
forma como o governo chinês gere estes campos é muito menos inocente
do que tenta fazer parecer. Ainda em junho, o Uyghur Halmut Harri,
cujos pais foram ambos detidos nestes campos, contava ao Observador
como tudo se passou quando a sua mãe desapareceu:

Telefonei para vários sítios e para várias pessoas e acabaram por
explicar-me que a tinham enviado para um sítio para ela estudar
mandarim para ajudar no esforço de propaganda. Isso não fazia sentido:
a minha mãe tirou um mestrado em Pequim, trabalhava para um jornal do
Partido em Turpan… Ela sabe bem chinês e já trabalhava para a máquina
de propaganda, não precisa de ser ensinada. Foi então que telefonei à
polícia local e fui muito insultado. Pensei: se a mim me fazem isto ao
telefone, o que lhe farão a ela? Não conseguia imaginar”, afirmou
Harri.

A credibilidade da documentação a que os jornalistas tiveram agora
acesso é confirmada por especialistas. “Os documentos secretos
chineses têm uma estrutura muita própria. E estes documentos são 100%
iguais aos modelos de documentos secretos que já vi”, declarou ao
Guardian James Mulvenon, perito em verificação de documentação do
governo chinês, que classificou ao jornal os documentos como
“autênticos”.

À BBC, Sophie Richardson, diretora sobre a China na Human Rights Watch
disse considerar que estes documentos são “uma prova” das “violações
grosseiras de direitos humanos na China”. Ao Observador, Maya Wang, da
mesma organização, já tinha comentado a situação dos Uyghurs: “A
situação de Xinjiang é muito específica, porque a repressão naquela
região é movida por racismo. É um sentimento de racismo profundo que
não tem qualquer tipo de contraditório ou informação por parte dos
media, tal como acontece no Ocidente”, disse à altura.

Em reação a estas notícias, o embaixador chinês em Londres, Liu
Xiaoming, negou completamente o que foi reportado pelos media
britânicos. “A região goza agora de estabilidade social e unidade
entre os grupos étnicos”, afirmou. “Com um completo desrespeito pelos
factos, algumas pessoas no Ocidente têm difamado ferozmente a China no
que diz respeito a Xinjiang, numa tentativa para criar uma desculpa
para interferir nos assuntos chineses”, acusou ainda.
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