O Rumble chegou!

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Lucas Antonio

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Sep 24, 2024, 4:25:11 AM9/24/24
to caes...@googlegroups.com, ondaslivrescas
 Olá, amigos. Minha vontade era escrever um texto longo, detalhado, daqueles que, há tantos anos, escrevia nas Ondas Livrescas e, com algum talento, conseguia prender o leitor nos pobres enredos urbanos que tão bem conhecia e dos quais, ainda hoje, tanto gosto. Testei várias frases; por onde começar? Quando as emoções estão recentes, escrever é um desafio ainda maior do que parece.
 Ele está aqui. um labrador todo preto, pelo lustroso e uma bocona capaz de engolir o mundo. Qual criança curiosa, cheirou tudo, explorou tudo, tudo quis ver e conhecer. Mas, como foi que isso começou?
 Há muitos anos, pensava que, quando tivesse alguma estabilidade na vida, poderia ter um cão-guia. Quando passei no concurso, a ideia ficou mais forte; mas, ainda assim, tive medo. e foi com algum medo, mas, cada vez mais, com ímpeto de viver, que, em março, escrevi uma mensagem a vários grupos de discussão, conversei com vários cegos, quis saber sobre o assunto. "Meus olhos têm quatro patas" foi o primeiro livro que li; depois dele, o manual da escola de Camboriú, as histórias emocionantes de Gem e Ethel Rosenfeld, da Adorável heroína que guiou seu tutor para fora das Torres Gêmeas em chamas, de outros cães, no Brasil e lá fora, que, com amor, inteligência e companheirismo, muito contribuem para melhorar a vida dos cegos.
 "Estarei à altura disso tudo?", pensava sempre, o que me fazia desistir. Até que, no começo do ano, um problema grave de saúde me fez parar. Minha prótese direita, há anos quietinha, sofreu uma extrusão, e, de um dia para outro, me vi às voltas com cirurgias, médicos, repouso, tristeza.
 O cachorrinho da minha mãe, um bichinho sem raça, mas com muito amor, me acompanhou nos tediosos dias em casa, enquanto me recuperava das duas cirurgias que tive de fazer. E, quanto mais convivia com ele, mais se tornava claro que o cão é, como dizem tantos, "o melhor amigo do homem".
 Quando já estava um pouco melhor, ainda em casa, mas sem tantas dores, os pensamentos intrusivos apareceram, como sempre aparecem: seria capaz? Quão digno era do amor desinteressado de um cão? A caso não acabaria, algum dia, sem poder prover o que ele precisava? E se eu perdesse o emprego, morresse de repente, o que seria do cão? Ideias que, por mais absurdas que pareçam, são constantes na mente inquieta de quem não consegue parar de pensar.
 "Não!", decidi, após muito pensar: não deixaria que o medo me paralisasse. Faria o possível para conseguir um cão-guia. O amor de um cão me faria muito bem, e, muito além de guiar, sua presença seria um conforto, uma companhia, uma relação que teria imensos benefícios psicológicos. E mais decidido ainda fiquei ao ler "Todos os animais merecem o céu", do Marcel Benedeti, que, embora não trate especificamente de cães-guia, apresenta uma visão profundamente humana e sensível sobre os animais, citando, inclusive, os animais de terapia, que tanta diferença fazem na vida de quem convive com eles.
 Encorajado por amigos de perto e de longe, realizei inscrição em todos os centros de treinamento que pude encontrar. Escrevi mensagens, preenchi formulários, anexei documentos, expliquei várias vezes quem era, o que pensava e por que é que gostaria de um cão. O tempo passou, e a vida, devagarinho, retomou seu curso: voltei a trabalhar em março, recebido com café com bolo pelos colegas da repartição; o trabalho pouco mudara, mas minha mente nunca mais seria a mesma. Desejava um cão-guia. Pensava sempre nisso. Com paciência, esperava minha vez, que acabou chegando no último mês.
 Estava trabalhando, e, na lufa-lufa da repartição, uma simples mensagem no WhatsApp me fez parar: "Podemos conversar?", perguntava, gentil, um instrutor do Instituto Adimax. O mais rápido que pude, terminei o atendimento no guichê e corri à copa. Minhas mãos, ansiosas, serviram o café quase como autômatas, e, sentado à mesa, após o primeiro gole, respondi que sim, claro, quando quisesse. uma ligação telefônica, conversa longa de quase uma hora. marcamos uma visita para próxima semana. Ele iria à Contenda, onde trabalho, me conhecer pessoalmente. E como a semana demorou a passar!
 No dia marcado, ansioso, não conseguia parar quieto. Andava do guichê à copa, atendia um, outro, saía à rua, voltava, tomava café, atendia o telefone, pensava longe. Daria certo? E se o homem não gostasse de mim? E se eu não passasse nos rigorosos testes de mobilidade? Bengaleiro há muitos anos, ando bem em qualquer lugar, mas não tenho as técnicas formais das escolas recentes, senão o que aprendi com velho professor também cego quando era criança.
 Pouco após o almoço, ele chegou. Apresentou-se, conversamos um pouco, e, em seguida, apresentou um cão, muito bonito e muito preto, chamado Rumble. Eu ainda não sabia; mas aquele seria o meu cão. Quando, ainda um tanto desajeitado, encostei as mãos em seu dorso, o bicho, num ímpeto, virou-se e lambeu-me as mãos, como que se apresentando. E foi um frenesi! Os colegas de trabalho queriam vê-lo, todos queriam tocá-lo, cada um perguntava uma coisa e, livre da guia, ele batia o rabo e dava um pouco de amor a cada um.
 "Segura aí o guichê!", pedi ao companheiro de trabalho, "que hoje eu não volto!", brinquei. E, porque o movimento estava tranquilo e a chefia anuiu, saí com o instrutor e o cão. De Contenda fomos à Curitiba, onde, no centro velho tão querido, o instrutor pediu que eu demonstrasse meu uso da bengala, e, após, até me deixou sentir como é ser guiado pelo cão por alguns minutos. Fim de tarde, em minha casa, combinamos tudo: o treinamento começaria na próxima semana.
 Mais uma semana passou lenta, preguiçosa, cada dia durando três, tamanha era minha ansiedade. Com muito jeito, conversei com a secretária e a chefia, explicando o caso, pedindo férias. Sem titubear, as boas senhoras concederam trinta dias, dias bem compridos, para que eu pudesse fazer o treinamento com tranquilidade. Para alguns alunos do sul, o Instituto Adimax oferece o treinamento na cidade de residência, evitando que se precise ir até o interior de São Paulo. Por questões logísticas, o instrutor optou por essa forma de treinamento, explicando que, em nosso caso, seria mais proveitoso.
 E ontem, pelo meio da tarde, ele chegou em minha casa. O Rumble estava de volta! E, ao ouvi-lo de longe, percebi, afinal, que meu coração já estava cheio de saudades. Para o início do treinamento, a apresentação formal foi feita com um pouquinho de petiscos que, devagar, ofereci-lhe em minhas mãos permitindo que as lambesse. Em seguida, o instrutor me deixou a sós com o cão em meu quarto, durante o tempo suficiente para que nos conhecêssemos melhor e nos acostumássemos um ao outro.
 Ao tê-lo em minha casa, e saber que ele não iria mais embora, todos os receios deram lugar a uma imensa felicidade. Até o cachorrinho menor parece ter entendido o quanto o Rumble agora é parte da família. Após estranhar um pouco, está aceitando bem. Ontem foi o primeiro dia. E quanta coisa aprendi! Noções sobre cinofilia foram revisadas, cuidados básicos com o cão, a melhor forma de alimentá-lo, de induzi-lo a fazer banheiro, a obedecer os comandos básicos. Enquanto escrevo, o Rumble dormita em sua caminha, ao lado da minha, em meu quarto. Hoje será um novo dia de treinamento, talvez ainda mais intenso. E mal posso esperar. Me desejem sorte! Porque, lá no fundo, lá no fundinho da mente, ainda sinto um pouco de insegurança. "Mas, vai dar tudo certo!", eu sei.

M. Regina M. de Carvalho e Silva

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Sep 24, 2024, 5:00:23 AM9/24/24
to caes...@googlegroups.com

Que beleza, Lucas! Fico muito feliz por você.

Olha, vou te dizer algumas coisas que nenhum instrutor diz, mas vão te valer muito:

A primeira delas é que guiar é absolutamente natural para o cão: ele quer te agradar, vai fazer o que puder para te ajudar. Quando se treina um cão para vir a ser guia a única coisa que se faz é dar um método para o que ele já nasceu sabendo fazer.

A outra coisa que você vai perceber  é que quando seu guia chega ele é como um computador novinho com sistema operacional, alguns programas que todo  mundo usa, tipo Office, mas quem vai arrumar o dito cujo para te ter a melhor serventia é você: você vai organizar as coisas, instalar mais alguma coisa bacana, claro, um outro leitor de telas além do Narrador, que já quebra bem o galho, enfim: o computador novo  vem com o indispensável e você completa o serviço. O cão-guia é a mesma coisa: ele vem com o manual de instruções básico, mas  você e ele passam a formar uma dupla que vai aprender junto, evoluir junto. Mais ou menos durante o primeiro ano de dupla é o período de  ajustes, mas a dupla não para de evoluir, não importa o tempo de convivência, de perfeito  entrosamento: você não vai nunca deixar de se surpreender em algum momento com o que vocês podem conseguir juntos.

Outra coisa que fica cá entre nós: instrutor é isso: um instrutor como instrutor de auto-escola: não é nenhum ser iluminado, não é dono da verdade, é apenas uma pessoa comum que, se Deus quiser, faz bem seu trabalho. Não precisa seguir a risca as instruções; no início, sim, é de bom-senso, mas você vai ver que pode criar novos comandos, dar uma folga aqui, apertar um pouco ali, enfim, ajustar ao ponto melhor possível para a dupla vir a ser feliz por muito tempo.

Aprenda o o mais que puder, sinta o que ele te informa, aprenda a linguagem dele o que não é difícil: você já faz isso com seu outro cachorrinho. Cão-guia, em primeiro lugar, é um cão normal, merece brincar, se divertir, ser cachorro o mais  que puder porque, quando ele guia vira profissional, um trabalhador. Assim como as pessoas, que trabalham precisam de laser, relaxamento, descanso, carinho.

Vai dar tudo certo! Desde já vai meu carinho para o Rumble e um abraço para você,

 

Regina.

M. Regina M. de Carvalho e Silva

sm...@uol.com.br

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Raoni

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Sep 24, 2024, 11:52:24 AM9/24/24
to caes...@googlegroups.com
Oi, Lucas, tudo bem?

Sabe que no domingo estava pensando em você! Conversamos sobre cães-guia no início do ano e não tive mais notícias. Assim como seus textos sobre curitiba. Que bacana essa notícia. Parabéns. Espero que esteja tudo correndo às mil maravilhas. Qualquer coisa que precisa, estou por aqui. E depois mande notícias suas e do cão...


Abraços!

Raoni


Canal Toquedo bem?s nativos, músicas para relaxamento: https://www.youtube.com/ToquesNativos?sub_confirmation=1


Lucas Antonio

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Sep 25, 2024, 12:11:50 PM9/25/24
to caes...@googlegroups.com
Muito obrigado, cara Doutora, pelos preciosos e oportunos conselhos. É um mundo totalmente novo, que estou descobrindo agora... Às vezes sinto frustração, às vezes sinto que não vou dar conta, que o cão talvez não me queira... mas, quando fazemos um treinamento bom, as coisas fluem e tudo parece estar se encaminhando bem.
Um passo de cada vez, e seguimos! É uma alegria muito grande, mas uma responsabilidade maior ainda. Aos poucos sinto que o Rumble está se acostumando comigo, e, agora, falta que eu me acostume com ele. A mobilidade muda muito, a percepção espacial, a caminhada, tudo é muito diferente quando estamos sem a bengala, mas com a alça do cão.
Espero que, nas próximas semanas, as coisas se ajustem.
Abraços, e vamos conversando.

M. Regina M. de Carvalho e Silva

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Sep 25, 2024, 12:44:27 PM9/25/24
to caes...@googlegroups.com

Lucas,

 

Aos poucos você vai conseguir perceber a maior liberdade que caminhar com o cão traz. Não passei por esse tipo de adaptação porque nunca usei bengala: fui direto para o cão-guia, mas, se ele vai aprender a confiar em você, você vai aprender a confiar nele e, confiando no cão, você vai perceber a diferença de liberdade dos movimentos. Mas há outro aspecto que acho até mais relevante do que aprender a caminhar com cão-guia com desenvoltura: a incrível inclusão social que a presença do cão traz: você nunca mais vai entrar em uma reunião e ficar de lado, sem saber quem está ao seu lado, o que se passa em volta: todo  mundo vem se apresentar, conversar, oferece ajuda; nunca mais vai entrar em uma loja, restaurante, serviço de saúde, e sentir que as pessoas passam por você e você fica perdido. Andar na rua sem que ninguém fale com você, nunca mais! Seu cão passa a ser o protagonista,  você é coadjuvante e lucra muito com isso! Mas tem os chatos no caminho: os que te pegam pelo braço querendo levar para um trajeto diferente do que o cão quer e o cão sabe o que está fazendo, o chato não sabe. E tem o pior tipo de chato, o chato perigoso, o chato que pega no arreio do cão e te quer puxar; o mínimo, nessa hora, é gritar: LARGA!!!; às vezes é até necessário alguma atitude mais enérgica, mas, isso, aos poucos está mudando porque as pessoas  estão mais acostumadas com os cães-guias. Eles continuam atraentes, chamam atenção, mas para o bem. Pessoalmente, acho que a inclusão social que o cão-guia traz é até mais relevante do que a ajuda ao caminhar.

Spencer Carnicelli Daltro de Miranda

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Sep 25, 2024, 4:46:46 PM9/25/24
to caes...@googlegroups.com

Lucas, que ótimo saber que o treinamento com seu amigo de 4 patas já se iniciou, e que você parece bastante feliz!

No que tange às dúvidas, medos e incertezas, como Regina bem disse, isso é normal, ainda mais quando estamos treinando com o nosso primeiro cão-guia.

Devo dizer-lhe que, embora pareça estranho, ter um 2º cão-guia é mais desafiador do que o primeiro. Talvez porque vamos com certa cede ao pote, achamos que nossa experiência nos ajudará na criação de vínculo com o novo cão, mas, ledo engano: é quase como se nunca tivéssemos tido cão-guia na vida! Soma-se a isso o fato de que ainda estamos muito acostumados com o primeiro cão, e temos a tendência, embora inconsciente, de que o novo cão fará coisas semelhantes às que o anterior fazia e, mais uma vez, ledo engano. É preciso parar, respirar, entender que aquele é um novo ser, com suas personalidade e suas maneiras de se comunicar.

O importante é que, ao final de alguns meses, você e seu cão estarão perfeitamente sincronizados e desbravando as ruas, não só da cidade em que residem, mas de outros locais, inclusive desconhecidos.

Boa sorte e vá nos contando as novidades.

--

Lucas de Abreu Maia

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Sep 25, 2024, 5:02:53 PM9/25/24
to caes...@googlegroups.com
Lucas,

O treinamento é um processo dificílimo, sobretudo no primeiro cão. Os primeiros seis meses são muito desafiadores, mas insista que a recompensa te aguarda: muito mais independência. 
– Lucas de Abreu Maia, he/him/his
Lecturer (assistant professor) in Politics with Quantitative Research Methods
School of Sociology, Politics and International Studies
University of Bristol


M. Regina M. de Carvalho e Silva

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Sep 25, 2024, 5:48:16 PM9/25/24
to caes...@googlegroups.com

Oi Lucas,

 

e por falar em segundo, terceiro guia, como estão suas meninas, a Arya e a Jackie? Já vai um carinho para cada uma delas.

Abraço,

 

Regina.

M. Regina M. de Carvalho e Silva

sm...@uol.com.br

 

From: caes...@googlegroups.com <caes...@googlegroups.com> On Behalf Of Lucas de Abreu Maia
Sent: Wednesday, September 25, 2024 6:02 PM
To: caes...@googlegroups.com
Subject: Re: O Rumble chegou!

 

Lucas,

Lucas de Abreu Maia

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Sep 27, 2024, 4:20:35 AM9/27/24
to caes...@googlegroups.com
Regina,

Estão ambas muito bem, obrigado. Arya ainda tem muito aquela energia de filhote. Jackie está muito bem para a idade dela (faz 14 agora em outubro). Só tem uma artrose na escápula esquerda e um lipoma enorme, sobre o qual já escrevi aqui.

O que me parte o coração é que Jackie ainda pede para me guiar quase todos os dias. Acho que aposentá-la foi a decisão mais difícil da minha vida e nunca vou parar de me questionar se fiz a escolha certa. Mas que jeito há?

Um abraço,

– Lucas de Abreu Maia, he/him/his
Lecturer (assistant professor) in Politics with Quantitative Research Methods
School of Sociology, Politics and International Studies
University of Bristol

M. Regina M. de Carvalho e Silva

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Sep 27, 2024, 5:12:12 AM9/27/24
to caes...@googlegroups.com

E você  consegue dar uma voltinha, aí perto, só na frente da sua residência, por exemplo? Você tem parque perto onde possa levar as meninas? Eu resolvi aposentar meu Merlin, embora ele fosse bem jovem, ainda, porque, ao  mostrar o arreio ele se virava de costas, mostrando que não queria guiar; Muito de vez em quando ele, já bem mais velho, enfiava a cabeça no arreio e algumas dessas vezes eu o levei para o trabalho onde ele não precisava se esforçar. Mas aposentar um guia é sempre um trauma e uma guia como a Jackie, então,  bem tenho idéia da dor no coração... O importante é que ela está aí com você.

Vai um carinho para essa senhorinha e para a jovem Árya também.

Lucas de Abreu Maia

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Sep 27, 2024, 9:11:00 AM9/27/24
to caes...@googlegroups.com
Regina,

Sim, claro. A levo ao parque todos os dias. Mas ela sempre gostou mesmo é de me guiar. Enfim…

Abraços,

– Lucas de Abreu Maia, he/him/his
Lecturer (assistant professor) in Politics with Quantitative Research Methods
School of Sociology, Politics and International Studies
University of Bristol

Mariana Rocha

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Oct 1, 2024, 6:22:10 PM10/1/24
to caes...@googlegroups.com, ondaslivrescas

Parabéns, Lucas, pela coragem de entrar num novo mundo: o dos cães-guia!

 

Vai ser difícil como é qualquer coisa de novo que entra na nossa vida. Depois, vai-se adaptar e adorar. Nada é perfeito, mas ter um cão-guia equivale a ter mais segurança e tranquilidade nas deslocações do que em relação à bengala, acho eu. Força aí e vá perguntando coisas que nós tentamos ajudar! Eu vou no 3.º cão-guia (a minha atual é a June, menina já com 10 anos), mas aqui há utilizadores bem mais experientes do que eu.

Um abraço,

 

Mariana Rocha

 

De: caes...@googlegroups.com <caes...@googlegroups.com> Em Nome De Lucas Antonio
Enviada: 24 de setembro de 2024 09:25
Para: caes...@googlegroups.com; ondaslivrescas <ondasli...@googlegroups.com>
Assunto: O Rumble chegou!

 

 Olá, amigos. Minha vontade era escrever um texto longo, detalhado, daqueles que, há tantos anos, escrevia nas Ondas Livrescas e, com algum talento, conseguia prender o leitor nos pobres enredos urbanos que tão bem conhecia e dos quais, ainda hoje, tanto gosto. Testei várias frases; por onde começar? Quando as emoções estão recentes, escrever é um desafio ainda maior do que parece.

--

Ana Bacelo

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Nov 5, 2024, 11:11:57 PM11/5/24
to caes...@googlegroups.com, ondaslivrescas
Lucas,

Aproveito para desejar muitas felicidades aos dois.

A esta altura, e já se passou mais de um mês que estão juntos, de certeza que estão já mais adaptados e em sintonia.

Um abraço

Anita


No dia 1 de out. de 2024, às 11:22 PM, Mariana Rocha <mariana...@gmail.com> escreveu:



Ana Bacelo

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Nov 6, 2024, 3:08:15 PM11/6/24
to caes...@googlegroups.com

Lucas,

O que vou dizer aqui pode ser pouco ortodoxo, mas quando reformei o Jiggy, a transição para o Faruck foi,e teve de ser total.
Aqui vejo mais uma vantagem em treinarmos os nossos próprios cães pois, se pudesse, teria feito uma mudança gradual, o que teria sido benéfico para o Faruck, que não estava muito interessado em trabalhar, para o Jiggy, e para mim, que teria tio menos stress.

Mas falando no Jiggy, doía-me an alma vê-lo ficar triste quando me via sair para o trabalho, todas as manhãs, com o Faruck.
O que comecei a fazer, quando me apetecia, era pôr-lhe o arnês e deixar que me guiasse, como só ele sabia, um percurso qualquer.
Às vezes levava o Faruck connosco, outras vezes a Land ou o Pongo, outras vezes deixava o Faruck com os meus pais e íamos sozinhos.
Por pelo menos 2 vezes, o Faruck ficou com diarreia e deixei-o em casa e foi o Jiggy que me acompanhou, a guiar.
Até um belo dia que, por uma razão qualquer ia só com ele ao supermercado aqui perto e ele andava ainda mais devagar que o habitual. Deu-me uma passadeira mas como se lhe estivesse a custar um enorme esforço. Então pedi-lhe para voltarmos para casa e _o cão quase correu em sentido contrário. Abri a porta,tirei-lhe o arnês, peguei na bengala e levei-o comigo às compras solto ao meu lado, num junto, mesmo para lhe mostrar que não fazia mal, que ia continuar a ser o meu cão.
Desde esse dia em diante nunca mais lhe pedi que guiasse.

Anita

 
 dia 27 de set. de 2024, às 9:20 AM, Lucas de Abreu Maia <labre...@gmail.com> escreveu:



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M. Regina M. de Carvalho e Silva

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Nov 6, 2024, 3:24:46 PM11/6/24
to caes...@googlegroups.com

Aposentei meu Merlin aos poucos, também; nos dias em que ele virava as costas para o arreio eu ia com o Ascheley;nos dias em que ele enfiava a cabeça no arreio abanando o rabo, ia com ele; assim foi até que ele não quis mais ir e, pouco antes de morrer, já doente, pediu para guiar: fomos ao hospital, ele recebeu muitas festas e carinhos, mas foi só uma despedida...

 

 

Regina.

M.Regina M. de Carvalho e Silva

rpmel...@uol.com.br

Lucas Antonio

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Nov 6, 2024, 7:29:41 PM11/6/24
to caes...@googlegroups.com
Olá, cara Ana, cara Doutora. O Rumble, hoje, pregou-me o maior susto! Quando acordou, e o fui tratar, não quis comer, e só comeu depois de alguma insistência.
Como parecia bem, fui trabalhar com ele, mas, ao chegar à repartição, amuou-se em seu cantinho e começou a babar. Uma baba grossa, malcheirosa, assustadora! "Será veneno?", pensei, e pus-me a telefonar para veterinários.
Saí do trabalho às pressas, levei a um veterinário lá em Contenda, que deu uma injeção e disse ser indisposição estomacal; de volta à Curitiba (vim de carro), ele ainda não parecia bem, pelo que fui à emergência com ele, e pediram vários exames.
O de sangue sairá amanhã. O ultrassom não acusou nenhum corpo estranho em seu estômago, pelo que descartamos que tenha engolido algo que não devia.
O veterinário receitou um medicamento para enjoo, para que tome por três dias, e recomendou que ele repouse.
Eu me assustei muito. Fiquei extremamente desesperado, e foi um dia muito difícil.
Consegui agir, consegui pensar, levei-o ao veterinário, mas... meu psicológico ficou muito mal, e ainda agora pensamentos maus me rondam a mente.
Já amo demais esse cãozinho grande, e a ideia de vê-lo sofrendo me machuca muito.
Espero que fique tudo bem.



M. Regina M. de Carvalho e Silva

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Nov 7, 2024, 3:50:59 AM11/7/24
to caes...@googlegroups.com

Fique de olho, Lucas, porque ele pode mesmo ter comido alguma coisa, tipo osso de galinha, sei lá... às vezes não parece nos meios de diagnóstico  mais comuns, mas, se hoje ele tiver qualquer comportamento estranho, leve ao veterinário,exames de imagem podem ser necessários...

 

Regina.

M. Regina M. de Carvalho e Silva

sm...@uol.com.br

 

Lucas Antonio

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Nov 7, 2024, 6:12:46 AM11/7/24
to caes...@googlegroups.com
Bom dia, cara Doutora; hoje o Rumble amanheceu melhor, graças a Deus. Já não está babando, passou bem a noite, e, embora um tanto cansado, me parece estar normal... Mas estou de olho! Qualquer coisa estranha, vou levá-lo ao veterinário outra vez. Estou esperando o resultado dos exames de sangue, para descartar qualquer outra coisa...
Muito obrigado pela preocupação; sempre tive cães, mas, guia, é meu primeiro. Então, fico muito preocupado!
Abraços...

M. Regina M. de Carvalho e Silva

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Nov 7, 2024, 6:45:56 AM11/7/24
to caes...@googlegroups.com

Alguns cães são sensíveis às irritações gástricas, gastrites; meu Merlin era assim. Meu Ascheley, certa vez, apresentou algo semelhante a seu Rumble e teve dois episódios de  evacuação pastosa, mais amolecida do que o normal. A veterinária me disse que o pai dele teve algo semelhante e eles conviviam bastante no Petshop da dona do Buck, pai do Ascheley. Na ocasião, já há anos atrás, ela recomendou um medicamento, na época só para uso veterinário, à base do Sucralfato. Essa molécula forma um filme protetor sobre a mucosa gástrica, muito eficiente e, em cães sujeitos a gastrites, vômitos, funciona muito bem como proteção. Atualmente é usado como medicamento para humanos também. O nome de referência é Sucrafilm e tem algumas apresentações interessantes,  flaconetes, por exemplo, que se põe no fundo da  garganta do cão, em geral uma vez ao dia, depois até pode manter em  em espaços maiores. Pergunte à sua veterinária o que ela acha. Eu gostei, foi muito eficiente.

Ooutra coisa: peça para quem estiver com você qual o aspecto das fezes dele; se houver modificação  para mais mole do que o normal, pode fazer parte do quadro, mas, por favor, peça que percebam  se  houver qualquer traço de sangue ou fios escuros, pretos mesmo, ou qualquer outro sinal de coisa que não deveria estar ali. Cães comem qualquer coisa; o diretor do PetCare, o Dr. Marcelo, que conheço e respeito há muitos anos, me contou que já tirou do intestino de cães coisas como meias, bola de tênis, pedaços de brinquedos, os para cães, inclusive, caroços e frutas, palitos de churrasco, super perigosos, hashi, de comida japonesa, enfim, qualquer coisa entra pela boca do cão e, muitas vezes, fica lá retido. O primeiro guia da Mariana quase morreu duas vezes, uma por ter engolido um  caroço de manga, outra vez por ter engolido um espetinho de churrasco; o Júnior teve que ser operado das duas vezes, saiu bem, mas por pouco. Viveu muito bem até idade avançada, acho que 14 ou 15 anos com a família que o acolheu na velhice porque a mariana não podia mais oferecer tudo o que seu adorado Júnior merecia. O Júnior foi um guia espetacular, viveu muitos anos, uma  dupla fantástica.

Mas preste atenção porque cães são naturalmente estóicos, não demonstram dor, mal-estar; quando demonstram é para ir atrás do motivo, sempre.

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