CONHECE-TE A TI MESMO
Frase de origem grega exposta no templo de Apolo, em Delfos, sempre atual, e menção a ela em decorrência da empáfia de alguns, que se julgam soberanos, impecáveis e intocáveis, suprassumos de intelectualidade, honestidade e santidade, e que por soberba afastam de si criaturas comuns por considerá-las inexpressivas e desprezíveis. Alegam tais criaturas que se fizeram por si mesmas e que não dependem de quem seja para viver e sobreviver. Quanto desconhecimento! Quanto incoerência!
Acaso, para despontar no orbe, não preciso ter havido encaixe macho-fêmea? O asseio corporal, as fragrâncias agradáveis, o esforço insuperável para manter a bandeira hasteada e depois fincá-la em solo fértil significa nada? Sem o consórcio de sexos complementares terias vingado, ó criatura única, a rivalizar com o Criador, que envergonhado de tamanho fulgor, se esconde dos pobres mortais que por ele clamam entre fervorosos e aflitos sem encontrá-lo?
Conquistaste vitórias esplendorosas em parte por méritos próprios, porque também nascido em berço esplêndido ou em família psíquica e moralmente ajustada, e te propuseste estabelecer esforços concentrados em objetivos definidos e claros, e desse modo, sucesso praticamente garantido, salvo se turbulências, catástrofes ou imprevistos a desviarem o curso da história.
Quando pois lutas brava e dignamente por notoriedade, e te utilizas de determinação e força de vontade, propósitos almejados alcanças e resultados promissores se cumprem de forma justa e agradável; ufanar-se, legítimo; jamais, todavia, deves aproveitar-te do êxito atingido para humilhar, zombar, ridicularizar ou afligir o próximo que se atrasou durante o transcurso da jornada empreendida.
Contempla-te: além do corpo, que não formado por ti, o banho matinal, o desjejum, o transporte que te conduz para a prosperidade e o desenrolar do dia a dia desmentem a versão de que és autônomo, senhor de ti mesmo e não precisas de intervenção alheia. Rebaixa o orgulho que te consome: dependemos uns dos outros antes e depois do nascimento, e se nos tornamos vencedores, conforme compreende o mundo, agradeçamos ao Pai, aos que nos precedem e àqueles que pavimentam nossos caminhos a fim de que pisemos solo firme, e a nós mesmos, que compreendemos que através do bom combate, a possibilidade de obtenção de segurança e excelentes triunfos que nos fazem realizados.
Nada mais verdadeira, pois, que a expressão de que o homem é um ser gregário, e como tal, precisa de companhia para que viva e sobreviva em meio adverso, e esta, razão da existência da sociedade, que se estabelece em consonância com normas a ser por todos acatadas para que prevaleça bem-estar geral, e se e quando forem estas injustas, devem e precisam ser reformuladas, porque a dinâmica e a ordem social não aceitam a preponderância de injustiças e iniquidades.
Lembremo-nos que somos partículas infinitesimais a se perderem de vista se comparadas ao todo universal, e que, não em dimensão física são estabelecidos valores e potencialidades, e sim em evolução espiritual; com efeito, quando saturados das inúmeras vindas ao chão planetário e retorno às paragens celestiais nos convencemos de que nos encontramos estagnados e precisamos avançar, retornamos a pretéritos que nos humilham, e sincerameaante arrependidos de feitos vergonhosos havidos nos refazemos e corrigimos, passando a vivenciar existências dignas e honradas, centradas no bem. E empós reconciliados conosco e com o próximo, passamos a nos amar serenamente e nos tornamos amáveis, e em conjunto e de mãos dadas com todos que nos cercam ou companhias eventuais, enfrentamos atual realidade e o futuro que nos aguarda, que não mais promete ser incerto, porque a imperar esperança, confiança e segurança quanto aos resultados a ser alcançados.
Depois de quantos milhões de anos terrestres, ou bem menos, nos tornarmos imprescindíveis e insubstituíveis, deuses com infinita sabedoria, a varar espaços e territórios perigosíssimos, sem sofrer influências ambientais, porque imunes a corrupção e maldades, atrairemos irmãos confusos, iludidos ou perdidos em conflitos e emoções deletérias para a causa do bem, porque demiurgos divinais, seremos redenção através do exemplo.
José Periandro