A humanidade está ali fazendo cerveja há uns 6 mil anos. Faraós beberam cerveja. Sumérios tinha uma deusa exclusiva para a cerveja, Ninkasi (e sim, existe
uma cerveja com o seu nome).
Não é combustível de foguete (Sim, também tem
uma cerveja com este nome) preparar: Malta grãos e fermenta. Claro que hoje a gente tem acesso a coisas que os sumérios não tinham, como por exemplo, Teoria dos Germes. Por isso eu arrepio quando alguém sugere "resgatar receitas medievais/era do bronze de vinho ou cerveja").
Se é assim assim, porque não existe no mercado uma Ira Pale Ale (Mentira, existe realmente
uma cerveja Ira)? Porque cerveja é um negócio que é um monte de coisas. Menos cerveja.
Séc. XX, a cerveja saiu das mãos de pequenos fabricantes, artesanais e caseiros, e virou um negócio de escala. Ajudou um pouco ter surgido neste meio tempo a refrigeração industrial — dando oportunidade para logística. Antes dela, cervejarias exploravam no máximo mercados municipais. Mais longe que isto, não vale a pena mandar entregar a cerveja lá. Você encarece a bebida, ela chega com má qualidade e na outra cidade, haveria uma cervejaria local que entregava melhor e mais barato.
Só aqui, a cerveja começa a perder importância no negócio de cerveja. Escala e logística passam a ser mais importantes.
Comecinho dos anos 90, a gente começa ver essas microcervejarias/artesanais colocando as manguinhas para fora, como a Devassa, Baden Baden ou Eisenbahn. Chegavam aqui nos Goiás poucas e absurdamente caras. Então as grandes cervejarias adquiriram estas marcas.
Foi a melhor coisa que poderia ter acontecido: Começaram a ter escala e ter regularidade no fornecimento, em mercados distantes de onde surgiram.
Bem verdade, novamente, cerveja não era o negócio: Algumas destas iniciativas visavam ser compradas por uma grande cervejaria. Eram empreendedores investindo não em fabricar cerveja, mas em ter a operação comprada.
O quanto importa a logística? Esta semana, surgiu no Twitter algumas viúvas reclamando que uma marca de cerveja, Anchor,
vai parar de ser distribuída fora da Califórnia. A Sapporo, que comprou a marca, decidiu que não valia mais a pena o investimento.
Os hipsters em campanha "apoie sua cervejaria local" não estão apenas de modinha, é uma questão muito prática você tomar cerveja local. Até porque, quanto mais fresca, melhor — não, fábricas não tem duas linhas de produção, uma para chopp e outra para cerveja. A diferença é que a cerveja é envasada (vidro ou lata) e toma um banho térmico (pasteurização), para ter sobrevida na gôndola. O chopp, sem este banho térmico, dura menos tempo e logo, sempre será mais fresco (se a casa em questã prestar atenção a estes detalhes, né).
Fun fact: Você pode resfriar sua cerveja, esquentar e resfriar novamente. Isto não a danifica. Até porque, ela é resfriada antes de ser envasada, para reter a cabornatação. A cerveja já chega re-resfriada em suas mãos.