Teles pressionam por conversor de TV Digital com 3G direcionado
Carlos Fernando Gonçalves
Teles pressionam por conversor de TV Digital com 3G direcionado
Faltam quatro meses para os brasileiros começarem a perceber a migração da televisão analógica para digital. E na véspera da compra dos primeiros conversores, que permitirão aos mais pobres continuarem a assistir TV mesmo sem televisores modernos, a conectividade desses aparelhos à internet ainda gera ruídos no processo de transição.
Responsáveis por distribuir esses equipamentos a 13 milhões de beneficiários do Bolsa Família, as operadoras móveis, reunidas na Empresa Administradora da Digitalização, alegaram que os conversores só poderão contar com um driver pré-embarcado para modems 3G. E que não será possível instalar outros drivers depois que os aparelhos forem distribuídos.
Essa posição da EAD fez adiar para esta sext-feira, 31/7, uma posição do grupo de implementação da TV Digital, Gired, onde emissoras, teles e governo supervisionam a transição digital. Desde que a proposta foi apresentada na semana passada, o grupo já indicara à EAD ser necessário ampliar as opções. E na reunião extraordinária desta sexta, manteve a necessidade de que os aparelhos tragam drivers que garantam ao menos cinco escolhas de modems.
“Essas cinco opções devem abarcar quase que a totalidade de modems usados no mercado”, diz o presidente do Gired, o conselheiro da Anatel Rodrigo Zerbone. A regra, no entanto, não valerá para os primeiros sete mil aparelhos, que serão distribuídos na cidade goiana de Rio Verde. Mas eles poderão ser trocados no próximo ano, a partir da compra de novos conversores pela EAD.
Se não abarcarem, porém, pode não haver alternativa. Zerbone sustenta que os equipamentos cumprirão a norma 15604 da ABNT, mas ressalva dificuldades com a funcionalidade que permitiria a outros drivers, não embarcados, serem reconhecidos pelos conversores. Segundo o conselheiro, “não será assim porque isso ainda está em desenvolvimento pelo mercado”. No entanto, ele é ao mesmo tempo categórico que “o que estiver na norma ABNT estará disponível”.
A norma técnica de receptores de TV Digital descreve na parte relativa ao canal de interatividade que “ao ser conectado o dispositivo externo na porta USB do receptor, o gerenciador de autenticação verifica a integridade e a autenticidade da aplicação do serviço de canal de interatividade” e então “os componentes de device-driver, protocolos da camada física/enlace e arquivo de configuração são executados pelo sistema operacional e armazenados em memória RAM.”
Em outras palavras, quando for inserido um dongle na porta USB do receptor, o equipamento precisa reconhecer que se trata, por exemplo, de um modem e instalar o driver que vem no dispositivo externo. Isso se parece com a função descrita pelo conselheiro como ainda indisponível. No entanto, como já mencionado, Zerbone garantiu que a norma ABNT 15604 será cumprida.
A possibilidade de conexão por modem 3G é significativa para esses conversores, do contrário a única opção de interatividade das famílias mais pobres será pela contratação de conexões fixas de internet. Nesse caso, é razoável a suposição de que os conversores serão meramente seletores de canais digitais – como quer a televisão comercial – dada a baixíssima penetração de banda larga entre os brasileiros de menor renda.
A excepcionalidade em Rio Verde se deve ao prazo curto. Primeira cidade do cronograma da transição, a cidade terá os sinais analógicos de televisão desligados em 29 de novembro, daqui 121 dias. Para que isso aconteça – e o cronograma seja cumprido – 93% dos domicílios do município precisam poder sintonizar nos canais digitais, meta que depende do sucesso da distribuição de conversores às famílias mais pobres.
Diante de dificuldades apontadas pela EAD, o Gired flexibilizou a regra para os cerca de sete mil conversores que serão distribuídos em Rio Verde. Eles poderão vir com apenas um driver para modem 3G, desde que sejam substituídos, ou atualizados, quando os conversores com cinco opções estiverem disponíveis. A troca será dispensada caso a EAD consiga já levar a Rio Verde conversores com 3 drivers diferentes.
A distinção existe porque há dois processos de compra correndo separadamente na EAD. Um para os 7 mil conversores de Rio Verde e outro para 1,2 milhão de equipamentos que serão distribuídos ano que vem em Brasília e seu Entorno, São Paulo e parte do interior do estado, Belo Horizonte, Goiânia e Rio de Janeiro. Para o primeiro lote, a ordem de compra deve sair no início da próxima semana.
Fonte:
http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=40253&sid=14
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Cordialmente,
Carlos Fernando Gonçalves
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