Caros amigos
O sofrimento, o meu e os alheios, sempre foram motivo de larga
reflexão. Daí o ter lido este tema com muita atenção.
Penso voltar a intervir assim que possível, já que, de momento, me é
impossível.
Por agora, porque não posso alongar-me, deixo apenas uma breve nota
sobre uma frase de FMM quando afirma "E o sofrimento nunca pode ser
objectivado nem vivido na terceira pessoa".
É que dei comigo a pensar que, quando nos solidarizamos com quem sofre
(a perda de um ente querido, por exemplo) não estamos a sofrer também?
Ou, dito de outra forma, ao apoiar quem sofre, não estamos a absorver
ume parte desse sofrer? Não é nesse sentido que se usa (ou usava) a
expressão "mitigar a dor alheia"?
Não é também por este "sofrimento por contágio", permitam-me a
expressão, que os profissionais de saúde, e o caso dos psiquiatras é o
mais flagrante, recebem formação específica para, na medida do
possível, se "imunizarem" contra o sofrimento dos seus pacientes.
"Distanciarem", é o termo mais corrente e alguns, tanto se distanciam
que acabam por parecer, quantas vezes injustamente, aos olhos de quem
deles precisa, frios, desinteressados, desumanos...
Ou seja, para concluir, concordo que é difícil objectivar o sofrimento
alheio, mas não estou de acordo quanto ao "viver" o sofrimento de
outrem.
Deixo a "provocação" e fico a aguardar os comentários.
À falta de expressão filosófica adequada, relevem-me o recurso à
expressão popular, mas cheia de sabedoria, que afirma que este tema
vai certamente "dar pano para mangas"!
Permitam-me um intervalo de 15 dias e, se também fôr o vosso caso,
boas férias!
Armando