Um cara chega pra um amigo e diz:
- Cara, eu tenho um dragão no meu quintal.
- Não viaja...
- Cara, eu tenho sim um dragão no meu quintal!
- Ok, me mostra então...
Chegando no quintal da casa do cara:
- E aí, onde tá o dragão?
- Logo ali.
- Mas eu não tô vendo nada.
- Ah, pois é, esqueci de te falar: ele é invisível.
Dando um suspiro e virando os olhos, mas num gesto de boa vontade com o amigo, o visitante continua:
- Ok. Será que a gente pode espalhar um pouco de talco ou de pó de serragem perto dele pra que eu possa ver as pegadas dele no chão?
- Não adianta, esse dragão flutua o tempo todo.
- E se eu jogar o pó por cima dele? Será que eu não consigo ver o pó se acumular sobre a pele dele, aparantemente parando no ar?
- Não, desculpe. O pó vai atravessá-lo. Ele é imaterial.
Já se irritando, o amigo do dono casa dá mais uma chance pra o amigo:
- E se ele fizesse algum som?
- Ele não faz.
- Você quer dizer dentro da faixa de freqüências audíveis pra o ser humano, certo? Nesse caso, eu tenho uma aparelhagem...
- Eu já disse que ele nunca faz som nenhum!!! Audível ou não pra o ser humano.
Quase explodindo de irritação, o visitante faz um úlitmo esforço:
- Já sei! Por acaso eu tenho a aparelhagem necessária pra visualizar e gravar em vídeo as variações de temperatura no espaço em torno do seu dragão causada pelo bafo quente dele. Se você me der meia hora, eu volto com tudo e a gente faz o teste. Que tal?
- Mas o fogo desse dragão, bem como a do corpo inteiro dele fica sempre igual à do ambiente em torno dele.
Finalmente estourando, o antes calmo visitante berra:
- Puta que o pariu!! Qual é a porra da diferença entre um dragão invisível, flutuante, imaterial, silencioso e de temperatura sempre igual a do ambiente e dragão NENHUM????
- Olha, agora que você mencionou isso... até faz sentido... mas isso não importa... é uma questão de crença pessoal... e, quer saber de uma coisa? Se você não acredita também, então deve haver alguma coisa errada com os seus valores... seu, seu... seu "cético"!!
Fim da história. E da amizade deles (por parte dos dois).
No email anterior, eu disse: "a simples noção da existência de seres fantasmagóricos antropomórficos
oniscientes e onipotentes e
que, ao mesmo tempo, não pode ser
empiricamente comprovada e nem refutada é tão absurda quanto a do
"flying spaghetti monsterism"... ou dos Ursinhos Carinhosos".
Não há nada de
non sequitur ou de
ad hominen nisso, se é que você sabe mesmo o que essas expressões signifcam.
Na verdade, trata-se do princípio básico de um troço chamado "método científico", algo muito palpável e cujos frutos nos renderam, entre outras coisas, essa maravilhosa mídia de comunicação pela qual estamos nos comunicando de forma confiável e barata, algo que pareceria absolutamente "milagroso" há apenas algumas décadas.
Se algo não pode ser comprovado e nem refutado, é totalmente inócuo (pelo menos por seus próprios méritos... o sentido que damos às coisas é outra história). Algo tão fundamental como a existência de seres fantasmagóricos antropomórficos oniscientes e onipotentes deveria deixar pra trás uma abundância de provas irrefutáveis, não? Até a feijoada de domingo deixa. Mas não deixam.
Pra piorar as coisas, ao contrário dos Ursinhos Carinhosos, cuja existência também não pode ser nem comprovada e nem refutada, religiões de todos os tipos foram e ainda são usadas como justificativa para as maiores barbáries da nossa história.
Amém.
Mario.
2008/1/23 Norberto Kawakami <
norberto...@gmail.com>: