
Flauta de Luz
Oferecida pelo editor, Júlio Henriques, a um membro da Campo Aberto, e por este, após algum tempo, oferecida à Hemeroteca da associação, recebemos mais um número, o n.º 11, desta Flauta de Luz, que também se autodesigna como Boletim de Topografia, datada de junho de 2025.
São 196 páginas de um formato próximo do A4, a preto e branco, com uma atraente paginação (a cargo de Gonçalo Mota), que abrem com um ensaio de Júlio Henriques, «Civilização e Barbárie». Como já em números anteriores, é abordada a cultura ameríndia contemporânea, nomeadamente na poesia. E anuncia-se, para o próximo número (a sair no outono de 2025), a presença de literatura brasileira indígena e uma entrevista com o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, que marcará também a presença da cultura do Brasil, tal como acontecerá com o artigo «Quilombolas: a terra dá, a terra quer», escrito por António Bispo dos Santos.
Voltemos porém ao n.º 11, onde se incluem diversos temas ambientais vistos numa perspetiva crítica e política: as serras que uivam (a luta do Barroso pela defesa da sua terra ameaçada pela mineração a céu aberto), o capitalismo verde disfarçado de transição energética, a destruição da Palestina como destruição da Terra; Gaza como destino da humanidade e o modo ocidental de genocídio; África de genocídios esquecidos e escondidos, como foi o dos Mucubais em Angola (1939-1943), África que se anuncia presente para o próximo número com o artigo «O Congo, mina da barbárie electrónica ocidental».
flaut...@tutamail.com
flautadeluz.pt

Resurgence & Ecologist

Reconectar com o planeta vivo e «escolher a paz», eis o tema forte de mais um número desta revista bimestral. Na verdade duas revistas numa só, duas das mais representativas, a nível mundial, do irromper do movimento ecológico-ambiental universal da época 1965-1975. Uma delas, The Ecologist, foi sobretudo devida ao impulso de Edward Goldsmith (1928-2009). Viria a desaparecer em papel em 2009, ano da morte do seu criador. A outra, Resurgence, foi fundada em 1966 por John Papworth. A fusão das duas data de 2012.
O editorial do n.º 352, de setembro-outubro de 2025, segue na esteira da capa («Escolher a Paz»): Encontrar quietude e alegria em tempos de escravidão. E diz: escolher a paz é um convite a mergulhar nas complexas camadas da criação de um mundo mais pacífico, quer vejamos a paz como algo de pessoal, um contentamento que encontramos dentro de nós próprios, quer a vejamos como uma ação coletiva para toda a humanidade, como compaixão e profundo sentido de ligação, chave para alcançar a verdadeira paz. Animais e espiritualidade, conhecer a natureza à nossa porta, o admirável trabalho de conservação da riquíssima biodiversidade das Ilhas Galápagos, um futuro livre de armas nucleares – eis mais alguns dos artigos deste número.
O anterior, de julho-agosto (n.º 351), tem como tema principal os oceanos. Aliás, desde 2024 uma das seis edições anuais de Resurgence & Ecologist é-lhes dedicada. Daí o subtítulo «Ocean glories II», que aborda o maior habitat do mundo e também o que se encontra em maior perigo. Um artigo refere o surgimento da raiva em focas e outros mamíferos marinhos, em particular na África do Sul, na região do Cabo. Mais adiante, publica-se um extrato de um novo livro escrito em colaboração entre David Attenborough e Colin Butfield no qual se evoca a força e resistência dos habitats e da vida marinha. A par de um apelo à ação para proteger o oceano da mineração nos mares profundos, doze páginas são dedicadas a uma descrição das várias profundidades, da sua relação com a luz e da influência desta sobre as várias formas de vida marinha consoante a profundidade a que se encontram.

Duas despedidas
Inf’ogm
O n.º 178 (inverno 2025) da revista Inf’OGM traz uma má notícia: devido a dificuldades financeiras, a revista viu-se forçada a cessar a publicação – mas mantém o seu trabalho de informação na esfera digital, onde a sua equipa de redação continuará a prestar um serviço de valor incalculável. Continuarão a ser analisados temas como: os OGM – organismos geneticamente modificados; as biotecnologias; as sementes na agricultura; e as tentativas de privatização da vida e dos seres vivos através da manipulação das patentes e da propriedade intelectual.
Neste último número em papel destacam-se como tema «artificializar para apropriar» e como evoluem as questões relacionadas com a defesa da vida perante as manipulações da engenharia genética. Na hemeroteca da Campo Aberto podem continuar a ser consultados e pesquisados muitos anos desta revista, desde 2018 até 2025 (apenas alguns números faltam).
A informação produzida pela equipa estará disponível em
www.infogm.org
Contacto: inf...@infogm.org

La Revue Durable (LRD)
«O Planeta em Revistas» tem hoje esta tarefa ingrata de informar da cessação não apenas de Inf’OGM, mas também do anunciado fim de La Revue Durable, que a hemeroteca da Campo Aberto possui desde o n.º 1 até ao n.º 70, datado da primavera-verão de 2025, número esse em que anuncia que os n.ºs 71 e 72, a publicar até final de 2026, serão os últimos. Ainda divulgaremos, pois, em princípio, esses dois números.
Revista iniciada em 2002 com periodicidade bimestral, passou depois a semestral, tendo fundado em 2016 a associação «Artisans de la Transition» (Artesãos da Transição). Revista e associação centram-se no tema do ambiente sob o prisma da durabilidade (ou sustentabilidade, palavra infelizmente demasiado gasta em português) e à transição energética exigida pelas alterações climáticas. Tudo isso numa perspetiva exigente e aprofundada e sempre crítica em relação às ideias comuns e oficiais sobre o tema da transição.
Neste n.º 70, destaca-se o tema «as mercearias alternativas, alavanca da transição». Ao traduzirmos, corremos o risco de ouvir a pergunta: «o que são mercearias?». É que, em Portugal, talvez mais que no resto da Europa, a mercearia, até há poucas décadas a principal loja de produtos alimentares, quase desapareceu e continua a desaparecer. Na LRD, ela assume agora, enquanto «mercearia alternativa», um lugar fulcral na conexão entre alimentação, agricultura, energia e clima, e aponta a importância das políticas públicas alimentares, dos ambientes alimentares. Quase todo este número é dedicado ao tema. Como em todos os números, porém, há uma entrevista extensa com um cientista, investigador, ativista, que, nem sempre em relação com o tema principal do número, apresenta uma perspetiva que esclarece e ilumina tudo o que a LRD publica e tudo o que fazem os «artesãos da transição». Neste n.º 70, a entrevistada é Julia Steinberger, professora na Universidade de Lausana, Suíça, sobre os desafios sociais ligados às alterações climáticas, que foi coautora do sexto relatório, de 2022, do grupo intergovernamental de peritos sobre a evolução do clima - IPCC(Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática). Nessa entrevista, defende que é necessário opor-se ao capitalismo de catástrofe para que seja possível viver bem no interior das fronteiras planetárias.
É possível aceder gratuitamente na internet aos primeiros dez anos (2002-2012) da La Revue Durable. E, claro, podem ser compulsados os 70 números da hemeroteca da Campo Aberto, nas condições indicadas no início deste O Planeta em Revistas.

