... Repassando...
elaboramos um manifesto (abaixo e anexo) em
defesa da Ciência brasileira e contra a retenção dos recursos do CNPq.
Solicitamos seu apoio e também que enviem e-mail em seus departamentos
para colhermos o maior número possível de assinaturas, que podem ser
enviadas (nome e instituição) para o e-mail
até o dia 20 de agosto.
Christina Brech, Henrique N. Sá Earp, José Nazareno V. Gomes, Ricardo Freire e Rodrigo Bissacot
Manifesto de jovens pesquisadores em Matemática em defesa da Ciência brasileira e contra a retenção dos recursos do CNPq*
Em
agosto de 2015 manifestamos perplexidade frente aos cortes
orçamentários impostos aos programas de pós-graduação, alertando para
suas consequências devastadoras para a Matemática brasileira, área que
já recebia uma quantidade menor de bolsas de produtividade em pesquisa.
Tais medidas comprometeriam os avanços do que parecia ser uma política
federal de investimentos continuados em ciência e educação, que elevou a
Matemática no País a um novo patamar e culminou na concessão da Medalha
Fields ao brasileiro Artur Avila em 2014, bem como na escolha do Brasil
para sediar a Olimpíada Internacional de Matemática IMO 2017 e o
Congresso Internacional de Matemáticos ICM 2018. Este ano, o pesquisador
Eduardo Teixeira recebeu o Prêmio Ramanujan, concedido a jovens
matemáticos de países em desenvolvimento, por seu trabalho desenvolvido
na Universidade Federal do Ceará. No âmbito nacional, o reconhecimento
veio com a proclamação do Biênio da Matemática 2017-2018 pelo Congresso
Nacional, por meio da Lei Ordinária 13.358 de 07/11/2016.
A
comunidade matemática brasileira, particularmente por meio de seus
jovens pesquisadores e estudantes, está mais do que nunca empenhada em
atividades de popularização, educação e pesquisa, a exemplo da Semana
Nacional de Ciência e Tecnologia, cujo tema este ano é "A Matemática
está em tudo!", e dos inúmeros eventos científicos relacionados ao ICM
2018.
No entanto, passados dois anos desde o nosso ``Manifesto
dos Jovens Pesquisadores em Matemática Pura e Aplicada'', os cortes
foram de fato
ampliados. A fusão do MCTI com o Ministério das
Comunicações em 2016 tirou a independência daquele e explicitou o
absoluto descaso do atual governo federal para com a Ciência. Os
inúmeros contingenciamentos orçamentários promovidos nos últimos 12
meses, bem como a total incerteza sobre recursos futuros, aprofundam os
prejuízos na medida em que inviabilizam o planejamento, geram
insegurança na comunidade científica e afastam jovens promissores.
Várias universidades federais sequer têm recursos suficientes para
completar o ano letivo de 2017 e a fuga de jovens pesquisadores do País
se acentuou.
O desenvolvimento econômico, social e cultural de
um país passa necessariamente por ciência, tecnologia e inovação, nas
quais a Matemática e suas aplicações ocupam um lugar central. Temos no
Brasil capacidade material e intelectual para promover avanços
significativos. Contudo, nossos pesquisadores necessitam de remuneração
adequada e de verba para financiar suas pesquisas e os mais jovens,
assim como os estudantes talentosos, precisam de perspectivas
promissoras na carreira científica.
À fria luz dos fatos e além
de qualquer partidarismo, repudiamos os repetidos e substanciais cortes
de verba que sabotam o potencial transformador da ciência brasileira e
reivindicamos a volta e independência do MCTI e a restauração do status e
do orçamento do CNPq e demais agências de fomento e pesquisa.
(*)
Texto elaborado pelos pesquisadores Christina Brech (USP), Henrique N.
Sá Earp (UNICAMP), José Nazareno V. Gomes (UFAM), Ricardo Freire (USP) e
Rodrigo Bissacot (USP).