[Logica-l] Genial!

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Francisco Antonio Doria

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Nov 9, 2012, 2:01:03 PM11/9/12
to logi...@dimap.ufrn.br
http://www.youtube.com/watch?v=WIdxj37Msro&feature=share

--
fad

ahhata alati, awienta Wilushati

yuri lumer

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Nov 9, 2012, 3:19:02 PM11/9/12
to Francisco Antonio Doria, logi...@dimap.ufrn.br
Pérolas de sabedoria.

"O MST pode tomar a Globo em dez minutos e expulsar todo mundo de lá no
tapa.



O Clinton é um sujeito eleito com dinheiro chinês.



A Europa será totalmente islamizada em dez anos.



O Brasil está no estágio da revolução comunista mais avançado do mundo!





O aquecimento global, o HAARP e as armas de destruição massivas são uma
farsa inventada pelos movimentos comunistas e ambientalistas.





Newton estava errado.



Todos os ditadores da história eram esquerdistas: Hitler, Saddam,
Milosevic, Mussolini, Vargas e Júlio César.





Os ateus cultuam o pai dele (Satã).





O Big-Bang foi apenas um encontro de moléculas.



Vivemos num regime de ditadura comunista.



Bill Clinton era um agente de Pequim.



Nas livrarias você só acha três tipos de livros: auto-ajuda, economia e
comunismo.



Nicola Tesla não entedia nada de eletricidade ou de fios elétricos.



As novelas da Globo trazem propaganda subliminar comunista.



As fundações Ford, Carnegie e Rockfeller faziam propaganda anticristã,
anticapitalista e antiamericana.



A ideologia comunista que entrou pelos livros de História se alastrou pelo
sistema de ensino inteiro e infectou todas as disciplinas -- até matemática
e educação física.



O colégio de Aplicação (RJ) é um modelo de educação comunista.



A inquisição católica e a espanhola só tiveram 400 mil mortes.



Todas as guerras e revoluções da história depois da revolução francesa
foram planejadas por comunistas."
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> Logica-l mailing list
> Logi...@dimap.ufrn.br
> http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l
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Ricardo Pereira

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Nov 9, 2012, 3:33:04 PM11/9/12
to logi...@dimap.ufrn.br
Pior que me assustei ao ver que o cara tem uma legião de seguidores. Um
tanto preocupante a falta de resposta dos filósofos ou cientistas sociais
às afirmações extremas dele. Não por ele merecer tratamento especial, mas
justamente por ter conseguido essa legião de seguidores e acusar a
"academia" de conspiração. Andei lendo uma introdução ao grande trabalho
filosófico dele (descoberta da "Paralaxe Cognitiva"), segundo um seguidor
entusiasta. Se alguém conhecer alguém sério que teve paciência de analisar
o que o Olavo escreve, gostaria de saber.

P.S.: outro problema é que quando procurei referências no google só achei
praticamente páginas pró-Olavo (dele ou de simpatizantes).
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[]'s ...and justice for all.

Ricardo Gentil de Araújo Pereira

Famadoria

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Nov 9, 2012, 3:38:41 PM11/9/12
to Ricardo Pereira, logi...@dimap.ufrn.br
Já viu ele xingando? É escatologico.

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Décio Krause

unread,
Nov 9, 2012, 8:31:49 PM11/9/12
to Francisco Antonio Doria, logi...@dimap.ufrn.br
Impressionante. Sabem se ele também falou da mecânica quântica ou dos teoremas de Gödel?(deve ter falado, pois ele parece que fala de qualquer coisa).
D



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Décio Krause
Departamento de Filosofia
Universidade Federal de Santa Catarina
88040-900 Florianópolis - SC - Brasil
http://www.cfh.ufsc.br/~dkrause
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Manuel Doria

unread,
Nov 9, 2012, 11:54:44 PM11/9/12
to Décio Krause, logi...@dimap.ufrn.br
Ele também já alegou que o *Tractatus* foi copiosamente plagiado de obras
anteriores de Frege e que esta obra trouxe um "dano incalculável" à
"inteligência mundial".

2012/11/9 Décio Krause <decio...@gmail.com>

Manuel Doria

unread,
Nov 9, 2012, 11:57:49 PM11/9/12
to Décio Krause, logi...@dimap.ufrn.br
Outra famosa é a "refutação" de Cantor em *O Jardim das Aflições*:

Só para dar um exemplo: O célebre Georg Cantor acreditou poder refutar o 5º
princípio de Euclides ( de que o todo é maior que a parte ) pelo argumento
de que o conjunto dos números pares, embora sendo parte do conjunto dos
números inteiros, pode ser posto em correspondência biunívoca com ele, de
modo que os dois con- juntos teriam o mesmo número de elementos e, assim, a
parte seria igual ao todo: 1, 2, 3, 4..... n 2, 4, 6, 8..... 2n = n Com
esta demonstração, Cantor e seus epígonos acreditavam estar derrubando,
junto com um princípio da geometria antiga, também uma crença estabelecida
do senso comum e um dos pilares da lógica clássica, descortinando assim os
horizontes de uma nova era do pensamento humano. Esse raciocínio baseia-se
na suposição de que tanto o conjunto dos números inteiros como o dos pares
são conjuntos infinitos atuais, e ele pode portanto ser re- jeitado por
quem acredite, com Aristóteles, que o infinito quantitativo é só potencial,
nunca atual. Mas, mesmo aceitando-se o pressuposto dos infinitos atuais, a
demons- tração de Cantor é apenas um jogo de palavras, e bem pouco
engenhoso no fundo. Em primeiro lugar, é verdade que, se representarmos os
números inteiros cada um por um signo ( ou cifra ), teremos aí um conjunto
( infinito ) de signos ou cifras; e se,nesse conjunto, quisermos destacar
por signos ou cifras especiais os números que representem pares, então
teremos um “segundo” conjunto que será parte do primeiro; e, sendo ambos
infinitos, os dois conjuntos terão o mesmo número de ele- mentos,
confirmando o argumento de Cantor. Mas isso é confundir os números com seus
meros signos, fazendo injustificada abstração das propriedades matemáticas
que definem e diferenciam os números entre si e, portanto, abolindo
implicitamente também a distinção mesma entre pares e ímpares, na qual se
baseia o pretenso ar- gumento. “4” é um signo, “2” é um signo, mas não é o
signo “4” que é o dobro de 2, e sim a quantidade 4, seja ela representada
por esse signo ou por quatro bolinhas. O conjunto dos números inteiros pode
conter mais signos numéricos do que o con- junto dos números pares— já que
abrange os signos de pares e os de ímpares—, mas não uma maior quantidade
de unidades do que a contida na série dos pares. A tese de Cantor escorrega
para fora dessa obviedade mediante o expediente de jogar com um duplo
sentido da palavra “número”, ora usando-a para designar uma quantidade
definida com propriedades determinadas ( entre as quais a de ocupar um
certo lugar na série dos números e a de poder ser par ou ímpar ), ora para
designar o mero signo de número, ou seja, a cifra. A série dos números
pares só é composta de pares porque é contada de dois em dois, isto é,
saltando-se uma unidade entre cada dois números; se não fosse con- tada
assim, os números não seriam pares. De nada adianta aqui recorrer ao
subter- fúgio de que Cantor se refere ao mero “conjunto” e não à “série
ordenada”; pois o conjunto dos números pares não seria de pares se seus
elementos não pudessem ser ordenados de dois em dois numa série ascendente
ininterrupta que progride pelo acréscimo de 2, nunca de 1; e nenhum número
poderia ser considerado par se pudesse livremente trocar de lugar com
qualquer outro na série dos inteiros. “Pari- dade” e “lugar na série” são
conceitos inseparáveis: se n é par, é porque tanto n+1 como n-1 são
ímpares. Nesse sentido, é unicamente a soma implícita das unidades não
mencionadas que faz com que a série de pares seja de pares. Portanto— e eis
aqui a falácia de Cantor—, não há aqui duas séries de números, mas uma
única, contada de duas maneiras: a série dos números pares não é realmente
parte da série dos números inteiros, mas é a própria série dos números
inteiros, contada ou nomeada de uma determinada maneira. A noção de
“conjunto” é que, desta- cada abusivamente da noção de “série”, produz todo
esse samba-do-alemão-doido, dando a aparência de que os números pares podem
constituir um “conjunto” inde- pendentemente do lugar de cada um na série,
quando o fato é que, abstraída a posi- ção na série, não há mais paridade
ou imparidade nenhuma. Se a série dos números inteiros pode ser
representada por dois conjuntos de signos, um só de pares, outro de pares
mais ímpares, isto não significa que se trata de duas séries realmente
distin- tas. A confusão que existe aí é entre “elemento” e “unidade”. Um
conjunto dex uni-dades contém certamente o mesmo número de “elementos” que
um conjunto dex pares, mas não o mesmo número de unidades. O que Cantor faz
é, no fundo, substancializar ou mesmo hipostasiar a noção de “par” ou
“paridade”, supondo que um número qualquer possa ser par “em si”, inde-
pendentemente de seu lugar na série e de sua relação com todos os demais
números (inclusive, é claro, com sua própria metade), e que os pares possam
ser contados como coisas e não como meras posições intercaladas na série
dos números inteiros. No seu “argumento”, não se trata de uma verdadeira
distinção entre todo e par- te, mas sim de uma comparação meramente verbal
entre um todo e o mesmo todo, diversamente denominado. Não se tratando de
um verdadeiro todo e de uma verda- deira parte, não se pode falar então de
uma igualdade de elementos entre todo e parte, nem, portanto, de uma
refutação do 5º princípio de Euclides. Cantor erra o alvo por muitos
metros.

2012/11/10 Manuel Doria <manue...@gmail.com>

Walter Carnielli

unread,
Nov 10, 2012, 3:21:16 AM11/10/12
to Manuel Doria, logi...@dimap.ufrn.br
Eu nao sabia que alguem levasse a sério, ou gastasse tempo, com Olavo de
Carvalho. Mas para não confundir neófitos e estudantes, pode ser
interessante começar por aqui:

http://philosophy.stackexchange.com/questions/1934/is-cantors-theorem-based-on-a-fallacy

Walter

Famadoria

unread,
Nov 10, 2012, 5:12:58 AM11/10/12
to Manuel Doria, logi...@dimap.ufrn.br
Coitado do Ludwig...

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On 10/11/2012, at 02:54, Manuel Doria <manue...@gmail.com> wrote:

> Ele também já alegou que o Tractatus foi copiosamente plagiado de obras anteriores de Frege e que esta obra trouxe um "dano incalculável" à "inteligência mundial".

Famadoria

unread,
Nov 10, 2012, 5:16:06 AM11/10/12
to Manuel Doria, logi...@dimap.ufrn.br
Nem comento. Precisa?

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On 10/11/2012, at 02:57, Manuel Doria <manue...@gmail.com> wrote:

> Outra famosa é a "refutação" de Cantor em O Jardim das Aflições:
>
> Só para dar um exemplo: O célebre Georg Cantor acreditou poder refutar o 5º princípio de Euclides ( de que o todo é maior que a parte ) pelo argumento de que o conjunto dos números pares, embora sendo parte do conjunto dos números inteiros, pode ser posto em correspondência biunívoca com ele, de modo que os dois con- juntos teriam o mesmo número de elementos e, assim, a parte seria igual ao todo: 1, 2, 3, 4..... n 2, 4, 6, 8..... 2n = n Com esta demonstração, Cantor e seus epígonos acreditavam estar derrubando, junto com um princípio da geometria antiga, também uma crença estabelecida do senso comum e um dos pilares da lógica clássica, descortinando assim os horizontes de uma nova era do pensamento humano. Esse raciocínio baseia-se na suposição de que tanto o conjunto dos números inteiros como o dos pares são conjuntos infinitos atuais, e ele pode portanto ser re- jeitado por quem acredite, com Aristóteles, que o infinito quantitativo é só potencial, nunca atual. Mas, mesmo aceitando-se o pressuposto dos infinitos atuais, a demons- tração de Cantor é apenas um jogo de palavras, e bem pouco engenhoso no fundo. Em primeiro lugar, é verdade que, se representarmos os números inteiros cada um por um signo ( ou cifra ), teremos aí um conjunto ( infinito ) de signos ou cifras; e se,nesse conjunto, quisermos destacar por signos ou cifras especiais os números que representem pares, então teremos um “segundo” conjunto que será parte do primeiro; e, sendo ambos infinitos, os dois conjuntos terão o mesmo número de ele- mentos, confirmando o argumento de Cantor. Mas isso é confundir os números com seus meros signos, fazendo injustificada abstração das propriedades matemáticas que definem e diferenciam os números entre si e, portanto, abolindo implicitamente também a distinção mesma entre pares e ímpares, na qual se baseia o pretenso ar- gumento. “4” é um signo, “2” é um signo, mas não é o signo “4” que é o dobro de 2, e sim a quantidade 4, seja ela representada por esse signo ou por quatro bolinhas. O conjunto dos números inteiros pode conter mais signos numéricos do que o con- junto dos números pares— já que abrange os signos de pares e os de ímpares—, mas não uma maior quantidade de unidades do que a contida na série dos pares. A tese de Cantor escorrega para fora dessa obviedade mediante o expediente de jogar com um duplo sentido da palavra “número”, ora usando-a para designar uma quantidade definida com propriedades determinadas ( entre as quais a de ocupar um certo lugar na série dos números e a de poder ser par ou ímpar ), ora para designar o mero signo de número, ou seja, a cifra. A série dos números pares só é composta de pares porque é contada de dois em dois, isto é, saltando-se uma unidade entre cada dois números; se não fosse con- tada assim, os números não seriam pares. De nada adianta aqui recorrer ao subter- fúgio de que Cantor se refere ao mero “conjunto” e não à “série ordenada”; pois o conjunto dos números pares não seria de pares se seus elementos não pudessem ser ordenados de dois em dois numa série ascendente ininterrupta que progride pelo acréscimo de 2, nunca de 1; e nenhum número poderia ser considerado par se pudesse livremente trocar de lugar com qualquer outro na série dos inteiros. “Pari- dade” e “lugar na série” são conceitos inseparáveis: se n é par, é porque tanto n+1 como n-1 são ímpares. Nesse sentido, é unicamente a soma implícita das unidades não mencionadas que faz com que a série de pares seja de pares. Portanto— e eis aqui a falácia de Cantor—, não há aqui duas séries de números, mas uma única, contada de duas maneiras: a série dos números pares não é realmente parte da série dos números inteiros, mas é a própria série dos números inteiros, contada ou nomeada de uma determinada maneira. A noção de “conjunto” é que, desta- cada abusivamente da noção de “série”, produz todo esse samba-do-alemão-doido, dando a aparência de que os números pares podem constituir um “conjunto” inde- pendentemente do lugar de cada um na série, quando o fato é que, abstraída a posi- ção na série, não há mais paridade ou imparidade nenhuma. Se a série dos números inteiros pode ser representada por dois conjuntos de signos, um só de pares, outro de pares mais ímpares, isto não significa que se trata de duas séries realmente distin- tas. A confusão que existe aí é entre “elemento” e “unidade”. Um conjunto dex uni-dades contém certamente o mesmo número de “elementos” que um conjunto dex pares, mas não o mesmo número de unidades. O que Cantor faz é, no fundo, substancializar ou mesmo hipostasiar a noção de “par” ou “paridade”, supondo que um número qualquer possa ser par “em si”, inde- pendentemente de seu lugar na série e de sua relação com todos os demais números (inclusive, é claro, com sua própria metade), e que os pares possam ser contados como coisas e não como meras posições intercaladas na série dos números inteiros. No seu “argumento”, não se trata de uma verdadeira distinção entre todo e par- te, mas sim de uma comparação meramente verbal entre um todo e o mesmo todo, diversamente denominado. Não se tratando de um verdadeiro todo e de uma verda- deira parte, não se pode falar então de uma igualdade de elementos entre todo e parte, nem, portanto, de uma refutação do 5º princípio de Euclides. Cantor erra o alvo por muitos metros.
>
> 2012/11/10 Manuel Doria <manue...@gmail.com>
> Ele também já alegou que o Tractatus foi copiosamente plagiado de obras anteriores de Frege e que esta obra trouxe um "dano incalculável" à "inteligência mundial".

Famadoria

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Nov 10, 2012, 5:17:06 AM11/10/12
to Walter Carnielli, logi...@dimap.ufrn.br
Walter, muita gente.

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Jaison Schinaider

unread,
Nov 10, 2012, 5:16:45 AM11/10/12
to Famadoria, logi...@dimap.ufrn.br
E o pior é que o homem é cheio dos prêmios; pelo menos é o que diz o
verbete dele na Wikipedia:
Medalha Tiradentes <http://pt.wikipedia.org/wiki/Medalha_Tiradentes> em
2012, Medalha do Pacificador em 1999, Medalha Mérito Santos Dumont em 2001,
Comendador da Ordem Nacional do Mérito da Romênia em 2000. Primeiro Prêmio
em concurso sobre José Ortega y Gasset instituído pela embaixada do Reino
da espanha em 1983. Primeiro Prêmio num concurso de ensaios sobre história
islâmica instituído pela Embaixada do Reino da Arábia Saudita em 1986

Décio Krause

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Nov 10, 2012, 6:27:53 AM11/10/12
to Manuel Doria, logi...@dimap.ufrn.br
Como disse o próprio Cantor, "Je le vois, mas je ne le crois pas".




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Décio Krause
Departamento de Filosofia
Universidade Federal de Santa Catarina
88040-900 Florianópolis - SC - Brasil
http://www.cfh.ufsc.br/~dkrause
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Em 10/11/2012, às 02:57, Manuel Doria <manue...@gmail.com> escreveu:

> Outra famosa é a "refutação" de Cantor em O Jardim das Aflições:
>
> Só para dar um exemplo: O célebre Georg Cantor acreditou poder refutar o 5º princípio de Euclides ( de que o todo é maior que a parte ) pelo argumento de que o conjunto dos números pares, embora sendo parte do conjunto dos números inteiros, pode ser posto em correspondência biunívoca com ele, de modo que os dois con- juntos teriam o mesmo número de elementos e, assim, a parte seria igual ao todo: 1, 2, 3, 4..... n 2, 4, 6, 8..... 2n = n Com esta demonstração, Cantor e seus epígonos acreditavam estar derrubando, junto com um princípio da geometria antiga, também uma crença estabelecida do senso comum e um dos pilares da lógica clássica, descortinando assim os horizontes de uma nova era do pensamento humano. Esse raciocínio baseia-se na suposição de que tanto o conjunto dos números inteiros como o dos pares são conjuntos infinitos atuais, e ele pode portanto ser re- jeitado por quem acredite, com Aristóteles, que o infinito quantitativo é só potencial, nunca atual. Mas, mesmo aceitando-se o pressuposto dos infinitos atuais, a demons- tração de Cantor é apenas um jogo de palavras, e bem pouco engenhoso no fundo. Em primeiro lugar, é verdade que, se representarmos os números inteiros cada um por um signo ( ou cifra ), teremos aí um conjunto ( infinito ) de signos ou cifras; e se,nesse conjunto, quisermos destacar por signos ou cifras especiais os números que representem pares, então teremos um “segundo” conjunto que será parte do primeiro; e, sendo ambos infinitos, os dois conjuntos terão o mesmo número de ele- mentos, confirmando o argumento de Cantor. Mas isso é confundir os números com seus meros signos, fazendo injustificada abstração das propriedades matemáticas que definem e diferenciam os números entre si e, portanto, abolindo implicitamente também a distinção mesma entre pares e ímpares, na qual se baseia o pretenso ar- gumento. “4” é um signo, “2” é um signo, mas não é o signo “4” que é o dobro de 2, e sim a quantidade 4, seja ela representada por esse signo ou por quatro bolinhas. O conjunto dos números inteiros pode conter mais signos numéricos do que o con- junto dos números pares— já que abrange os signos de pares e os de ímpares—, mas não uma maior quantidade de unidades do que a contida na série dos pares. A tese de Cantor escorrega para fora dessa obviedade mediante o expediente de jogar com um duplo sentido da palavra “número”, ora usando-a para designar uma quantidade definida com propriedades determinadas ( entre as quais a de ocupar um certo lugar na série dos números e a de poder ser par ou ímpar ), ora para designar o mero signo de número, ou seja, a cifra. A série dos números pares só é composta de pares porque é contada de dois em dois, isto é, saltando-se uma unidade entre cada dois números; se não fosse con- tada assim, os números não seriam pares. De nada adianta aqui recorrer ao subter- fúgio de que Cantor se refere ao mero “conjunto” e não à “série ordenada”; pois o conjunto dos números pares não seria de pares se seus elementos não pudessem ser ordenados de dois em dois numa série ascendente ininterrupta que progride pelo acréscimo de 2, nunca de 1; e nenhum número poderia ser considerado par se pudesse livremente trocar de lugar com qualquer outro na série dos inteiros. “Pari- dade” e “lugar na série” são conceitos inseparáveis: se n é par, é porque tanto n+1 como n-1 são ímpares. Nesse sentido, é unicamente a soma implícita das unidades não mencionadas que faz com que a série de pares seja de pares. Portanto— e eis aqui a falácia de Cantor—, não há aqui duas séries de números, mas uma única, contada de duas maneiras: a série dos números pares não é realmente parte da série dos números inteiros, mas é a própria série dos números inteiros, contada ou nomeada de uma determinada maneira. A noção de “conjunto” é que, desta- cada abusivamente da noção de “série”, produz todo esse samba-do-alemão-doido, dando a aparência de que os números pares podem constituir um “conjunto” inde- pendentemente do lugar de cada um na série, quando o fato é que, abstraída a posi- ção na série, não há mais paridade ou imparidade nenhuma. Se a série dos números inteiros pode ser representada por dois conjuntos de signos, um só de pares, outro de pares mais ímpares, isto não significa que se trata de duas séries realmente distin- tas. A confusão que existe aí é entre “elemento” e “unidade”. Um conjunto dex uni-dades contém certamente o mesmo número de “elementos” que um conjunto dex pares, mas não o mesmo número de unidades. O que Cantor faz é, no fundo, substancializar ou mesmo hipostasiar a noção de “par” ou “paridade”, supondo que um número qualquer possa ser par “em si”, inde- pendentemente de seu lugar na série e de sua relação com todos os demais números (inclusive, é claro, com sua própria metade), e que os pares possam ser contados como coisas e não como meras posições intercaladas na série dos números inteiros. No seu “argumento”, não se trata de uma verdadeira distinção entre todo e par- te, mas sim de uma comparação meramente verbal entre um todo e o mesmo todo, diversamente denominado. Não se tratando de um verdadeiro todo e de uma verda- deira parte, não se pode falar então de uma igualdade de elementos entre todo e parte, nem, portanto, de uma refutação do 5º princípio de Euclides. Cantor erra o alvo por muitos metros.
>
> 2012/11/10 Manuel Doria <manue...@gmail.com>
>> Ele também já alegou que o Tractatus foi copiosamente plagiado de obras anteriores de Frege e que esta obra trouxe um "dano incalculável" à "inteligência mundial".

Joao Marcos

unread,
Nov 10, 2012, 6:37:40 AM11/10/12
to Décio Krause, logi...@dimap.ufrn.br
2012/11/10 Décio Krause <decio...@gmail.com>:
> Como disse o próprio Cantor, "Je le vois, mas je ne le crois pas".

Melhor dizendo, como Cantor e Dedekind não se correspondiam em francês:
„Ich sehe es, aber ich glaube es nicht."

Mas talvez não seja possível construir uma bijeção entre o alemão e o
francês. ;-)

JM

--
http://sequiturquodlibet.googlepages.com/

Décio Krause

unread,
Nov 10, 2012, 7:19:24 AM11/10/12
to Joao Marcos, logi...@dimap.ufrn.br
JM
Pois é, mas eu nunca encontrei a frase original do Cantor ao Dedekind, e todas as referências que vi apontam a frase em francês. Alguém sabe do original?
Obrigado de qualquer modo.
Abraço
D



------------------------------------------------------
Décio Krause
Departamento de Filosofia
Universidade Federal de Santa Catarina
88040-900 Florianópolis - SC - Brasil
http://www.cfh.ufsc.br/~dkrause
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Joao Marcos

unread,
Nov 10, 2012, 7:29:32 AM11/10/12
to Décio Krause, logi...@dimap.ufrn.br
Uma pesquisa rápida no Google mostra que eu estava enganado, Décio. O
paper "Cantor und die Franzosen: Mathematik, Philosophie und das
Unendliche", de Anne-Marie Décaillo, tem a citação completa (carta a
Dedekind de 29 de junho de 1877):

"Ich kann so lange Sie mir nicht zugestimmt haben, nur sagen: Je le
vois, mais je ne le crois pas."

Talvez Cantor pensasse que o jeu de mots só fizesse sentido em
francês, língua de eufemismos e paradoxos. :-)

JM


2012/11/10 Décio Krause <decio...@gmail.com>:
--
http://sequiturquodlibet.googlepages.com/

Décio Krause

unread,
Nov 10, 2012, 7:40:57 AM11/10/12
to Joao Marcos, logi...@dimap.ufrn.br
É, essa é uma boa explicação. Obrigado pela referência.
Abraço
D



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Décio Krause
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88040-900 Florianópolis - SC - Brasil
http://www.cfh.ufsc.br/~dkrause
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Alvaro Augusto (L)

unread,
Nov 10, 2012, 1:00:33 PM11/10/12
to logi...@dimap.ufrn.br
Faz tempo que deixei de acompanhar esse moço (desde que solicitei a
exclusão de uma lista de e-mails dele e recebi como resposta uma série
de ofensas), mas dessa vez ele foi longe demais! Parece que ele vive em
uma espécie de universo paralelo ou coisa parecida, se bem que os
argumentos "contra a relatividade" não são nem mesmo originais e indicam
que ele nunca ouviu falar em variedades multidimensionais.

[ ]s

Alvaro Augusto

Tony Marmo

unread,
Nov 10, 2012, 1:16:29 PM11/10/12
to Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
Como ele não menciona as noções de ordinalidade e cardinalidade, não me
parece que ele saiba exatamente o que a asserção "o todo é maior que a
parte" nesse caso. Ele não discute o que significa ser maior.Aliás, nem
sequer sabe dizer o que quer dizer A e B serem um mesmo conjunto". Mas, o
que ele quer dizer é que se se faz uma correspondência biunívoca entre
pares e inteiros, na verdade o que se faz é trocar os símbolos numéricos,
para cada símbolo par se dá um novo símbolo dos inteiros. Esse argumento,
todavia, não tem a capacidade de derrubar nenhuma das ideias que Cantor ou
outro matemático ou filósofo tenha introduzido. Ali ás, a operação de troca
de símbolos não depende da bijeção, injeção ou sobrejeção, nem muito menos
a bijeção, injeção ou sobrejeção dependem da troca de símbolos. A troca de
símbolos sequer precisa corresponder a uma função.

Tony Marmo

unread,
Nov 11, 2012, 3:21:07 PM11/11/12
to Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
PS: Somente agora prestei atenção quem era o autor do texto. Mas, não faz
muita diferença, já que não se entende muito bem o que próprio texto
pretende argumentar.

Alvaro Augusto (L)

unread,
Nov 11, 2012, 4:11:32 PM11/11/12
to logi...@dimap.ufrn.br
Como disse Robert Heinlein (um autor de ficção científica): "Uma pedra
de toque para determinar o valor real de um intelectual: descubra o que
ele pensa da astrologia".

[ ]s

Alvaro Augusto

Joao Marcos

unread,
Nov 11, 2012, 4:18:20 PM11/11/12
to Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
Acredito que Heinlein colocou aspas em torno da palavra "intelectual"
--- e com razão.

JM


2012/11/11 Alvaro Augusto (L) <alv...@lunabay.com.br>:
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Alvaro Augusto (L)

unread,
Nov 11, 2012, 4:21:35 PM11/11/12
to logi...@dimap.ufrn.br
Acabo de verificar e você está certo quanto às aspas.

[ ]s

Alvaro Augusto

Tony Marmo

unread,
Nov 11, 2012, 4:37:40 PM11/11/12
to Alvaro Augusto (L), Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
Parece que existem alguns textos tentando "desprovar" grandes resultados
disponíveis na internet, ou impressos. Outro caso, por exemplo, se não me
falha a memória, seria um sobre a prova de Goedel. Mas, eles todos têm
alguns traços em comum, parecem mesmo escritos por programas que fazem
artigos aleatoriamente. Uma das características comuns deles é que eles não
enunciam muito claramente o que querem refutar. Citam os autores, mas não
especificam a que obras se referem, nem muito menos as teses que querem
discutir, etc. Eles fazem uma introdução muito vaga e em seguida soltam
algo que parece vir da intuição deles, mas cujos conceitos eles não
definem. (Usualmente apelam para o sentido comum em que as pessoas empregam
termos que seriam importantes para uma refutação) E tecem então uma
argumentação que ou dificilmente significa alguma coisa ou, então, deixa a
pergunta: mas por que esse argumento refutaria alguma ideia daquele autor?

Em 11 de novembro de 2012 19:21, Alvaro Augusto (L)
<alv...@lunabay.com.br>escreveu:
>>>>> <manue...@gmail.com>**escreveu:
>>>>>>>> ------------------------------**------------------------
>>>>>>>> Décio Krause
>>>>>>>> Departamento de Filosofia
>>>>>>>> Universidade Federal de Santa Catarina
>>>>>>>> 88040-900 Florianópolis - SC - Brasil
>>>>>>>> http://www.cfh.ufsc.br/~**dkrause <http://www.cfh.ufsc.br/~dkrause>
>>>>>>>>
>>>>>>>>
>>>>>>>>
> ______________________________**_________________
> Logica-l mailing list
> Logi...@dimap.ufrn.br
> http://www.dimap.ufrn.br/cgi-**bin/mailman/listinfo/logica-l<http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l>
>

Arthur Buchsbaum

unread,
Nov 11, 2012, 10:07:45 PM11/11/12
to logi...@dimap.ufrn.br
Aí já parece-me um pré-conceito com respeito à Astrologia. Conheço pessoas
de primeira grandeza que também cultivam o conhecimento astrológico.
Uma boa parte do conhecimento acadêmico das universidades é equivocado,
preconceituoso, e também está ligado a interesses políticos e
corporativistas menores. Tal rede de pré-conceitos alija da aplicação das
verbas públicas um amplo corpo de conhecimentos e práticas que seriam muito
úteis a todos.
Uma das principais ideologias que permeia quase todas as modernas
universidades é o cientificismo.
Saímos do dogmatismo católico para cair em outra forma de dogmatismo, pelo
menos tão perniciosa quanto a primeira.
Att.,
Arthur Buchsbaum

-----Mensagem original-----
De: logica-l...@dimap.ufrn.br [mailto:logica-l...@dimap.ufrn.br]
Em nome de Alvaro Augusto (L)
Enviada em: domingo, 11 de novembro de 2012 19:12
Para: logi...@dimap.ufrn.br
Assunto: Re: [Logica-l] Genial!

Décio Krause

unread,
Nov 12, 2012, 6:06:18 AM11/12/12
to Arthur Buchsbaum, <logica-l@dimap.ufrn.br>
O Carl Segan disse não lembro mais onde que o médico que fez o parto dele exerceu mais influência sobre seu nascimento do que Saturno (ele se referia ao fator físico, obviamente, e não médico).
D



------------------------------------------------------
Décio Krause
Departamento de Filosofia
Universidade Federal de Santa Catarina
88040-900 Florianópolis - SC - Brasil
http://www.cfh.ufsc.br/~dkrause
------------------------------------------------------

Joao Marcos

unread,
Nov 12, 2012, 6:58:26 AM11/12/12
to Arthur Buchsbaum, logi...@dimap.ufrn.br
> Aí já parece-me um pré-conceito com respeito à Astrologia. Conheço pessoas
> de primeira grandeza que também cultivam o conhecimento astrológico.

Neste caso se trata de um pós-conceito, Artur. Vou adicionar mais um:
quase tudo que é "milenar", em ciência, é bobagem sem futuro

Tony Marmo

unread,
Nov 12, 2012, 7:44:45 AM11/12/12
to Joao Marcos, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
Testes de homeopatia para plantas e animais são feitos desde o começo da
homeopatia e recebem verbas públicas há muito tempo. E, por incrível que
possa parecer a quem desconhece homeopatia, mostram resultados.

Arthur Buchsbaum

unread,
Nov 13, 2012, 12:12:47 PM11/13/12
to logi...@dimap.ufrn.br
Quase todos falam de “ciência” como se a forma de fazer ciência fosse
perfeita nos locais e instituições onde a maioria supõe que esta ciência
seja praticada, tais como nas universidades e diversas instituições de
pesquisa.

Não podemos ignorar, porém, que a maioria das pessoas é altamente
condicionada por uma amálgama de ideologias, incluindo o cientificismo,
formas distorcidas de “religiões” diversas, absorção de códigos morais
geralmente corrompidos das sociedades, etc. A este respeito, vejam
http://estudosholisticos.blogspot.com.br/2012/05/o-que-quase-todos-somos-e-o
-que-podemos.html.

Além disto, as universidades e instituições afins estão eivadas de
interesses políticos menores, também contaminados por corporativismo, o que
determina uma escolha não baseada no mérito ou em evidências genuinamente
científicas do que deveria ser estudado nos seus cursos.

Eu tenho experimentado recursos terapêuticos cuja alta eficácia tenho
comprovado em mim mesmo, e também em amigos e conhecidos, tais como
cromoterapia, aromaterapia, homeopatia, aplicações da vacina do sapo,
shiatsu, acupuntura, etc. Por que tais práticas e o conhecimento inerente a
elas não é estudado nas universidades? Uma razão plausível é que a classe
médica, em geral, não quer curar as pessoas de doenças que elas
eventualmente apresentam, porque parece ser mais lucrativo mantê-las em uma
eterna dependência. A indústria farmacêutica tampouco quer pessoas que se
autoconheçam e lidem com sua saúde e bem-estar de forma autônoma, pois
prefere vender remédios apenas paliativos e caros para uma multidão de
dependentes. A este respeito, vejam
http://posicionamentos.blogspot.com.br/2012/06/politicas-em-educacao-e-pesqu
isa.html,
http://posicionamentos.blogspot.com.br/2012/06/o-uso-dos-recursos-publicos-n
as.html, e
http://posicionamentos.blogspot.com.br/2012/08/autoritarismo-medico.html.

Mas continuam existindo pessoas pré-conceituosas, especialmente diversas
oriundas do meio acadêmico, que se dizem contra tais práticas, mesmo que
elas nunca tenham estado dispostas a experimentá-las com isenção de
espírito. Onde está o espírito científico em atitudes como estas? Tais
pessoas também acreditam que a única forma válida de fazer ciência está no
uso dos métodos de conjeturar e verificar comuns às ciências físicas e
biológicas, incluindo o método matemático. Tal ideia é apenas outra forma de
ideologia, chamada “cientificismo”, não tem nada a ver com ciência genuína.

Linhagens de conhecimento holísticas, tais como o Hermetismo, a Cabala, a
Astrologia, o Yoga, etc., são automaticamente excluídas por tais pessoas
pré-conceituosas, apenas por não se reduzirem aos métodos comuns à
Matemática e às ciências físicas e biológicas. Tais linhagens também incluem
os métodos destas ciências, mas não se reduzem a tais métodos, as mesmas
conjeturam de uma forma que só frutifica a partir de uma perspectiva
holística; é preciso sentir uma sintonia com o Todo para aí poder-se
perceber melhor as suas aparentes partes.

No entanto, como bem descreve o prezado Prof. Francisco Antonio Dória e
outros intelectuais de destaque no meio acadêmico atual, a Física Moderna
vem também primando por formas de conjeturar de características holísticas
semelhantes ao que praticam o Hermetismo, a Cabala e outras ciências afins.
O Prof. Dória chegou a falar da “Gnose de Princeton”, na qual se formula e
acredita em conjeturas para cuja verificação os presentes recursos de
laboratório e de experiências de campo estão extremamente distantes de
conseguirem realizar isto; talvez sua verificação seja impossível. No
entanto, os cientificistas acadêmicos defendem tal forma de conjeturar dos
“gnósticos de Princeton”, mas, ao mesmo tempo, atacam formas idênticas de
conjeturar dos estudantes de Hermetismo e Cabala. Tal atitude parece-me mais
um tipo de pré-conceito cientificista do que ciência genuína. São aí “dois
pesos, duas medidas”; não há nisto qualquer imparcialidade. Onde está o
espírito científico em tal comportamento?

Quanto à Astrologia, que tem sido atacada com tanta insistência no meio
acadêmico, quase sempre por simples pré-conceito e um quase completo
desconhecimento do que é realmente Astrologia (assim como tem sido feito com
respeito à Homeopatia, também nesta lista), darei aqui algumas poucas
palavras para explicar os seus fundamentos, mas ressalto também que não sou
especialista nesta área.

Segundo o Hermetismo e linhagens afins, tudo que existe é Uno, não há, em
essência, uma pluralidade de coisas, condições, lugares e instantes de
tempo, só há UM. Tal pluralidade ou este mundo tal como o concebemos é
apenas aparente, é só algo existente dentro da imaginação mental de cada
pessoa, no máximo é uma realidade relativa, não é uma realidade absoluta
(filmes como “Matrix” popularizaram bem esta ideia, que não é nova, mas
existe há milhares de anos na consciência de algumas pessoas). Como tudo, em
essência é Uno, há uma unidade implícita mesmo na pluralidade aparente do
mundo em que vivemos (é o Princípio da Correspondência do Hermetismo,
maiores detalhes a este respeito são apresentados, por exemplo, em
“Caibalion”, assinado por “Três Iniciados”, Editora Pensamento). Assim
sendo, tudo que acontece em qualquer lugar do Universo se reflete
simultaneamente em qualquer coisa, ser ou pessoa. O movimento de um planeta
como Júpiter, a sua posição no Sistema Solar, reflete-se de uma forma
instantânea em tudo que existe em todo o Universo, incluindo todas as coisas
e pessoas da Terra. Não se trata, neste caso, de influência gravitacional ou
de outra natureza ondulatória, pois estas não são instantâneas, parecem se
propagar à velocidade máxima da luz, segundo ouvi falar. É uma sincronia
instantânea. Como os marcadores mais evidentes são os planetas, a Lua e o
Sol, a Astrologia os escolheu como objetos de análise, mas poderiam ser
quaisquer outros marcadores, tais como as miríades de estrelas, e até uma
dada pétala de uma determinada flor.

Expliquei o melhor que pude, mas ressalto não ser especialista em
Astrologia. Se alguém quiser saber algo mais, posso indicar pessoas que
conhecem este assunto muito mais que eu, ou bons livros relacionados.

Ressalto também que não estou defendendo a “astrologia” de horóscopos
presentes nos jornais diários, falei do que considero ser a verdadeira
Astrologia. De quase tudo existem também charlatães; são estes que também
desmerecem áreas como a Astrologia e outros assuntos afins, infelizmente.

Ouçam e entendam os que quiserem e puderem ouvir.

Quem preferir, que continue mergulhado nos pré-conceitos que prefere adotar,
é o seu direito, mas também não pode considerar-se realmente “cientista”, em
tal condição mental fixa.

Assim que possível, que todos sintam a Luz!

Atenciosamente,

Arthur Buchsbaum



-----Mensagem original-----
De: logica-l...@dimap.ufrn.br [mailto:logica-l...@dimap.ufrn.br]
Em nome de Joao Marcos
Enviada em: segunda-feira, 12 de novembro de 2012 09:58
Para: Arthur Buchsbaum
Cc: logi...@dimap.ufrn.br
Assunto: Re: [Logica-l] RES: Genial!
quase tudo que é "milenar", em ciência, é bobagem sem futuro.



> Uma boa parte do conhecimento acadêmico das universidades é

> equivocado, preconceituoso, e também está ligado a interesses

> políticos e corporativistas menores. Tal rede de pré-conceitos alija

> da aplicação das verbas públicas um amplo corpo de conhecimentos e

> práticas que seriam muito úteis a todos.



De minha parte o que incomoda é justamente a possibilidade de desviarmos
verbas públicas para coisas do gênero, como a recente iniciativa de dar
homeopatia para plantinhas, ou distribuir bolsas da CAPES para teses
espíritas.

<http://www.dimap.ufrn.br/pipermail/logica-l/2012-January/006953.html>
http://www.dimap.ufrn.br/pipermail/logica-l/2012-January/006953.html

<http://www.dimap.ufrn.br/pipermail/logica-l/2012-January/006972.html>
http://www.dimap.ufrn.br/pipermail/logica-l/2012-January/006972.html

<http://www.dimap.ufrn.br/pipermail/logica-l/2012-April/007602.html>
http://www.dimap.ufrn.br/pipermail/logica-l/2012-April/007602.html



Não creio contudo que esta lista seja o lugar onde discutir este assunto
(mais uma vez) --- ou terapias holísticas, ou energias sutis, etc.
Refutações do teorema de Gödel ou do método da diagonal de Cantor já são
"crankery" suficiente para nos entretermos por aqui.

JM



--

<http://sequiturquodlibet.googlepages.com/>
http://sequiturquodlibet.googlepages.com/

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<mailto:Logi...@dimap.ufrn.br> Logi...@dimap.ufrn.br

<http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l>
http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l


Arthur Buchsbaum

unread,
Nov 13, 2012, 12:26:13 PM11/13/12
to logi...@dimap.ufrn.br
Ouvi falar de um livro (não o li, ainda, em detalhes) que apresenta aspectos
da sincronicidade quanto às partículas atômicas, o qual parece confirmar os
fundamentos da Astrologia que expus há pouco em mensagem anterior. É
“Entanglement – The Greatest Mystery in Physics”, 2001, Amir D. Aczel.

-----Mensagem original-----
De: logica-l...@dimap.ufrn.br [mailto:logica-l...@dimap.ufrn.br]
Em nome de Arthur Buchsbaum
Enviada em: terça-feira, 13 de novembro de 2012 15:13
Para: logi...@dimap.ufrn.br
Assunto: [Logica-l] RES: Genial!

Arthur Buchsbaum

unread,
Nov 13, 2012, 12:31:00 PM11/13/12
to logi...@dimap.ufrn.br
Uma apresentação mais detalhada da ideia de sincronicidade está no artigo "O
Paradigma Holográfico", em
http://pt.scribd.com/doc/26742734/O-Paradigma-Holografico.
Não conheço ainda qual é o autor, mas vale bem a pena ser lido.
Att.,
Arthur Buchsbaum

-----Mensagem original-----
De: logica-l...@dimap.ufrn.br [mailto:logica-l...@dimap.ufrn.br]
Em nome de Arthur Buchsbaum
Enviada em: terça-feira, 13 de novembro de 2012 15:13
Para: logi...@dimap.ufrn.br
Assunto: [Logica-l] RES: Genial!

Joao Marcos

unread,
Nov 13, 2012, 4:03:29 PM11/13/12
to Arthur Buchsbaum, logi...@dimap.ufrn.br
Artur:

Sinceramente, acho péssima ideia você continuar usando esta lista para
falar daquilo que "ouviu falar mas não leu nem estudou mas pode
recomendar porque experimentou ou está disposto a experimentar", ou de
tentar nos doutrinar sobre o que seria, na sua opinião, a "verdadeira
ciência".

Com isto quero dizer que não continuarei dando corda a esta discussão
--- sim, a culpa pelo Despertar da Besta é toda sua, Álvaro! :-)

> No entanto, como bem descreve o prezado Prof. Francisco Antonio Dória e
> outros intelectuais de destaque no meio acadêmico atual, a Física Moderna
> vem também primando por formas de conjeturar de características holísticas
> semelhantes ao que praticam o Hermetismo, a Cabala e outras ciências afins.
> O Prof. Dória chegou a falar da “Gnose de Princeton”, na qual se formula e
> acredita em conjeturas para cuja verificação os presentes recursos de
> laboratório e de experiências de campo estão extremamente distantes de
> conseguirem realizar isto; talvez sua verificação seja impossível. No
> entanto, os cientificistas acadêmicos defendem tal forma de conjeturar dos
> “gnósticos de Princeton”, mas, ao mesmo tempo, atacam formas idênticas de
> conjeturar dos estudantes de Hermetismo e Cabala. Tal atitude parece-me mais
> um tipo de pré-conceito cientificista do que ciência genuína. São aí “dois
> pesos, duas medidas”; não há nisto qualquer imparcialidade. Onde está o
> espírito científico em tal comportamento?

Se o Prof. Dória e os outros intelectuais de destaque estiverem
certos, e a "gnose de Princeton" está no mesmo pé da Física Moderna,
isto apenas pesará contra o pretenso caráter científico da Física
Moderna.

Aponho uma citação de um artigo de Osvaldo Pessoa Jr sobre "O engodo
da gnose científica":

"Na revista Planeta, de junho de 1977, Olavo de Carvalho, hoje um bem
conhecido filósofo e polemista, anunciava para o público brasileiro as
novidades do livro de Ruyer. “Nas últimas décadas, operou-se, no
interior do conhecimento físico do universo, [...] uma revolução
silenciosa. No retiro dos seus laboratórios, a mais refinada elite da
ciência norte-americana (que não inclui só norte-americanos, mas
japoneses, russos, italianos, etc.) chegava à conclusão de que não só
a hipótese materialista não bastava para explicar uma quantidade
crescente de fenômenos, mas que essa quantidade crescente de fenômenos
convergia irremediavelmente em favor da hipótese contrária” (texto
disponível na web)."

O detalhe é que o grupo de cientistas gnósticos de Princeton foi
inventado pelo próprio Ruyer, e o Olavo nem se deu conta disso.

JM

--
http://sequiturquodlibet.googlepages.com/

Tony Marmo

unread,
Nov 13, 2012, 4:36:40 PM11/13/12
to Arthur Buchsbaum, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
Contra a Astrologia antiga não há muito o que se dizer, porque ela era
quase indissociável da Astronomia. A diferenciação entre elas foi coisa
mais recente. Era preciso ser um bom astrônomo para alertar, por exemplo,
para fatos como a passagem de um cometa, ou para dizer que astro seria o
ascendente de um príncipe herdeiro recém nascido, ou quando os astros
indicariam a época da próxima cheia de um rio. Só que há muitos séculos já
se notou que a questão de haver um padrão ou não na configuração das
estrelas no céu era algo do observador: ou seja, as constelações não
existem, somos os humanos que as organizamos assim. E alguns filósofos
argumentavam que seria difícil ou impossível predizer exatamente que
efeitos os astros isoladamente teriam sobre a matéria na esfera sublunar. A
partir disso, a associação entre tragédias e passagens de cometas, por
exemplo, passou a ser vista como coincidência de fatos. Não é que houve
primeiro uma rejeição em bases puramente matemáticas ou físicas das
doutrinas astrológicas, mas um afastamento gradual e histórica de outras
disciplinas das explicações astrológicas. Os próprios astrônomos se
desinteressaram por fazer previsões astrológicas, apesar de que por muitos
séculos somente recebessem soldos e financiamentos dos reis para esse fim

Décio Krause

unread,
Nov 13, 2012, 5:01:51 PM11/13/12
to Arthur Buchsbaum, <logica-l@dimap.ufrn.br>
Caro e crédulo Arthur
Misturar astrologia e "tudo é uno" com entanglement é uma das besteiras conceituais que mais se faz, perdendo, se é que perde, somente para o que se diz sobre os teoremas de Gödel.
O livro do Aczel é interessante, mas se você entender o que ele diz verá que não vai encontrar lá o que deseja.
Mas estou com o JM. Chega disso de novo.
D



------------------------------------------------------
Décio Krause
Departamento de Filosofia
Universidade Federal de Santa Catarina
88040-900 Florianópolis - SC - Brasil
http://www.cfh.ufsc.br/~dkrause
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Em 13/11/2012, às 15:26, "Arthur Buchsbaum" <arthurrov...@yahoo.com.br> escreveu:

Arthur Buchsbaum

unread,
Nov 13, 2012, 9:25:33 PM11/13/12
to logi...@dimap.ufrn.br
Caro João Marcos, só não li em detalhes o livro de Física indicado, mas o seu assunto pareceu-me pertinente, porém tenho estudado assuntos como Hermetismo e Cabala há quase sete anos, e também tenho ministrado cursos dos mesmos em círculos não acadêmicos. Vejo que uma certa prevenção de muitos acadêmicos com respeito a tais assuntos vêm apenas de desconhecimento e algum pré-conceito, nada mais. É ainda um tipo de ressonância histórica que continua ecoando até hoje, devido à passada prisão de ideias promovida pela igreja católica; é compreensível, mas deveríamos nos libertar de tal trauma, e não associar tudo que não é científico no senso atual a algo “ruim”, é esta visão para mim algo equivocada que venho combatendo há tempos.
Também não pretendo continuar este debate nesta lista, mas lembro que apenas respondi a mensagens anteriores nesta linha. Se outros têm o direito de opinar, eu tenho igualmente.
Respeitosamente,
Arthur Buchsbaum

-----Mensagem original-----
De: Joao Marcos [mailto:boto...@gmail.com]
Enviada em: terça-feira, 13 de novembro de 2012 19:03
Para: Arthur Buchsbaum
Cc: logi...@dimap.ufrn.br
Assunto: Re: [Logica-l] RES: Genial!

Artur:

Sinceramente, acho péssima ideia você continuar usando esta lista para falar daquilo que "ouviu falar mas não leu nem estudou mas pode recomendar porque experimentou ou está disposto a experimentar", ou de tentar nos doutrinar sobre o que seria, na sua opinião, a "verdadeira ciência".

Com isto quero dizer que não continuarei dando corda a esta discussão
--- sim, a culpa pelo Despertar da Besta é toda sua, Álvaro! :-)

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