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Dois países, duas mentalidades, dois resultados opostos

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Ir para a primeira mensagem não lida

Portugalês

não lida,
19/12/2007, 19:49:3119/12/07
para
1º país - Portugal, que agora quase não possui recursos naturais, mas
que até 1975 teve um império colonial escandalosamente rico (é preciso
lembrar isto, pois há por aí muitos desmemoriados)

Como certamente não estão lembrados, pois não passou para a história
(et pour cause), Francisco Salgado Zenha foi ministro das finanças
de um governo provisório ou de um dos primeiros governos
constitucionais (já não me lembro). Um jornalista perguntou-lhe então
porque é que sendo ele, Zenha, um advogado, tinha aceite ocupar-se de
uma pasta para a qual não tinha conhecimentos específicos. A espantosa
resposta que Salgado Zenha lhe deu foi a seguinte: «Um ministro das
finanças não precisa de saber de finanças! Para isso, ele tem os
técnicos do ministério! Um ministro das finanças define a política
financeira do Estado e os técnicos encarregam-se de a pôr em prática».

Agora, felizmente, já não é aceitável em Portugal que um ministro das
finanças seja advogado e não perceba nada de finanças como Jesus
Cristo. Mas ainda se considera "normal" que um economista seja
ministro da saúde, um jurista seja ministro das obras públicas ou um
licenciado em gestão seja ministro da cultura... O resultado é o que
se vê.

2º país - Japão, que quase não possui recursos naturais e saiu
completamente arrasado da 2ª guerra mundial

A Sony é uma empresa japonesa fundada por Akio Morita, que foi
"apenas" um dos mais brilhantes engenheiros que houve no campo da
electrónica, de todos os tempos e de todo o mundo. Um dia, perguntaram
a Akio Morita qual era o segredo do êxito da Sony. A resposta foi a
seguinte: «Enquanto que na Europa e nos Estados Unidos as empresas são
dirigidas por economistas e profissionais da gestão, no Japão elas são
dirigidas por pessoas que percebem daquilo que as empresas fazem».

Pois é.

pm...@yahoo.com

não lida,
21/12/2007, 14:02:2021/12/07
para

Seria tão bom se se pudesse resumir a uma única ideia as razões do
subdesenvolvimento de uns vs. outros.
Se assim fosse, bastaria atacar essa causa e colocar todos os recursos
para a corrigir.

Pois... não é.

Portugalês

não lida,
22/12/2007, 22:27:5822/12/07
para
Seria tão bom que indicasse uma só ideia mais (ao menos uma só) que
explicasse o subdesenvolvimento de uns relativamente aos outros. Mas
não o faz. Pois é. É que a União Europeia tem vindo a despejar
subsídios atrás de subsídios sobre este nossso país e não há meio de
isto se desenvolver! Tem alguma outra explicação para o caso, que não
sejam a incompetência, o oportunismo, a trafulhice e outras "excelsas
virtudes" reinantes neste jardim à beira-mar plantado? É que os
japoneses não têm estas nossas "virtudes". Têm o "horrível defeito" de
cultivarem o trabalho, a competência, a dedicação, o esforço, a
excelência (para usar um palavrão tão do agrado dos enfatuados
gestores da nossa praça), etc. Os japoneses têm a "mania" de colocarem
à frente das empresas, dos ministérios e dos órgãos de decisão pessoas
que saibam o que é que andam a fazer os organismos que dirigem.

Mas não é só no Japão que isto se passa. Noutras partes do mundo
também é assim. Por exemplo: acaso passará pela cabeça de alguém que à
frente da Microsoft, da Apple, da Sun ou da Google estejam pessoas que
não percebam nada de computadores?! Nem pó! É ver o corropio de
gente que acorre às conferências dadas pelo Bill Gates ou pelo Steve
Jobs...

Mas em Portugal acha-se muito bem que à frente de uma grande empresa
de telecomunicações, por exemplo, esteja um cavalheiro que do assunto
só sabe que tem um telefone em casa e que descobriu a Internet há três
anos, quando o filho lhe pediu para subscrever uma ligação ADSL (que
ele continua a não saber o que seja). Julga que estou a exagerar? Nem
um bocadinho! A verdade é que o antigo chefe da casa civil do Eanes, o
filhote do Belmiro e os outros da mesma laia só se preocupam com as
condições do mercado e com as especulações na Bolsa. Quanto ao resto,
"os técnicos" que resolvam! Para eles vão as chorudas mordomias, para
"os técnicos" ficam os trabalhos. E viva o chico-espertismo português!

Pois é. O que se vê por cá é os políticos e gestores terem a distinta
lata de saltarem alegremente da TAP para o Ministério da Agricultura,
por exemplo, ou então da Soares da Costa para a Caixa Geral de
Depósitos, da Refer para a Jerónimo Martins ou da Câmara Municipal do
Porto para a Galp. Se eles são assim tão competentes em tudo, porque é
que isto não anda para a frente?!


<pm...@yahoo.com> escreveu na mensagem
news:3402b1fa-caa8-490a...@y5g2000hsf.googlegroups.com...

pm...@yahoo.com

não lida,
26/12/2007, 18:32:5826/12/07
para
Como disse antes, não se pode resumir a uma ideia apenas. É portanto
irrelevante falar de uma ideia apenas. Se quiser algumas, posso-lhe
dizer: níveis de educação da população. Quer outra? (não)
funcionamento da justiça. Ainda outra? aversão ao risco dos
portugueses. Ainda outra? Profunda falta de pensamento estratégico e
organizativo dos portugueses.
Mas nenhuma explica, por si só, as razões do subdesenvolvimento
português, que vendo tudo de um ponto de vista histórico tem
fundamento há vários séculos.

Mas sobre este tema gostei bastante de ler o "The Wealth and Poverty
of Nations: Why Some Are So Rich and Some So Poor", do David Landes
(não sei se existe tradução deste livro para português). Curiosamente
este autor defende que o precurssor de todo o desenvolvimento
económico e industrial da Europa foi .... Portugal. Mas que
infelizmente, ficou para trás ...

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