Clipping 12.03.2010

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Clipping Educacional

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Mar 12, 2010, 8:10:09 AM3/12/10
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Sexta feira, 12 de março de 2010

Programação Visão Acadêmica

Matérias de Hoje

Editoriais, artigos e opiniões

Matérias

> Folha Dirigida, 11/03/2010 - Rio de Janeiro RJ
Conselho Monetário reduz taxa de juros do Fies
Mário Boechat
Em decisão tomada em sessão extraordinária, o Conselho Monetário Nacional (CMN) reduziu a taxa de juros do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) para novos contratos de 3,5% para 3,4%. A nova medida vale também para o saldo devedor de contratos antigos e foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira, dia 11.

O Fies financia o estudo de alunos na rede particular de ensino superior. Parte da mensalidade é assumida pelo governo federal, que efetua a cobrança após a formatura dos alunos. O governo já havia diminuído a taxa de juros dos contratos em janeiro, que
chegavam a 6,5%. A área econômica também tinha aumentado o prazo de financiamento, de duas para três vezes a duração do curso. Estudantes de Medicina e licenciaturas podem abater o saldo devedor com trabalho na rede pública, com percentuais que podem chegar a ser de 1% ao mês. Se o aluno já estiver trabalhando durante o curso, também pode abater a dívida.

No entanto, os médicos deverão atuar em áreas consideradas prioritárias, de acordo com avaliação do Ministério da Saúde. Para esta categoria, a carência também foi reduzida. Ela 
vai durar todo o período da residência médica, caso seja feita em um programa da rede credenciada pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). Além disso, também deverá ser em área prioritária. Anteriormente, o prazo estipulado para estes casos era de 18 meses. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) passou a gerenciar o Fies no lugar da Caixa Econômica Federal, a partir de 2009. Desta forma, o aluno poderá entrar com financiamento a qualquer momento, de acordo com o Ministério da Educação (MEC). Os agentes financeiros serão a própria Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil.

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> Portal IG Educação, 11/03/2010
Financiamentos possibilitam classe C estudar no exterior
Carolina Rocha, iG São Paulo
Estudar no exterior até pouco tempo era restrito a pessoas das classes A e B. O bom desempenho da economia no País e planos de financiamento estão possibilitando agora que estudantes da classe C façam intercâmbio. Especialistas consultados pelo iG mostram que com planejamento é possível concretizar esse projeto. “Muita gente pensa ‘isso não é para mim’ e acaba não indo atrás, não se informa sobre as possibilidades”, diz Maura Leão, presidente da associação de agências de intercâmbio Brazilian Educational and Language Travel Association (Belta). Parcelamento, passagens aéreas mais baratas e a valorização do real em relação ao dólar são algumas das vantagens do momento. Maura recomenda que o estudante procure uma agência para se informar sobre as possibilidades que existem no mercado. “São várias opções de cursos em colégios públicos, privados, cursos ‘top’, de curta duração, de um ano inteiro. Tudo vai depender das condições financeiras e do interesse do estudante”, explica.

Algumas operadoras fazem o parcelamento sem juros em 10 vezes. Existem ainda planos de até 24 vezes oferecidos por financeiras, com taxas de juros, em média, de 2% a 3% ao mês. “As pessoas preferem pagar em menos vezes,
em média acabam fazendo em 10, o máximo em 18, mas existe a opção de pagamento em 24 vezes”, explica Paulo Manzieri, gerente financeiro da agência de intercâmbios CI. Os preços variam de acordo com o país escolhido, tempo de permanência ou tipo de curso. “Uma dica é não se apegar à taxa do câmbio para tomar sua decisão, pois ela varia todos os dias. O estudante pode fechar o pacote com uma taxa de câmbio em um dia e ela ir caindo nos meses seguintes”, diz a presidente da Belta.

Sonho realizado - Daniela Correia Batista demorou 9 anos para conseguir fazer seu tão almejado curso de línguas no exterior. “Desde os 18 anos, sonhava fazer intercâmbio, mas nunca dava para pagar”, conta a estudante de contabilidade, de 27 anos, que finalmente passou dois meses no Canadá aprendendo inglês no início de 2010. O dólar acessível, as passagens aéreas internacionais mais baratas e até mesmo o aumento de seu potencial de compra permitiram que Daniela tomasse a decisão. “Quando eu era mais nova eu não tinha nem mesmo um cartão de crédito com limite que me permitisse comprar a passagem aérea. Hoje em dia eu tenho”, diz. Há cinco anos, o plano de ir para outro país quase foi concretizado. 
“Estava com quase tudo pronto para fazer um programa de au pair, em que você paga pouco e ainda ganha para trabalhar na casa onde é hospedado, mas acabei não fazendo, pois surgiu uma oportunidade de trabalho boa aqui no Brasil”, explica Daniela. O curso saiu do papel quando ela procurou ajuda de uma empresa de intercâmbios para analisar sua situação. “Eu tinha a opção de fazer em até 24 vezes, mas optei por parcelar em 10, pois queria terminar logo de pagar.”

O pacote, que incluiu o curso e a hospedagem, custou por volta de R$ 6,800,00 - sem contar o valor da passagem aérea. O investimento deve gerar lucros em breve para Daniela. “Na empresa em que trabalho, quanto mais cursos e fluência em línguas nós temos mais pontos contam para ganhar uma promoção. Com esse curso que fiz poderei me candidatar na próxima oportunidade”, diz Daniela, que também é formada em Ciências da Computação, além de estar cursando a faculdade de contabilidade. Orientações - Várias feiras de intercâmbio estão percorrendo as capitais brasileiras no mês de março. Nelas os estudantes poderão obter informações sobre destinos, preços, parcelamentos, entre outras orientações.

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> Portal G1, 11/03/2010
Mesmo sem Enem no 1º semestre, governo fará nova rodada do SiSU
Seleção usará notas do Enem 2009 para preencher vagas do 2º semestre. Processo deve ocorrer em maio, informou ao G1 a assessoria do MEC
Érica Polo, Fernanda Calgaro, Luciana Rossetto e Nathália Duarte do G1, em São Paulo
O Ministério da Educação (MEC) vai aplicar ainda neste semestre uma nova rodada do Sistema de Seleção Unificada (SiSU) para preencher as vagas com ingresso no segundo semestre. A data ainda não foi definida, mas deve ocorrer em maio, confirmou ao G1 a assessoria de imprensa da pasta nesta quinta-feira (11). Diante do anúncio de que não será aplicado um novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em abril, como o MEC havia cogitado, as notas usadas pelos candidatos no sistema serão as da prova realizada em dezembro de 2009.

O diretor do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet), no Rio de Janeiro, Miguel Badenes Prades Filho, disse nesta quinta que a decisão de aplicar a nova rodada, tomada na última sexta-feira (5) em uma reunião entre o MEC e as instituições que aderiram ao sistema, foi consenso. “Não aplicaremos o vestibular do meio de ano porque o MEC vai promover novas rodadas do SiSU”, 
informou. Entre os cursos com vagas no segundo semestre na instituição, estão os de engenharia. Após a decisão do MEC de não realizar Enem neste semestre, o G1 procurou as 51 instituições de ensino superior que participaram do sistema de seleção, mas não conseguiu contato com 10. Das 17 que terão abertura de vagas para o segundo semestre, nem todas decidiram o formato do seu processo seletivo: se vão usar o SiSU, apenas a nota do Enem ou uma avaliação própria. Ao menos outras seis não souberam informar se terão ingresso no segundo semestre.

A definição do modelo a ser adotado está condicionada à análise do resultado após o fim desta primeira edição (o prazo de matrícula termina nesta sexta). Uma nova reunião entre o ministério e as universidades para fazer um balanço do processo está programada para a próxima quarta-feira (17). No caso do Instituto Federal de Alagoas, por exemplo, o sistema não 
impressionou. A remarcação do Enem para dezembro após fraude e o consequente atraso no calendário do SiSU prejudicaram o início das aulas, segundo a instituição, que preencheu parte das suas vagas pelo SiSU.

Vagas ociosas - Outro ponto de preocupação entre as universidades é a sobra de vagas após o sistema. Do total de 47.913 vagas disponibilizadas no SiSU para ingresso nesse primeiro semestre, 29.240 (61%) não haviam sido preenchidas e passaram para a segunda etapa. A situação se repetiu após essa fase: 21.701 estavam sobrando. A terceira etapa termina nesta sexta, com a matrícula dos candidatos classificados. O MEC deve divulgar na segunda-feira um balanço de vagas remanescentes. Para evitar que fiquem postos ociosos, durante o processo, foi criada pelo ministério uma lista de espera, que será coordenada pelas próprias instituições.

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> Portal Universia, 11/03/2010
Professores e alunos devem ter relação mais próxima?
Envolvimento pode melhorar comunicação, mas atrapalhar outros aspectos
Roberto Machado
O modelo de ensino nas universidades, que até certo ponto obedece ao paradigma que acompanha os estudantes desde o Ensino Básico, tem se replicado de geração em geração. Evidentemente, na universidade, o relacionamento entre professores e alunos adquire novos contornos. Liberdade e distanciamento são conceitos que são elevados a patamares altos em comparação ao que os estudantes vivenciam no colégio. Mas por outro lado, no Ensino Superior, a relação do professor com os alunos pode se desenvolver muito além da sala de aula e, em alguns casos, se transformar no embrião de um contato entre profissionais da mesma área ou mesmo em amizade. Esse tipo de contato pode e costuma receber diferentes pontos de vista dos profissionais. Há quem defenda que esse tipo de interação deva ser abordado com cuidado. Um dos argumentos é o de que ela poderia interferir na própria dinâmica do relacionamento entre mestre e aprendiz. Outros alertam para o que a convivência mais próxima e menos formal entre estudantes e professores pode aparentar e como isso interferiria no ambiente de aprendizado. Ainda que busque aproximação com o universo discente para melhorar a qualidade da comunicação entre as duas pontas, o questionamento parece inevitável: o professore deve ou não se envolver no ambiente dos alunos?

Warde Marx, professor de comunicação da USJT (Universidade São Judas Tadeu), prefere pensar que está propenso a fazer grandes amizades dentro da sala de aula como em qualquer outro lugar. Ele costuma inclusive dar uma dica para quem assiste a sua aula pela primeira vez. "Digo a eles o seguinte: estamos começando um período de estudos juntos e nada nos impede que, além de colegas de profissão, nos tornemos amigos", conta Marx, sinalizando sua opinião de que esse contato mais próximo com o universo dos estudantes não causa problemas. O professor divide hoje sua estação de trabalho na Fundação das Artes de São Caetano do Sul, onde participa na construção de
projetos para a organização, com dois ex-alunos que se tornaram amigos. "Nós trabalhos juntos, rimos juntos e discutimos juntos, como bons amigos fazem", resume. Marx conjectura que essa atitude venha da época em que ele estava do outro lado da sala, como aluno. "Também tenho uma relação de amizade com pessoas que já foram meus professores e não é nada planejado, simplesmente aconteceu", diz ele. Mesmo sendo a favor do contato aluno/professor fora da sala de aula, não são todos os programas que atraem o educador. "Não costumo ir pra balada com meus alunos, mas um café com pão de queijo não faz mal a ninguém", conclui Marx.

Segundo Luis Mauro Sá Martino, professor de Comunicação da Faculdade Cásper Líbero, há profissionais que acreditam que a sala de aula é um lugar onde deve existir o diálogo e a troca. De acordo com ele, o professor tem muito a aprender com os alunos. Martino diz que isso acontece porque o mundo do conhecimento não tem fronteiras, mas mesmo assim, a relação pedagógica vem carregada de poder, e nem todos (seja alunos ou professores) estão preparados para ela. Por esse motivo o professor acha importante se concentrar dentro do universo cultural de seus alunos. "Já li e ouvi muita coisa indicada por meus alunos e também já dei muitas dicas para eles e discutimos sobre isso juntos", exemplifica Martinho. Mas ele demonstra alguma reserva em relação a excessos nesse contato com os estudantes e diz preferir deixar para se tornar amigo de seus alunos depois do ano letivo. Ele procura resumir o porquê dessa decisão. "É complicado sair apenas com um aluno enquanto você convive com muitos outros dentro da sala", declara Martino, que durante sua época de aluno presenciou situações não tão agradáveis. "Já vi professores que davam mais atenção a alguns alunos por suas preferências culturais e políticas e não é bom ver esse tipo de coisa", critica ele. Ele diz ainda se encontra com alguns dos seus ex-alunos. "Na última semana, sai para jantar com um casal para quem já dei aula e que além 
de terem se casado depois da faculdade, se tornaram bons amigos meus", afirma o professor.

Para alguns alunos, é importante saber que podem contar com os conselhos e experiência de vida de seus mestres não apenas durante as aulas. É isso que explica Luis Fernando Magliano, aluno de ciências atuarias da USP (Universidade de São Paulo), que buscou num professor conselhos sobre um intercâmbio. "Acabei por descobrir que o meu professor na época havia morado na Austrália por dois anos. Por isso, resolvi pedir alguns conselhos para ele, quanto a minha possível ida ao país", conta o rapaz, que diz ter recebido suporte do professor. "Saímos para conversar e ele me contou sobre sua experiência no exterior", lembra Magliano. O próprio aluno consegue sentir em seu dia-a-dia na universidade que a linha que divide professor e aluno é cada vez mais tênue e também chega ao mercado de trabalho. "Talvez essa sensação seja influenciada pelo meu curso, onde alunos e professores acabam se encontrando com bastante frequência no mercado de trabalho", opina o estudante.

As universidades costumam usar um projeto institucional bem sólido na hora de contratar um novo professor. São critérios que reúnem fatores que englobam o trabalho em equipe, pesquisas acadêmicas com bases educativas e métodos que visam a desafiar o aluno em sala de aula. Esses fatores são importantes, mas não determinantes na hora da contratação, como explica a Sandra Difini Kopzinfki, coordenadora do Programa de Pedagogia da Universidade FEEVALE. "Vemos o ensino e o aprendizado como uma troca, por isso, um professor com perfil humanista se faz tão necessário", explica a coordenadora. Sandra acha apenas que um dos pontos que pode atrapalhar a amizade é a relação hierárquica que o professor exerce sobre sua turma. "Tudo vai depender muito do professor e do aluno para que o relacionamento siga seu rumo natural, já que esse 'poder' pode vir a diluir a amizade", alerta ela.

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> Revista Época, Edição 616
Como se forma um bom aluno
Todo pai quer que seu filho vá bem na escola. Só querer não basta. A seguir, oito lições de crianças que se destacam nos estudos
Camila Guimarães com Juliana Arini, Marco Bahé e Nelito Fernandes
Não há pai ou mãe que não sonhe com isso: que seu filho vá bem na escola, encontre uma vocação e faça sucesso. É por isso que os pais brasileiros, ouvidos em uma pesquisa do Movimento Todos pela Educação, disseram participar com afinco da vida escolar de seus filhos. Essa participação, porém, tem suas falhas – como mostra um detalhamento da pesquisa de 2009, feito com exclusividade para ÉPOCA. Em alguns casos, há falta de tempo (a queixa mais comum de quem tem filho em escola particular). Em outros, o principal obstáculo é o desconhecimento do conteúdo ensinado (para quem tem filho em escola pública). A pesquisa também detectou conceitos ultrapassados de como impulsionar o conhecimento. A maioria dos pais presta demasiada atenção às notas e preocupa-se menos em estimular a leitura ou acompanhar se a criança está aprendendo.

Em outras palavras: há mais cobrança que incentivo. É como se os pais considerassem que sua tarefa principal é garantir o acesso à escola – a partir daí, a responsabilidade seria dos professores. Isso é pouco, principalmente num país que não tem avançado satisfatoriamente na área da educação. O nível de ensino das escolas brasileiras, mesmo as de elite, é baixo, na comparação com os países mais avançados. Um relatório do Ministério da Educação, ainda incompleto, mostra que atingimos apenas um terço das metas do Plano Nacional de Educação, entre 2001 e 2008. A evasão escolar no ensino médio aumentou de 5% para 13%. Só 14% dos jovens estão na universidade. Menos de um quinto das crianças até 3 anos frequenta creches.E, no entanto, há ilhas de excelência. Há alunos brilhantes, curiosos, esforçados, interessados, capazes. Não estamos falando de superdotados. São meninos e meninas comuns, de colégios públicos e particulares, pobres ou ricos, que vão para a escola e... aprendem. Mais: formam-se. Estão no caminho de se tornar cidadãos melhores, pessoas melhores, gente de sucesso. Fazer com que uma criança seja assim não está inteiramente ao alcance dos pais. Pesquisas mundiais mostram que o envolvimento paterno responde por, no máximo, 20% da nota final. O restante seria determinado pela qualidade da escola, a relação com os professores, a influência dos colegas e, claro, seu próprio talento. Mas há, em cada um desses fatores, também uma influência dos pais. Cabe a eles analisar a escola, monitorar os professores, perceber o ambiente em que seu filho vive, estimular-lhe os talentos naturais. Talvez não seja possível fabricar bons alunos. Mas, como atestam as experiências dos garotos e das garotas desta reportagem, há boas receitas para ajudá-los a descobrir esse caminho.

1. O PODER DO INCENTIVO - O menino
Pedro Manzaro seria um personagem improvável para uma reportagem sobre bons alunos. Aos 7 anos, ele começava o 3o ano sem saber escrever direito e com falhas de leitura. Em breve iniciaria aulas de reforço, com pouco resultado. Pedro era um retardatário na turma de alfabetização. Naquele momento, a diretora do colégio, de uma rede particular de São Paulo, chamou seus pais para uma conversa. Era preciso agir. Quando estão aprendendo as letras, as crianças têm um “clique”, um momento muito pessoal a partir do qual a escrita e a leitura deslancham. O “clique” de Pedro estava demorando demais. Que pai não ficaria apreensivo com uma situação dessas? Foi como Andréia e Sidnei Manzaro se sentiram. Mas logo trataram de agir. A estratégia foi usar a leitura – o menino adorava livros, vivia com eles embaixo do braço, apesar da dificuldade de entendê-los. Na casa da família, já havia a tradição de cada criança (Pedro tem dois irmãos mais novos) ter seu “dia de filho único”, quando os pais ficam só com ele. Durante a recuperação de Pedro, que levou um ano, seus dias de filho único eram sempre passados dentro de livrarias. Andréia passou a ler os livros de aventura, gênero favorito de Pedro, para conversar com ele sobre os vaivéns dos heróis das histórias (ela pegou gosto: está lendo agora o segundo livro da série Píppi Meialonga, sobre uma garota que viaja pelo mundo e odeia a escola).

Hoje, Pedro é considerado um aluno acima da média. Não é um colecionador de notas 10. Mas isso não preocupa ninguém. “O principal é ele gostar do que está fazendo”, afirma Andréia. O sucesso foi resultado de um esforço conjunto. A escola lhe deu atenção especial, com correção cuidadosa dos textos. O hábito da leitura fez outro tanto. Ler estimula a capacidade de compreender um texto, é um hábito fundamental na formação de seres pensantes. Está entre os quatro fatores comuns aos melhores alunos, segundo uma pesquisa feita pelo Ministério da Educação em 2007 (os outros são fazer lição de casa, ter atividades extracurriculares e pais engajados).

O terceiro impulso, crucial, para a recuperação de Pedro foi a torcida dos pais. O incentivo e os elogios deles ajudaram a construir autoconfiança e gosto pelo esforço. “A gente vivia dizendo para ele: ‘Filho, olha o que você conseguiu!’”, diz Andréia. O elogio é capaz de transformar. Mas é preciso ter cuidado com ele. Há uma ciência em seu uso. Segundo pesquisas americanas, crianças que recebem congratulações por seu desempenho e seu talento tendem a ficar mais preguiçosas e menos criativas. Aparentemente, ficam com medo de arriscar, porque um fracasso destruiria a imagem que conquistaram. Crianças que recebem elogios
por seu trabalho duro, pelo esforço despendido para chegar àquele resultado têm reação inversa. Tornam-se mais persistentes, desenvolvem gosto pelo risco. E, quando fracassam, atribuem isso a um esforço insuficiente, não à incapacidade. Foi o que aconteceu com Pedro. “Mesmo com os sucessivos erros, nunca ouvi o Pedro se recusar a escrever um texto”, diz Beatriz Loureiro, a professora que acompanhou sua recuperação. Se os pais não sabem reconhecer as paixões naturais dos filhos, inibem o aprendizado, em vez de promovê-lo.

2. O PRAZER DE APRENDER - Guilherme Ortolan, de 9 anos, tem dificuldade de passar para a próxima fase. Não na escola. Essa ele tira de letra. O problema de Guilherme é que, quando joga um de seus games preferidos com o pai, esquece o objetivo. “Ele para o jogo para me dizer que a classificação de um dos bichos na tela está errada: aquele dinossauro não pode ser herbívoro e viver naquela parte da floresta se tem dentes tão pontiagudos, típicos dos carnívoros”, diz o pai, também Guilherme. A paixão do menino pelos dinossauros começou cedo. Ele nem era alfabetizado. Os pais souberam estimular seu interesse. Começaram comprando lagartos de brinquedo. Depois vieram os livros. E as pesquisas na internet. E os recortes de jornais e revistas (muitos deles presenteados pelos professores). A família inteira ficou envolvida pela mania, e Guilherme acabou virando “especialista”. Quando vai brincar com seus dinossauros, ele os organiza por período geológico. Ou por hábitos alimentares.

Esse processo mostra como uma paixão ajuda a estimular a criatividade, ensina a pesquisar por conta própria, tirar conclusões, fazer conexões. Se os pais e professores não sabem reconhecer e estimular as paixões naturais das crianças, se insistem para ela “largar de bobagens e se concentrar no que é sério”, inibem o aprendizado, em vez de promovê-lo. Com Guilherme, aconteceu o contrário. “O repertório dele é superior ao dos colegas”, diz Maria Isabel Gaspar, coordenadora pedagógica da escola em que ele estuda, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. “Não são raras as vezes em que ele já tem informações sobre o que está sendo ensinado na sala de aula.” Esse tipo de aluno – capaz de fazer associações e reflexões mais sofisticadas – as melhores universidades do país procuram. Em seus vestibulares, elas evoluíram da cobrança de acúmulo de informações para a capacidade de solucionar problemas. O Enem, a prova unificada de seleção aplicada pelo Ministério da Educação, segue a mesma linha.
3. ORGULHO DO RESULTADO
Nem sempre o prazer de aprender vem da paixão por algo específico. Muitas vezes, trata-se do prazer de fazer bem feito, uma espécie de orgulho de ter realizado algo. Esse perfeccionismo move Gabriela Vergili, de 13 anos. Na primeira semana de aula, no mês passado, ela e a irmã mais nova, Geovana, chegaram em casa, em São Paulo, com a mesma tarefa (embora estejam em séries diferentes, ambas têm um professor em comum). Elas tinham de descobrir em que data cairia o Carnaval deste ano. Como sempre, as duas sentaram no mesmo horário para fazer o dever (a regra, na casa de dona Mércia, sua mãe, é fazer a lição logo depois do almoço). Geovana, eficiente, descobriu logo a data pedida: 16 de fevereiro. E foi brincar. Gabriela demorou mais. Pesquisou na internet, na enciclopédia Larousse, voltou para a internet. E escreveu um longo texto sobre Quaresma, Equinócio, fases da Lua e concílios religiosos. “A disciplina e a organização da Gabriela a ajudam a ‘aprender a aprender’ qualquer coisa”, afirma Luís Junqueira, professor dela no ano passado. “Por isso ela é tão versátil: tem texto redondo, sabe fazer um documentário em vídeo, vai bem na aula de artes e até na educação física.”

Essa disciplina é um ponto de honra para Mércia. Ela sempre foi rigorosa com os estudos das filhas. Além do horário da lição, à noite ela e o marido chegam do trabalho e tiram dúvidas das crianças. Quando a escola passa uma pesquisa, manda ler um livro, Mércia acompanha por telefone se as obrigações foram cumpridas. Essa rigidez – acompanhada do exemplo, senão o efeito pode ser o oposto – cria comprometimento com o estudo. “Quase sempre a criança vai buscar em casa como ela vai se relacionar com a vida acadêmica”, diz Débora Vaz, pedagoga e diretora de um colégio particular de São Paulo. Gabriela é concentrada para fazer seus deveres, cumpre o combinado com os professores, respeita o sinal da escola, devolve o livro da biblioteca dentro do prazo. Como mostra a pesquisa do MEC de 2007, o dever de casa é outro ponto em comum entre os bons alunos. Vários estudos comprovam que a lição de casa ajuda a assimilar conteúdos. Também é a forma mais fácil de verificar o aprendizado dos filhos. Por isso, os pais devem se envolver – mas não muito. A lição de casa tem de ser feita apenas pelo aluno. “É quando a criança está sozinha para lidar com todo o conhecimento que adquiriu em sala e vai decidir o que fazer com ele”, diz Harris Cooper, um acadêmico da Universidade Duke, Carolina do Norte, que há mais de 20 anos estuda a relação dos pais com a lição de casa.
4. RESISTÊNCIA A FRUSTRAÇÕES - Outra forma de a disciplina se manifestar é na resiliência. O termo designa a propriedade de um corpo de voltar à forma original depois de sofrer uma deformação. Por extensão, passou a ser usado por psicólogos como a capacidade de uma pessoa se recobrar de episódios ruins ou resistir a dificuldades. Em geral, a resiliência é alimentada pela determinação, uma característica encontrada em grande parte dos bons alunos. Um exemplo é Leandro Siqueira, de 16 anos. Ele acorda às 4h30. Pega um trem em Cosmos, Zona Oeste, a região mais pobre do Rio de Janeiro, rumo ao Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Fukow Fonseca (Cefet), uma das melhores escolas técnicas do país. Sai de casa sem tomar café – ou não chegaria a tempo à primeira aula, às 7 horas. Leandro faz a primeira refeição do dia às 12h30, no intervalo do período integral. Chega em casa às 20h30, janta e estuda até as 22 horas. Como seu quarto é pequeno, e a sala geralmente está ocupada, Leandro usa a varanda para ter a concentração de que precisa.

A maratona massacrante se justifica. Quando entrou na escola técnica, numa vaga que disputou com 50 candidatos, Leandro sentiu um baque. Ele sempre havia sido bom aluno, mas o desnível em relação à escola pública de onde vinha era grande demais. Pegar recuperação em três disciplinas não foi o pior. Pelas regras da escola, quem é reprovado duas vezes é expulso. Leandro teve medo de perder sua conquista. “Eu me cobrava muito e ficava pensando no dinheiro que meu pai gasta para eu estar aqui todo dia e almoçar”, afirma, logo depois do almoço num restaurante a quilo, onde gastou R$ 11. Suas notas se estabilizaram acima da média graças à severidade de seu plano de estudos, que inclui mais algumas horas de caderno aos domingos, assistido por uma tia professora de matemática. Os pais de Leandro, um instalador de gás desempregado e uma dona de casa, estudaram até a 8a série. Não conseguem ajudá-lo com os estudos. Mas não poderiam dar lição melhor que o sacrifício que fazem para lhe dar a oportunidade de um bom estudo.

Será possível incutir determinação em alguém? Em termos. A resiliência é, provavelmente, uma característica da personalidade. Mas os pais podem influenciar. Em geral, fazem isso para o lado errado. “Vemos muitos pais lenientes, enchendo seus filhos de facilidades”, afirma Maria Lúcia Sabatella, uma educadora especialista em crianças superdotadas. O resultado são crianças mimadas, com pouca resistência a frustrações. E uma tendência a
desistir ante as dificuldades. Por isso, em seu programa dedicado a localizar bons alunos na rede pública, os pais também recebem aulas. Eles aprendem a estimular seus filhos e, especialmente, a não boicotá-los. “Temos de ensiná-los a formar indivíduos autônomos, independentes”, diz Sabatella.

5. O GOSTO DA COMPETIÇÃO - Os trigêmeos Joeverton, Joemerson e Joebert de Oliveira Maia, de 12 anos, foram medalhistas na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) no ano passado. Joeverton foi medalha de ouro. Joemerson e Joebert ficaram com o bronze. Não é preciso dizer que eles são o orgulho do pai, José Jorge Maia, chefe da família de classe média baixa que vive na periferia de João Pessoa. Professor de matemática da rede pública da Paraíba, tudo o que José conseguiu até hoje foi com esforço: a casa onde mora e ter criado os três filhos só com seu salário, já que sua mulher, Selma, também professora, parou de trabalhar para cuidar dos bebês. “Sobrevivo com tudo o que aprendi na escola. É só isso que eu tenho e é isso que eu quero garantir para meus filhos”, diz.

Não é só discurso. José e Selma dão aos trigêmeos, todos os dias, três horas extras de aula, além da lição de casa. É como um treino de atletismo, com esforço repetitivo. José copia provas de olimpíadas de matemática antigas e dá como treino para os meninos. A vontade de vencer, atingir metas mais altas, destacar-se é um poderoso incentivo para os estudos. “Os melhores alunos não têm medo do desafio”, fiz Suely Druk, diretora da OBMEP. As aulas, no terraço da casa simples da família, não são apenas de matemática. Incluem ciências, português e história. Os meninos não se incomodam em suar a camisa. “Sempre foi assim aqui em casa”, diz Joemerson. O reforço ajuda a compensar as deficiências da escola municipal onde estão matriculados no 8o ano do ensino fundamental. “Queria que a escola puxasse mais. Estamos sem professor de história e de inglês”, diz Joebert. A postura de José faz com que os filhos não enxerguem a escola como um fardo, mas como solução. Os três querem se formar em engenharia da computação. Informática passou a ser a paixão dos meninos depois que Joemerson ganhou um computador num concurso de redação, há dois anos. De lá para cá, têm como passatempo navegar em redes de relacionamento, bate-papo e sites de jogos, como qualquer pré-adolescente. A diferença é que eles só fazem isso depois dos estudos.
6. PENSAMENTO SOLTO
Um caminho alternativo, quase oposto ao da persistência dos trigêmeos Joebert, Joemerson e Joeverton, é a aposta na criatividade. Trata-se de, em vez de perseguir notas, liberar a imaginação. Pode-se construir uma argumentação forte contra a ênfase do sistema de ensino nas notas. Quando uma pessoa (criança, jovem ou adulto) se concentra em demasia no grau que receberá por um trabalho, deixa de apreciar o valor intrínseco dele. Em boa medida, a importância dada à nota é subtraída da alegria de aprender. Por isso é tão revitalizante observar crianças como Larissa Silvestre, de 9 anos, descobrindo o mundo, formulando conceitos, brincando. “A Larissa sempre foi criativa”, afirma sua professora de artes, Maria Luisa de Godoy. “Se eu pedia para ela recortar uma árvore, numa aula sobre contornos, ela me vinha com um varal cheio de roupas. Se eu ensinava a fazer uma peteca de sucata, em cinco minutos a peteca virava outro brinquedo.”

Sua mãe, Arlete de Epifânia, estudou até a 4a série e é cozinheira há 13 anos em uma casa de um bairro nobre de São Paulo. No ano passado, entrou pela primeira vez em um museu, quando a escola de Larissa convidou os pais a acompanhar os filhos numa visita ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). “Nunca imaginei que existisse um lugar como aquele e que minha filha fosse capaz de fazer o que ela fez ali”, diz Arlete. De lá para cá, quando tem tempo livre, ela tenta fazer programas que envolvam algum tipo de atividade artística. Se não dá, ajuda a filha a costurar roupinhas para suas bonecas. Parecem atividades que têm pouco a ver com as disciplinas escolares. Não é assim. A sensibilidade de Larissa para as artes faz dela uma criança observadora – o que a favorece na hora de resolver um problema de matemática ou associar fatos históricos. Segundo Maria Lúcia Sabatella, especialista em crianças superdotadas, gente criativa é extremamente concentrada. “Os grandes inventores, os maiores estrategistas, nos negócios ou na guerra, não fazem a sequência lógica de raciocínio”, diz. “Eles são criativos. Seu caminho para chegar à resposta pode até ser mais longo. Mas é singular.”

Esse argumento é contrário à má imagem dos alunos que ficam “rabiscando o papel” em vez de estudar a sério para a prova. “A produção artística exige do aluno um esforço que pode ser maior do que nas outras disciplinas”, afirma Paulo Portella, coordenador do Serviço Educativo do Masp. “A criatividade das artes exige construção de conhecimento – e não a simples repetição deles.” Uma criança com pendor para as artes pode ter um caminho de sucesso até maior que o de um aluno “certinho”, em áreas menos convencionais. Ou pode levar vantagem no próprio campo do estudo. Larissa, por exemplo, diz que não quer ser artista quando 
crescer. Ela quer ser veterinária. 7. A INSPIRAÇÃO DE ALGUÉM - Todo mundo tem alguém que admira. Pode ser a mãe, um professor, uma personagem histórica. Essa figura nos faz almejar ser melhor. Isso também é verdade nos estudos. Quase todo bom aluno tem um professor inspirador, um parente que quer imitar, um bom exemplo. Felipe Brum, de 10 anos, morador de Brasília, tem dois: seu avô materno, Ribamar Ferreira, e Bruno, seu irmão mais velho. Ribamar é engenheiro e serve de inspiração para Felipe desde que, numa visita à construção de uma pousada da família na Bahia, mostrou-lhe que a matemática serve para construir coisas. “Quero construir robôs para ajudar a salvar a humanidade do desmatamento”, diz o menino. “Para fazer meu robô, sei que vou ter de estudar engenharia.” Bruno, seu irmão mais velho, também segue a carreira do avô. Passou no vestibular com 16 anos. “Eu também quero passar na UnB”, diz Felipe, sem saber direito o que significa a sigla, da Universidade de Brasília. Seu plano para conseguir a vaga já está em prática. Estuda duas horas todos os dias e tem como meta a nota mínima 8.

A rotina de estudos de Felipe foi organizada pela mãe, Isabella, para que o menino superasse suas dificuldades de aprendizado. Há dois anos, ele foi diagnosticado com transtorno de déficit de atenção (TDA). Isabella, que é médica, mudou seus horários para se dedicar aos estudos do filho. O irmão mais velho também ajuda. “Ele me estimula a aplicar os cálculos em tudo o que faço”, diz Felipe. “Nunca imaginei que para construir computadores a gente usava matemática.” Ter o avô e o irmão como heróis é a motivação de Felipe. “São muitos os casos em que ter um referencial, um exemplo a ser seguido, é determinante para a motivação do aprendizado”, afirma Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia. “Estimular isso é válido, mas com o cuidado de respeitar a individualidade da criança.” Porque pode acontecer o contrário: a criança se sentir intimidada pela figura de sucesso e se frustrar ao não conseguir ser como ela. Não parece ser o caso de Felipe. No ano passado, ele tirou 9,6 em matemática, disciplina em que tinha ficado em recuperação no ano anterior. “Agora só quero boas notas, sei que isso ajuda a passar rápido no vestibular, como foi com o Bruno.”

8. PLANOS DE MUDAR O MUNDO - Para que serve a escola? Em parte, ela é a instituição conformista por natureza. É lá que aprendemos os meios e modos do mundo, as tradições de nossa cultura, o que devemos fazer para ter sucesso, de acordo com as expectativas da sociedade. Mas ela é, também, o lugar do exercício das possibilidades. É nela que aprendemos a pensar por conta própria. Uma 
boa educação inclui a capacidade de questionar, experimentar, criar. Um traço comum entre maus alunos é que seus interesses estão fora da escola. Mas esse é também um traço comum entre os bons alunos. A única diferença é que os maus alunos perseguem seus interesses em detrimento do estudo. Os bons mesclam suas atividades ao estudo. Com isso, ganham capacidade crítica, vivência, experiência.

No ano passado, Marcelo Monteiro, de 16 anos, dedicou boa parte de seu tempo livre a um projeto especial: recuperar a imagem do grêmio estudantil do colégio onde cursa o 3o ano do ensino médio, em Porto Alegre. Sua função como primeiro secretário era negociar com a diretoria atividades para os alunos e melhorias na escola, tarefa complicada dada a reputação do grêmio até então. As gestões anteriores deixaram a organização quebrada. Ao assumir, Marcelo e seus colegas de chapa encontraram a sede pichada, sofás depredados, computador quebrado. “Tivemos de reconquistar a confiança do diretor e dos coordenadores para emplacar nossos projetos”, diz ele. Para reformar a sede, arrecadou dinheiro com os alunos (cobrando pelo serviço de fazer carteirinhas de estudantes) e pais de alunos (enviou cerca de 1.500 boletos opcionais no valor de R$ 20 para o endereço residencial dos colegas. Mais da metade dos pais depositou o dinheiro). Também organizou uma campanha para mobilizar o colégio a participar de uma espécie de gincana. O prêmio, dado para a escola com o maior número de inscritos, era um computador. Levou. No final do ano, já com a sede reformada e o prestígio do grêmio recuperado, Marcelo conseguiu autorização da diretoria para fazer um festival de música. Cada convidado levou 1 quilo de alimento, doado para entidades carentes. “Não sei quanto deu no final, mas lotamos a Kombi que a escola nos emprestou para fazer a entrega.”

Mesmo tão ocupado com articulações estudantis e organização de eventos, Marcelo está no topo das notas de sua turma. Vai tentar o vestibular para Direito. “Ele não tem medo de se meter em encrencas”, diz um de seus professores, Ivanor Reginatto, no colégio há 25 anos. “Nem todo bom aluno questiona tanto quanto Marcelo, mas essa sua capacidade o coloca entre os melhores.” De certa forma, Marcelo segue os passos de seus pais, Marisa e Rui. Ambos participaram de grêmios estudantis no colégio e na faculdade. Durante cinco anos, presidiram a Associação de Pais e Mestres onde Marcelo estuda. “Tentamos passar a ideia de que se engajar em atividades fora da sala de aula daria a ele a base que vai definir seu futuro profissional e pessoal”, diz a mãe. “Eles me ensinaram a priorizar o diálogo, a discutir questões que acho importantes”, diz Marcelo. É para isso que serve a educação. Para atuar no mundo.

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Editoriais, artigos e opiniões

> Folha de São Paulo, 12/03/2010 - São Paulo SP
Apagão do Enem
Editorial
DEPOIS da série de problemas que quase inviabilizaram o Exame Nacional do Ensino Médio do ano passado, seria razoável que o Ministério da Educação agora se esforçasse para recuperar a combalida credibilidade do novo modelo de seleção para cursos universitários. O governo, no entanto, preferiu jogar a toalha. O ministro Fernando Haddad veio a público, anteontem, anunciar o cancelamento da prova do Enem prevista para ser realizada em meados deste ano. Alegou não dispor de tempo para organizar o exame com condições adequadas de segurança.

Instituições de ensino superior que confiaram nas promessas do
governo terão que elaborar um vestibular próprio em tempo recorde. Ou utilizar as notas do Enem passado, o que na prática significa matricular estudantes que não haviam conseguido classificação satisfatória. O furto da prova de 2009, depois de impressa, provocou o adiamento do exame. Algumas universidades de ponta, que confeririam mais legitimidade ao novo modelo, como USP e Unicamp, desistiram de usar o Enem como parte de seu processo de seleção. Um duro revés.
O antigo exame de avaliação de alunos e escolas do ensino médio foi reformulado, em 2009, para tentar conferir maior qualidade e eficiência ao processo de seleção
para o ensino superior no país. A prova deveria assumir gradualmente o papel de exame unificado de acesso às universidades, substituindo a atual miríade de vestibulares. Para que este objetivo razoável fosse alcançado, era imperativo que o novo método conquistasse a adesão do maior número possível de instituições. O que tem acontecido é o inverso. Com o cancelamento de ontem, já se sabe que pelo menos duas grandes universidades mineiras decidiram desembarcar do projeto. As falhas de gestão do Ministério da Educação ameaçam enterrar, mal havia sido concebida, uma boa política pública.

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> Gazeta de Alagoas, 12/03/2010 - Maceió AL
Quadro da educação
Editorial
Na edição de ontem, com chamada ilustrada na primeira página, publicamos mais uma matéria suficientemente detalhada sobre um dos mais graves e antigos problemas do País. Especialmente do nosso Estado. Referimo-nos às péssimas condições das estruturas e dos equipamentos de considerável quantidades de unidades de ensino na capital e em outras localidades do Estado. Nos últimos anos, passaram a ser frequentes até protestos em vias públicas, promovidos por pais de alunos, pelos próprios estudantes e lideranças comunitárias, contra a demora das providências dos chamados órgãos competentes para esta realidade lastimável em todos os aspectos. Principalmente por sermos um dos Estados que estão na relação dos detentores dos piores indicadores no que diz respeito à educação.

As alterações para melhor do quadro que Alagoas vem expondo no tocante ao ensino, sobretudo à expressiva parcela das crianças e adolescentes, devem ser providenciadas em tempo de contribuirmos para o bom êxito dos esforços das pessoas que ainda se preocupam para evitar o pior. Se não existissem casos como esses, o Brasil não chegaria neste século 
na 76ª posição no relatório Educação para Todos em 2015: alcançaremos a meta?”, da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) atrás, por exemplo, da Bolívia, do Paraguai e do Equador. Nem outros dados, como os da mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnda) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrariam que, só no grupo dos 15 aos 17 anos, apenas 47% das pessoas do sexo masculino cursam a série indicada para a sua idade. E em relação aos índices de escolaridade, na faixa etária dos 15 aos 19 anos, 41% dos homens com menos de oito anos de estudo.

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> O Povo, 12/03/2010 - Fortaleza CE
Raça e educação
Marcos José Diniz Silva
No intuito de corrigir a grave a histórica exclusão social dos afrodescendentes, o governo federal vem implementando uma política de cotas nas universidades públicas para todos aqueles se consideram negros. Antes de tomar uma posição a favor ou contra, convém refletir. As políticas de inclusão de deficientes físicos, índios, mulheres, idosos e afrodescendentes, dos últimos governos da república brasileira, têm sua importância, embora também devam ser considerados seus limites para que não afetem os direitos comuns a todos os brasileiros.

O caso das cotas de vagas nas universidades, exclusivamente para negros ou os assim declarados, é no mínimo preocupante. Ressuscitar o -espetáculo das
raças-, muito ao gosto do século XIX, quando os desenvolvimentos da genética e das ciências sociais já sepultaram o paradigma racial, é um retrocesso. Muito embora se argumente que é necessário quitar os débitos da era escravista, realizar a segunda fase do abolicionismo, como apontara Joaquim Nabuco; não considero sensato nem producente o expediente da explicitação racial como elemento instituidor e legitimador de direitos sociais. Soluções afirmativas racialistas, paliativas e ideologizadas, somente incitarão o divisionismo e o preconceito.

A população brasileira de negros libertos, mestiços de todas as colorações e brancos pobres não fora de fato contemplada com a 
escola pública desde a nossa Independência. Escola esta que constituíra o principal fundamento do desenvolvimento e da democratização das nações. No Brasil, tanto o Estado imperial quando o republicano e suas elites negaram aos pobres de todas as cores, o acesso à educação de qualidade e universalizada. Nesse ponto, todos foram secularmente vítimas e excluídos. Caberia, portanto, cotas nas universidades públicas para alunos egressos da escola pública. Devendo esta ser transformada rápida e radicalmente em instituição capaz de solver as abismais desigualdades entre os brasileiros. Bastando, talvez, para isso, que os políticos de os níveis, do Executivo e do Legislativo, fossem obrigados a matricular seus filhos na referida escola.

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