escola, cluetrain, mercados, ...........

0 visualização
Pular para a primeira mensagem não lida

Suzana Gutierrez

não lida,
16 de set. de 2008, 18:01:1816/09/2008
para edublo...@googlegroups.com
Pessoal

Desculpem não estar participando como gostaria, mas a produtividade que
a educação nos cobra está me impedindo de aprender mais com vocês.
Consegui ler as mensagens e estou gostando bastante do debate, no qual
taquigraficamente tentarei pontuar algumas coisas. :)) Pelo menos acabei
de assistir a ressurreição do HD :)))

1 - O Cluetrain sempre me pareceu uma coisa muito próxima do sistema :)
Uma vez, faz tempo, escrevi um texto sobre as coisas que vão até um
certo ponto mas morrem na praia. (e sobre as margens, os limites e as
rupturas)

começa aqui
http://www.gutierrez.pro.br/onde/2003/10/reflexos-que-floresce-o-paradigma-da.html
e continua aqui
http://www.gutierrez.pro.br/onde/2003/10/navegar-o-barco-para-nos-levar-para-o.html

Não estou certa se, qdo fala em "mercado", o Cluetrain está querendo
falar do que usualmente se chama Mercado (grafado assim com maiúsculas
porque quase sempre tem o status de pessoa, pois o Mercado
determina\exige, o Mercado se angustia, o Mercado, se anima, ....).
Porque o Mercado não tem nada de conversação, ele tem é um discurso bem
fechadinho que é o discurso do capital.
É por não sair do sistema do capital que penso que o Cluetrain vai só
"até ali".

2 - É por aí que temos de ter visão crítica em relação a supostos novos
paradigmas da web, como a web 2.0 (uma revolução do mundo dos negócios,
como quer O'Relly, que cunhou o termo). Na web do usuário autor, a
produção do usuário pode ser apropriada pelos donos das plataformas e
dos aplicativos que a põe em rede (olhem os termos de uso de certos
sites; olhem toda esta função em torno dos 'objetos de aprendizagem').
(Trabalho morto, diria Marx. Conhecimento tácito cristalizado na
máquina, na era industrial)

3 - A Escola.... A educação vive em torno de uma anomalia chamada
vestibular. Mesmo a educação daqueles que nem vão fazer vestibular.
Assim, com tanto conteúdo a ser depositado nos pobres educandos, fica
difícil aprender. E fazer qualquer tipo de mudança dentro das escoilas.

4 - O uso da tecnologia (TICs), de um modo geral traz mais trabalho para
o professor neste contexto. Vou dar um exemplo: fizemos um trabalho
interdisciplinar usando blogs, onde cada professor orientava alguns
grupos (5 turmas x 6 grupos em cada). Nenhuma virgulinha do conteúdo das
diversas disciplinas deu espaço para que este trabalho ocupasse mais que
alguns minutos da sala de aula. Alunos pesquisando e postando em blogs,
professores lendo blogs e comentando, repondendo emails.... Diz uma
professora: agora eu tenho de ler tudo e dar parecer escrito
(comentários). Pior, em casa!
É por estas que os professores por vezes reagem muito mal à menção de
TICs na educação.

5 - A ruptura, e eu penso que é necessária em tantas frentes, passa por
reconhecer que o trabalho continua explorado, que a tecnologia não é
neutra nem si mesma, qto mais nos usos que a sociedade das mercadorias
propõe.

....

Só para animar a conversa :)))

abraços!

Su

Lilian Starobinas

não lida,
16 de set. de 2008, 18:47:1616/09/2008
para edublo...@googlegroups.com
Para acrescentar um pouco de pimenta, conto que estive (estivemos, né, Bee?) no Seminário Cidadania Digital: Desafios Globais em Comunicação, Política e Tecnologia, aqui em São Paulo, na semana passada.
Havia um professor da Universidade de Extremadura que repetiu algumas vezes que acredita que a mais valia sobre o trabalho tem se acentuado com a expansão da Rede, e a reconhece como mais perversa, pois ela não aliena só o trabalho em si, mas também o desejo.
Por outro lado, a conversa era sombria em torno das perspectivas de absolutização do tal Cloud Computing, uma tendência cada vez mais clara de "terceirização" da guarda dos dados, o que é sinônimo direto de poder.
Acho que vale à pena olhar mais os textos desse cara (é o prof. Andoni Alonso, filósofo), que tem um conceito curioso, a tal da hiperpolítica.
http://www.quintacolumna.org/home.html
abços
Lilian



2008/9/16 Suzana Gutierrez <ssg...@gmail.com>

hernani dimantas

não lida,
16 de set. de 2008, 20:18:1016/09/2008
para edublo...@googlegroups.com
su,

não estou sumido... continuo fazendo muitas coisas.... hehehehe estou
aki weblab.tk

pois,

mercado = bazar

cluetrain => web 2.0 (o'reilly soh nomeou)


bjks


2008/9/16 Lilian Starobinas <lstar...@gmail.com>:
--
Hernani Dimantas
WebLab.tk | Escola do Futuro - USP
3091 6366 | 3091 9107
http://weblab.tk
http://comunix.org
http://www.marketinghacker.com.br
http://del.icio.us/hdhd
http://lattes.cnpq.br/8744701505902266

Barbara Dieu

não lida,
16 de set. de 2008, 21:14:1816/09/2008
para edublo...@googlegroups.com
Oi Lilian,
Não sei direito o que é golem...vc me explica? Qual a simbologia e o
que implica?
Aqui vai um artigo interessante do Mark Pesce
http://www.edge.org/3rd_culture/pesce08/pesce08_index.html
Um abc
Bee

--
Barbara Dieu
http://dekita.org
http://beespace.net

Lilian Starobinas

não lida,
16 de set. de 2008, 22:13:1016/09/2008
para edublo...@googlegroups.com
Bee,
Veja esse link, é uma abordagem clara do Voltaire de Souza.
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/golem.htm
O Golem tem a ver com a capacidade de criar, pois o mito medieval do homem tentando recriar a vida leva à figura folclórica do "monstro de barro", que termina por sair do controle dos próprios criadores.
Lembra um pouco a figura do Frankenstein, que associa o desejo humano de brincar de Deus, mas sua dificuldade em dar conta das consequências de suas ousadias criativas.
Quanto ao cybergolem, preciso ir lá e ler direito, tenho curiosidade em saber como remixaram.
abços
Lilian

2008/9/16 Barbara Dieu <beeo...@gmail.com>

Lilian Starobinas

não lida,
16 de set. de 2008, 22:59:3416/09/2008
para edublo...@googlegroups.com
Sú  e todos,
lembrei de um trecho que gosto de um artigo do Guillermo Orozco sobre as limitações do mercado nas transformações da educação, mas era meio longo, então bloguei.
http://discursocitado.blogspot.com/2008/09/o-mercado-e-inovao-tecnolgica-na-educao.html
 Aliás, gosto do artigo do Orozco como um todo.
abços
Lilian

2008/9/16 Suzana Gutierrez <ssg...@gmail.com>

Barbara Dieu

não lida,
17 de set. de 2008, 07:46:1517/09/2008
para edublo...@googlegroups.com
Obrigada Lilian pelo link para o golem e Orozco (que ainda vou
ler...estou enrolada com o poster do webcurriculo). Seguindo a
metáfora, imagino que o hypergolem deve ser então "a criatura
virtual/hyper" que criamos, que ajuda e protege por um tempo mas que
logo cria uma personalidade (ou melhor - as pessoas lhe dão) , incha e
se torna incontrolável. O final na literatura é sempre trágico já que
o criador deve eliminá-lo.

hernani dimantas

não lida,
17 de set. de 2008, 08:01:4817/09/2008
para edublo...@googlegroups.com
estou terminando o remix de um txt. acho q tem a ver. está em rascunho ainda

Das Múltiplas Interfaces ao Monstro Cibernético

somos nossa memória, somos este museu quimérico de formas inconstantes,
este monte de espelhos partidos
Jorge Luís Borges

Pois, o que é interface? Para que serve a interface? Será que tem a
ver com computadores? Tem sim, ou não?. A interface é um tipo de
tradutor que aproxima a linguagem do homem com a máquina. Olhamos
para a telinha e já sabemos o que ela nos tem para dizer. Um ícone
sedutor fazendo caras e bocas para nossos olhos repletos de
informação. Ou, uma chamada para a ação. Ou para a interação.

Mas, interface é mais do que isso. São multiplas interfaces que
acessamos a cada viagem. Seria banal não percebermos que novas
linguagens e novos meios de comunicação deixaria a vida passar em
brancas nuvens. Pelas multiplas interfaces exploramos os impactos
culturais e sociais nas nossas vidas.

Sim, transformação, impacto, ruptura e quebra-quebra digital. Estamos
vivendo um período de transformação. De rupturas paradigmáticas. Da
percepção que o objeto da tecnologia está relacionado com a cultura.
Podemos especular. O virtual abre as possibilidades, novas fronteiras.

Num processo de destruir e aglutinar, a tecnologia atende ao chamado
da história. Nasce o MonstroCibernético que expressa a ansiedade do
homem em ocupar o seu lugar no Olimpo. Uma busca pela vida. Uma vida
que tenta imitar as virtudes do seu criador. A máquina imita o homem
que imita deus. A grande memória. A informação que tende ao infinito e
ao além. O efeito Google.

Filosofia e tecnologia se juntam para desvendar o mistério do mundo. A
idéia passa pela descontextualização da memória e a construção de
próteses de memória. Mas o que são próteses de memória? Vamos abstrair
mais um pouco. Vamos pensar na inteligência coletiva, ou na
catalisação do conhecimento através da colaboração entre as pessoas.
Pensar na inteligência coletiva é se colocar para fora do ser. A
memória está no outro. Espinosa diz que os poderes 'transformam homens
racionais em animais ou em autômatos'. O MonstroCibernético pode,
então, numa lógica contrária voltar a ser racional. As próteses de
memórias se juntam aleatoriamente numa finitude retencional. 'La
technique n'aide pas la mémoire:. elle est la mémoire en tant que
finitude rétentionnelle' (Stiegler 1994:83). Se a memória pode
industrializar-se é porque é tecno-logicamente sintetizada, e esta
síntese é originária, na co-invenção do "quem" e do "que", na
constituição do suplemento requerido diante da limitação, do
esquecimento, da falta, que demanda um suporte, instrumento e meio de
conservação e condições de elaboração.

O MonstroCibernético é o crime quase perfeito. O homem busca, desde
sempre, a idéia do infinito. Esse infinito é o deus fora de cada um.
As próteses de memória brincam com essa dualidade, o ser e o deus, e
simula através da arte tecnológica este jogo da vida.

Assim, experimentamos a desconstrução dos tempos. Descontainerizamos
as caixas. Essa é a proposição do novo paradigma. Uma vida diferente,
onde o ser, o espaço, o tempo e o conhecimento rompem os limites.
Estouram os containers da virtualidade. E voltam ao real para
reconstruir o mundo.

O MonstroCibernético. As próteses de memória catalisam o processo
mnemônico. O virtual, então, se corporifica numa estrutura de ferro,
madeira, cores e computadores.

Esta (re)aproximação da tecnologia com a cultura se faz de maneira
muito tranquila. A emergência de uma nova cultura. As pessoas estão se
linkando. Criando o mundo virtualmente real.

Vivemos a cultura da mídia. Pop e supérflua. Não é possível conviver
nesse ambiente cultural sem analisar as tecnologias de informação e
comunicação que trafegam pelo entorno da sociedade. A tecnocultura
está carregada de simbologia e signos. É semântica.

Essa simbologia se amalgama com os destroços dessa civilização.
Reciclar é preciso. Porque é preciso viver. Mas não mais falamos em
reciclar corpos. Numa vida além do pós modernismo os corpos deixam a
centralidade. Importa mesmo é a relação. Isso já era dito pelos
estóicos. Esse conceito vem aflorando. Ocupando os espaços mentais.
Substituindo as velhas proposições. A ruptura está aí. E agora.

E quando falamos em relações estamos, na verdade, nos referindo aos
links. Ligações que vão além do ser. Mas como pensar numa ligação com
um MonstroCibernético. Como a tecnologia pode conversar com a arte. E
vice versa. Estamos pensando no fluxo de informação. Uma simbologia
comunicativa. Uma voz que seja compreendida. Enfim, buscamos uma
espécie de tradutor. Reencontramos as interfaces. E fechamos o ciclo
inconstante.


STIEGLER, Bernard (1994), La technique et le temps. La faute
d'Épiméthée. Paris, Galilée.


2008/9/17 Barbara Dieu <beeo...@gmail.com>:

Suzana Gutierrez

não lida,
17 de set. de 2008, 13:12:3017/09/2008
para edublo...@googlegroups.com
Pois é , guri. Andava achando falta de ti nas listas.

Acho forçado traduzir bazar para mercado. Penso que a palavra mais adequada seria feira. Porém, mesmo assim, as relações de produção não fogem muito da lógica do capital.

web2.0 é um termo 'hype'. Uma marca para os novos negócios da rede. O'Reilly fala assim mesmo >> negócios. A gente que fica achando que é o "poder do usuário" quando este poder muitas vezes se restringe a trabalhar de graça :)

Na realidade a web sempre foi colaborativa e as tecnologias que dão suporte aos aplicativos chamados web 2.0 são da web 1.0 :)

Por traz destas controvérsias terminológicas fica um tanto oculta a ideologia (no sentido de falsa realidade) da coisa toda.

Agora, o quanto será tb 'buzz word' o conectivismo? Pra pensar :)

Su





hernani dimantas escreveu:

hernani dimantas

não lida,
17 de set. de 2008, 13:58:1017/09/2008
para edublo...@googlegroups.com
pois eh, su... estou em tantos lugares q não dou mais conta das listas.

Feira é um termo legal. Bazar, no entanto, tem mais a ver com a
dialética da catedral e do bazar. Está mais para um modo de produção
colaborativo do q para um espaço informacional.
Não gosto do termo web 2.0... pq parece um repeteco do original. Web é
web... desde 1991... hehehe No entanto, a metafora nos remete a pensar
na interatividade e na colaboração como modelo de convivencia na web
ou estar em linkania. atualmente, meu foco está na emergencia das
multidões... como referencia uso gabriel tarde, bruno latour, canetti
e negri & hardt
sobre conectivismo... o q vc pensa?

bjs
hdhd



2008/9/17 Suzana Gutierrez <ssg...@gmail.com>:

Barbara Dieu

não lida,
17 de set. de 2008, 14:05:5817/09/2008
para edublo...@googlegroups.com
Oi HD...Aqui vai uma foto para ilustrar o

"somos nossa memória, somos este museu quimérico de formas inconstantes,
este monte de espelhos partidos"

de Jorge Luís Borges

http://www.flickr.com/photos/bee/2828739875/

hernani dimantas

não lida,
17 de set. de 2008, 14:07:5617/09/2008
para edublo...@googlegroups.com
ehehheheheh ficou legal, dieu

Suzana Gutierrez

não lida,
17 de set. de 2008, 14:48:0117/09/2008
para edublo...@googlegroups.com
Na realidade eu ainda estou pensando :) Não deu para aprofundar a compreensão sobre a proposta de uma 'nova' concepção de aprendizagem.  Se formos pensar nas características do cognitivismo\ construtivismos \ conexionismo \ e outros ismos, veremos que as fronteiras não são tão demarcadas e fica difícil não sobrepor (ou misturar) o que está sendo posto para o conectivismo neste contexto.

Talvez eu veja as coisas provisoriamente assim por ainda não ter aprofundado o tema.


bazar é uma feira oriental neh :) Mas, por aqui, um bazar é um estabelecimento comercial. O que se assemelha mais ao bazar oriental são as feiras e, um pouco menos, os mercados públicos.

Tb acho que web é web, até porque as coisas vão mudando e nem por isso se troca o nome :)

hernani dimantas escreveu:

Carla arena

não lida,
17 de set. de 2008, 15:02:2717/09/2008
para edublo...@googlegroups.com
Amei a foto, Bee! Encaixa-se perfeitamente às palavras de borges!

E vc. tem tido tempo para explorar ainda mais Sampa?

Beijos.
--
Carla
http://explorations.bloxi.jp
http://brazilnaskeywest.wordpress.com
Responder a todos
Responder ao autor
Encaminhar
0 nova mensagem