O Rei Índio e o Ouro Negro...

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Daniel Duende Carvalho

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May 3, 2006, 2:59:04 PM5/3/06
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Três matérias interessantes sobre as relações entre os estados sul-americanos depois da nacionalização do petróleo boliviano...



http://www.estadao.com.br/ultimas/economia/noticias/2006/mai/03/147.htm

Lula não vê crise entre Brasil e Bolívia

O presidente ressaltou que reconhecer direitos do "povo sofrido boliviano" não significa negar direitos das empresas brasileiras

Leonencio Nossa e Lisandra Paraguassu


Ed Ferreira/AE
"Não vamos descobrir arma qualquer na Bolívia
 para justificar uma guerra", afirmou

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou nesta quarta-feira que haja uma crise entre o Brasil e Bolívia, depois na nacionalização do gás natural e do petróleo decretada pelo governo boliviano. Em discurso de 34 minutos na abertura da XVI Reunião Regional Americana, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o presidente ressaltou que reconhecer direitos do "povo sofrido boliviano" não significa negar direitos das empresas brasileiras. "Não existe crise, mas um ajuste necessário de um povo sofrido que tem direito de reivindicar maior poder sobre sua maior riqueza", afirmou.

O presidente fez referências à guerra travada pelos Estados Unidos no Iraque, a pretexto do uso de armas potentes pelo regime de Saddam Hussein. "Não vamos descobrir arma qualquer na Bolívia para justificar uma guerra", afirmou, sob aplausos de delegados de países das Américas. "O que não pode é uma nação impor sua soberania a outra", acrescentou.

No discurso de improviso, Lula se exaltou ao falar da relação "tranqüila" com a Argentina, lembrando que em outros tempos o país vizinho chegou a pensar em jogar "uma bomba atômica no Brasil", com medo de que a obra da usina hidrelétrica de Itaipu estivesse sendo construída por militares brasileiros para inundar Buenos Aires.

"A relação (entre Brasil e Argentina) não é política de empresários, de diplomatas e sindicatos. É política de Estado", ressaltou. "É com esse jogo de cintura que vamos consolidar o processo democrático na América Latina". Lula disse esperar que no encontro desta quinta-feira com os presidentes da Bolívia, Evo Morales, da Argentina, Néstor Kirchner e da Venezuela, Hugo Chávez, em Puerto Iguazu, "todos nós vamos nos acertar".

Imperialismo

O presidente disse que a sua política de governo não prega o imperialismo brasileiro na América do Sul, que teria ocorrido no passado e que muitas vezes as divergências que aparecem ocorrem porque nações da região estão vivendo novos estágios nas suas relações internas e externas. "Até as disputas políticas que nós temos ocorrem porque a América Latina é um continente politicamente em formação".

Ele reclamou que certas vezes presidentes sul-americanos gastam tempo para discutir problemas de 200 anos atrás. "Nós somos a geração de governantes que tem de pensar no século 22 e não no século 19 ou 18".

Lula disse também que a disputa entre Uruguai e Argentina, por causa da instalação de indústria de celulose em território uruguaio, o incomoda. Mas, segundo o presidente, a chamada "crise da papeleira" deve ser solucionada pelos dois países vizinhos. Recentemente o presidente uruguaio, Tabaré Vasquez, declarou que pediria a intermediação do presidente brasileiro nessa questão. Na opinião de Lula, o povo latino-americano não pode perder a esperança de consolidar a democracia na região e parte dos problemas dos países na área ocorre por "mediocridades locais". Ele ressaltou que apesar da aproximação dos países da América Latina, a relação de países como Estados Unidos, China, Índia e Europa "é extraordinária".

Pontos positivos

O presidente ressaltou ainda pontos positivos do seu governo, na área econômica e do trabalho. Ele rebateu críticas da oposição e disse que em 39 meses de governo a média de aumento de emprego foi dez vezes superior à registrada nos oito anos do governo que o antecedeu.

Segundo Lula, a década de 80 no Brasil foi perdida e a de 90, do governo Fernando Henrique Cardoso, foi de estagnação. "Durante 10 anos não fizeram outra coisa senão desmontar o aparato dos estados, privatizando e não colocando nada no lugar". Ele voltou a dizer que não é possível um crescimento econômico por meio de mágica. "Procurei uma fada para convocá-la como ministra, mas não encontrei".

Dirigindo-se aos delegados latino-americanos, Lula disse que a solução para problemas do Brasil e da América Latina não depende do presidente ser de esquerda ou de direita, mas ter humanidade.


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e então...

http://www.estadao.com.br/ultimas/economia/noticias/2006/mai/03/62.htm

03 de maio de 2006 - 10:58

Argentina sediará discussões sobre decisão da Bolívia

A reunião seria realizada no Brasil. Não foi informado o motivo da mudança

Rosana de Cassia e Leonencio Nossa

BRASÍLIA - O encontro marcado para amanhã entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Evo Morales (Bolívia), Néstor Kirchner (Argentina) e Hugo Chávez (Venezuela), para discutir a nacionalização do petróleo e do gás boliviano, será realizada em território argentino. Ontem, havia sido informado que a reunião seria realizada em Foz do Iguaçu, no Paraná. Ainda não se sabe o local exato e nem o horário do encontro, porém, a Secretaria de Imprensa da Presidência da República afirmou que a cidade escolhida foi Puerto Iguazú. Não foi informado o motivo da mudança.

O presidente Lula espera garantir, neste encontro, uma boa negociação em relação ao preço do gás boliviano. O governo brasileiro trabalha para evitar aumento no preço final para o consumidor, segundo informaram fontes do Palácio do Planalto. Essas mesmas fontes avaliaram que o noticiário de hoje sobre a decisão do governo boliviano de nacionalizar os setores de gás e petróleo não deixa claro que o decreto assinado por Evo Morales não prevê a expropriação de bens da Petrobras.

Os assessores ressaltam que apesar de Morales ter feito o anúncio da nacionalização das jazidas de forma simbólica, na presença de militares do exército boliviano, numa refinaria da Petrobras, o decreto determina que a Yacimientos Petrolíferos Fiscales de Bolívia (YPFB) terá 180 dias para fazer a compra de parte das ações das empresas que quiserem permanecer no País.

Soberania boliviana

Em nota divulgada ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já antecipou que reconhece a soberania do governo boliviano na decisão de nacionalizar as reservas e controlar o setor de petróleo e gás natural no país. Contudo, o governo brasileiro continuará negociando com a Bolívia para preservar os interesses da Petrobras, a maior multinacional em atuação no país vizinho.

Em conversa por telefone com o presidente boliviano, Evo Morales, no fim da tarde de ontem, Lula obteve a garantia da continuidade do fornecimento, ao Brasil, do gás natural usado em termelétricas, indústrias, residências abastecidas por gás canalizado e carros movidos a Gás Natural Veicular (GNV).

De acordo com esse auxiliar, no telefonema, dado por iniciativa de Lula, Evo mostrou-se "amistoso" e "cordial". "Ele demonstrou querer que as coisas com o Brasil fiquem bem", relatou a fonte. Antes de conversar com Evo, Lula falou com o Kirchner e com Hugo Chávez, nessa ordem. Dessas conversas nasceu a decisão do encontro.

Argentina

Um assunto que entraria na pauta de discussões entre os presidentes, conforme avaliação de uma fonte oficial do governo argentino, seria a garantia para o fornecimento um preço acessível do gás boliviano.

Segundo a fonte, a Bolívia quer aumentar o preço do gás vendido à Argentina dos atuais US$ 3,18 o milhão de BTU (unidade térmica para o comércio internacional) para US$ 5,30. De acordo com a demanda argentina, o consumo interno de gás boliviano varia de entre 3% a 4,5% do total, em torno de cinco milhões de metros cúbicos de gás por dia. Enquanto o Brasil importa cerca de 24,3 milhões de metros cúbicos diários, o contrato entre a Argentina e a Bolívia permite que o primeiro compre diariamente até 7,7 milhões de metros cúbicos.

No entanto, o ministro de Planejamento, Julio De Vido, estava negociando com Evo Morales a elevação desse volume para 20 milhões de metros cúbicos diários em contrato que duraria 20 anos. A ampliação do volume deve-se às projeções de aumento da demanda para os próximos anos. Para tanto, o governo chegou a realizar uma licitação, em 2004, cujo vencedor foi o grupo Techint, para a construção do gasoduto do Nordeste, um projeto de US$ 1,5 bilhão.

Há duas semanas, De Vido tinha acertado com o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Andrés Soliz Rada, a criação de uma comissão binacional que deveria definir as regras para o novo contrato, antes de 15 de maio, data previamente marcada para as negociações. A fonte informou que esse prazo não poderá ser cumprido e que as negociações foram postergadas até que o governo boliviano negocie com as empresas.


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e por fim...



http://www.estadao.com.br/ultimas/economia/noticias/2006/mai/03/39.htm

03 de maio de 2006 - 09:30

Para diretor da Petrobras, Bolívia manterá preço do gás

Ele acredita que os contratos que regulam a política de preços a serem praticados, continuem em vigor

SÃO PAULO - Diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, acredita que os preços do gás boliviano não devem ter reajuste, já que há contratos em vigor que regulam a política de preços a serem praticados.

Segundo ele a Petrobras e outras sete companhias produzem gás na Bolívia que é vendido à estatal boliviana, que, por sua vez, revende o produto. Como o governo do país mudou a relação econômica entre os produtores e a estatal, que passou a ter uma fatia maior na receita do gás natural produzido lá, o que prejudica as companhias estrangeiras.

Sauer diz acreditar na ordem jurídica que faria o governo boliviano respeitar os direitos da Petrobras e das outras companhias que atuam naquele país.





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Resumindo... tá tudo bem, e desta vez a lógica do lucro não vai passar por cima do senso de grupo e da integração entre o pessoal da sulamérica...
Parabéns pra todo mundo, e um sonoro "vai tomar no cú" para quem está chiando com o movimento do Evo. (a foto do presidente na primeira matéria diz tudo)
--
Daniel Duende Carvalho
Blog - http://newalriadaexpress.blogspot.com
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Antonio Carlos Bicarato

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May 3, 2006, 3:13:10 PM5/3/06
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Duende,

Sem querer ser do contra mas sendo, me parece totalmente fora de contexto a atitude do Evo. Não estamos mais em 1950. Além do mais, a história toda é muito além da "lógica do lucro". No limite da análise, o Evo se apropriou do dinheiro de contribuintes brasileiros via Petrobrás, que é uma estatal.

Acho que existem muitas outras formas de se fazer cumprir a soberania boliviana afim de tentar tornar o país um pouco melhor. Mas do jeito que a coisa está sendo feita, à la Chavez, que é retórico na sua briga com os EUA (ele só faz o que faz pq vende petróleo com o preço nas alturas para os EUA), só traz prejuízos pra Bolívia.

My two cents.

[]´s
cacá

Daniel Duende Carvalho

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May 3, 2006, 3:25:40 PM5/3/06
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On 5/3/06, Antonio Carlos Bicarato <antonio....@gmail.com> wrote:
Duende,

Sem querer ser do contra mas sendo,

ahhh.... você pode.
você eu deixo, cacá :)
hehehehe
 

me parece totalmente fora de contexto a atitude do Evo.

eu até concordo que a atitude soa estranha nestes tempos, mas quando se observa o contexto (de lá) onde ela ocorre, mas faz pensar em como queria que tivéssemos nós um presidente com mais pulso também...

Evo estava sofrendo pressões sérias de suas bases para cumprir as promessas de campanha. De uma forma de outra, a nacionalização das reservas de gás e petróleo Bolivianas eram parte daquilo que o povo boliviano esperava de Evo. Ao levar a cabo sua promessa (mesmo que, aos olhos de alguns ela pareça inaceitável) ele estava fazendo o que um governante deve fazer.... cumprir aquilo que prometeu e que é esperado dele. Por outro lado o Brasil tem uma atitude bastante soberada com seus poços de petróleo. Por que há a Bolívia de deixar que todos passem-lhe a mão na bunda e no petróleo?


Não estamos mais em 1950.

Com certeza não estamos. Em 1950 quem mandava por aqui era, indisputado, o Tio Sam... ou estarei eu enganado?


Além do mais, a história toda é muito além da "lógica do lucro". No limite da análise, o Evo se apropriou do dinheiro de contribuintes brasileiros via Petrobrás, que é uma estatal.

Eu não tenho como discordar que a decisão dele nos prejudica e muito, e é um fato que o Brasil saiu perdendo feio quando o Evo cumpriu suas promessas. Mas ele não fez nada que não tivesse dito aos quatro cantos que faria, e o modo de exploração dos recursos naturais bolivianos estava configurado por contratos que iam contra os interesses atuais do país. O que ele iria fazer? Ficar aprisionado a promessas de velhos demagogos que só foderam com seu povo e terra? Não, pelo contrário, ele fez aquilo que nos fez falta por aqui. Ele teve pulso de tomar uma atitude que era esperada dele, mesmo sendo esta atitude muito discutível pelos outros envolvidos.... nós.

Eu apóio o Evo.


Acho que existem muitas outras formas de se fazer cumprir a soberania boliviana afim de tentar tornar o país um pouco melhor.

Talvez haja. Não afirmaria que ele fez "a melhor coisa", mas eu defendo a idéia de que ele fez aquilo que devia fazer, frente às circustâncias que ele mesmo criou. Devemos lembrar que ele foi eleito falando que iria nacionalizar o petróleo. Fazer qualquer outra coisa agora seria trair o seu eleitor, algo que nós nos ressentimos um bocado quando fazem conosco.... repetidamente e sem vaselina.


Mas do jeito que a coisa está sendo feita, à la Chavez, que é retórico na sua briga com os EUA (ele só faz o que faz pq vende petróleo com o preço nas alturas para os EUA), só traz prejuízos pra Bolívia.

Vamos ver...


My two cents.

Aceitos e bem vindos. :)
 

[]´s
cacá

abraços do duende radical livre e verde :)

Paulo Bicarato

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May 3, 2006, 3:36:36 PM5/3/06
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Pípôul,

Esse cara é jornalista, brasileiro, mas mora, se não me engano, no Peru, mas está lá na Bolívia. Exatamente por estar *de fora*, ele está mais *por dentro* (gostei dessa :-) de toda a geopolítica, sem essa visão *passional* que estamos vendo por aqui.

É longo, mas vale a pena:
http://tordesilhas.net/?p=73

Bica

Daniel Duende Carvalho

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May 3, 2006, 3:47:05 PM5/3/06
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Antes de mais nada... que EXCELENTE TEXTO! Bica, este texto foi um presente, um regalo...a análise do cara sobre a situação é uma das melhores que já lí. E foi com alegria qeu eu percebi que nem eu sabia o quanto eu estava certo... :)

Ganhei o dia. :)

Paulo Bicarato

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May 3, 2006, 4:39:27 PM5/3/06
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Mestre Sérgio Rodrigues complementa:

===
Confisco

03.05.2006 | A língua é um dos campos mais importantes da luta política, ninguém duvida. As palavras mudam dependendo do lado em que está o falante – sempre foi assim. Quando o governo de um país toma posse unilateralmente, por meio da força, dos bens de uma empresa estrangeira que operava em seu território, como fez a Bolívia com as refinarias da Petrobras, gosta de dar a isso nomes doces como "nacionalização" ou, no máximo, "encampação". Já o lado prejudicado costuma destilar sua indignação em termos duros: "confisco", "expropriação".

O que está mais certo? Depende do ponto de vista. Não há uma verdade única nesse confronto vocabular, não há zona neutra – a luta política que se reflete na língua é assim mesmo. Estranho, talvez até um caso de "nunca na história da humanidade", é o representante maior do lado prejudicado – o governo brasileiro, no caso – assumir tolamente e por inteiro a escolha vocabular do adversário, abrindo mão de controlar não só os interesses econômicos de seus compatriotas, mas até sua linguagem.

Evo Morales pode ter confiscado mais coisas do que se imagina.
===

Daniel Duende Carvalho

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May 3, 2006, 4:59:35 PM5/3/06
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É... a questão tem mesmo dois lados, e eu confesso que estou despindo o patriotismo para defender a bandeira do bom senso e da coerência. Como minha lealdade é para com esta terra e não para com o Estado Brasileiro, então para mim fica tudo bem...

Não acho que tenha sido um confisco, contudo. Eu diria que foi uma "reclamação" daquilo que pertence antes, e por direito, ao povo daquele lugar... para qualquer uso que os aprouver... e depois a todos (e não a uns ou outros que "compraram" o direito de seu uso de vendedores vendidos).

abraços do duende radical sin perder la ternura. :)

On 5/3/06, Paulo Bicarato <paulo.b...@gmail.com > wrote:

Daniel Duende Carvalho

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May 3, 2006, 8:10:41 PM5/3/06
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E parece que a discussão anda quente lá no CMI (http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/05/352236.shtml)...

E fiz também um post sobre o assunto no Alriada Express, se não estiverem ainda muito cansados do papo...
http://newalriadaexpress.blogspot.com/2006_05_01_newalriadaexpress_archive.html#114668849391963690

E eu sei que sou um radical, mas um radical adorável... vai. :)
hehheeheehehhe

Eu ando tendo problemas com a razoabilidade. :)

Daniel Duende Carvalho

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May 3, 2006, 8:29:11 PM5/3/06
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E, só pra completar, uma editorial interessante do jornal boliviano La Jornada, publicado no CMI

http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/05/352368.shtml

EL PETROLEO DE BOLIVIA PARA LOS BOLIVIANOS
Por Editorial La Jornada 03/05/2006 às 22:23

Muchos otros gobernantes deberian defender a su país como lo hace Evo Morales

El petróleo para los bolivianos


Editorial de La Jornada


A 100 días de haber llegado al poder, el gobierno de Evo Morales adoptó ayer una medida magnífica: decretó que los hidrocarburos del subsuelo boliviano pasen al "control absoluto" del Estado, por medio de la empresa pública refundada Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB). La disposición establece un plazo de 180 días para que las empresas extranjeras suscriban nuevos contratos de trabajo y la confiscación de montos diversos de acciones de empresas mixtas para que corresponda a la nación más de 50 por ciento de la propiedad de ellas.
La disposición es, para empezar, el cumplimiento estricto de una de las promesas centrales de campaña del actual mandatario: la recuperación de los recursos naturales bolivianos, los cuales fueron convertidos en botín de empresas transnacionales en los periodos presidenciales de Gonzalo Sánchez de Lozada (1993-1997 y 2002-2003), disciplinado ejecutor del Consenso de Washington y del neoliberalismo más literal. Pero la nacionalización conocida ayer, en una fecha emblemática, es más que un compromiso entre el gobierno de Morales y la porción mayoritaria de la sociedad: constituye una condición imprescindible para sacar al país andino de su postración económica y orientarlo a un desarrollo que permita atender sus pavorosas desigualdades sociales, su miseria y su marginación. La medida es, también, un parteaguas histórico en la construcción de la soberanía boliviana.

Las dos transnacionales más afectadas por el decreto son la hispano-argentina Repsol YPF y la brasileña Petrobras. Es lógico que en círculos gubernamentales de Madrid y Brasilia se hayan vertido de inmediato expresiones de disgusto por la medida ­oficialmente llamada Decreto Supremo 28701 ''Héroes del Chaco''­; que el ministro brasileño de Minas y Energía, Silas Rondeau, la haya calificado de "gesto no amistoso", y que el Ministerio español del Exterior haya manifestado su "preocupación". Cabe esperar que tanto el gobierno de José Luis Rodríguez Zapatero como el de Luiz Inacio Lula da Silva actúen con espíritu comprensivo, entiendan que la nacionalización de los hidrocarburos es una necesidad impostergable de Bolivia y logren contener la hostilidad provocada por el decreto de Morales en los círculos financieros españoles y brasileños.

Es pertinente recordar que la lucha de los bolivianos por recuperar sus recursos del control extranjero no empezó ayer, ni cuando Evo llegó al Palacio Quemado de La Paz. Ya el 13 de marzo de 1937, en el gobierno de David Toro Ruilova, se nacionalizó la Standard Oil y se fundó YPFB. El control sobre el petróleo volvió a perderse en años posteriores, y el 17 de octubre de 1969, durante la gestión de Marcelo Quiroga Santa Cruz en el Ministerio de Minas y Petróleo, se nacionalizaron los bienes de la Bolivian Gulf Oil Company. Ayer, en suma, el gobierno de Evo Morales rindió un justo homenaje al pasado ­a la memoria de Quiroga Santa Cruz, asesinado por la reacción en 1980; a los mineros legendarios; a los caídos durante la llamada Guerra del Gas, en 2003, y a muchos otros­ y dio un paso trascendental para garantizar el futuro de los bolivianos.


On 5/3/06, Daniel Duende Carvalho <daniel....@gmail.com> wrote:
E parece que a discussão anda quente lá no CMI ( http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/05/352236.shtml)...

Daniel Duende Carvalho

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May 3, 2006, 8:33:22 PM5/3/06
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Pode postar só mais uma, pode?
Então tá... :)

http://www.correiodoestado.com.br/exibir.asp?chave=128537,1,3,03-05-2006

Físico brasileiro defende nacionalização

RadiobrÁs, Brasília

O físico José Walter Bautista Vidal disse que o Brasil precisa defender a nacionalização das refinarias de petróleo e gás na Bolívia, medida anunciada anteontem (1º) pelo presidente Evo Morales. "O Brasil tem que defender a todo custo esse princípio da soberania, porque é um país que tem tudo a perder. Se não respeitarmos esse princípio, os outros irão usar isso contra nós", afirmou.

Bautista Vidal, que coordenou a implementação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool) e hoje trabalha na implantação do biodiesel no País, afirmou que está sendo difundida uma idéia "errada", de que a Bolívia está agredindo o Brasil, uma vez que a Petrobras também foi afetada pela decisão. "Não é verdade. A Bolívia está resgatando um patrimônio estratégico fundamental", afirmou, em entrevista à Rádio Nacional.

Na opinião do físico brasileiro, Morales tomou uma decisão correta. "Ele está certo. O petróleo é um patrimônio do povo boliviano, assim como as reservas minerais do Brasil são um patrimônio do povo brasileiro".

Vidal citou como exemplo a mineradora brasileira Vale do Rio Doce, privatizada durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso. "Hoje, a Vale age de acordo com grupos internacionais e não de acordo com os interesses do Brasil. É um atentado contra a soberania das nações que grupos estrangeiros se apropriem desses recursos".

Sindicalista

O coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Hélio Sidel, apoiou o decreto do presidente boliviano, Evo Morales, de nacionalizar os negócios de petróleo e gás natural. "É legítimo, é uma posição sábia, nós também lutamos pela manutenção e proteção das nossas reservas", disse.

Na avaliação de Sidel, a decisão boliviana não é danosa para a Petrobras que, segundo o sindicalista, reduziu os investimentos naquele país desde que surgiram as discussões sobre a nacionalização.

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